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Vacinação pela força ou pela persuasão?

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O Jornal O Globo faz outro editorial com defesa veemente da vacinação compulsória, apelando inclusive à intervenção do STF para tal fim. Sob o título: “Vacina contra Covid-19 deve ser obrigatória”, o jornal fluminense destaca que, “em pleno século XXI … só a ignorância explica que se conteste essa conquista civilizatória com argumentos que ecoam a Revolta da Vacina, de 1904”.

O primeiro engano do editorialista foi confundir conquista científica com conquista civilizatória. A vacina é uma conquista científica/tecnológica. A conquista civilizatória em jogo aqui é a liberdade, mas esta parece não ser muito importante para o jornal.

Aliás, chega a ser constrangedor ver um jornal que já cansou de defender em suas folhas o direito ao aborto com base no mantra “meu corpo minhas regras” – neste caso esquecendo-se de que há uma outra vida diretamente envolvida – achar razoável que o estado nos obrigue a injetar drogas em nossos corpos de forma compulsória. Tudo em nome da ciência, claro. A esses, eu lembraria que os nazistas cometeram inúmeras experiências atrozes com seres humanos, sempre em nome da ciência.

A cereja do bolo do editorial foi usar a Revolta da Vacina como base de seu argumento. Provavelmente, nunca leram a história. Então, vamos a ela. Na época, o governo, assessorado pelo especialista de plantão, Oswaldo Cruz, impôs a vacinação compulsória sobre a população, sem antes fazer uma campanha de esclarecimento. Deu no que deu. Uma revolta violenta com direito a discursos inflamados de ninguém menos que Rui Barbosa.

Não era para menos. Naquele tempo, as vacinas eram raríssimas. Muito pouca gente tinha informações fidedignas a respeito. As poucas que havia eram aterrorizantes, como a de que a vacina da varíola era composta de vírus vivos, retirados de feridas na pele de vacas contaminadas com a cepa bovina da varíola. Em outras palavras, a informação amplamente disponível na época era de que a vacina infectava pessoas com material colhido de animais doentes. Uma verdade aterradora para a compreensão da população à época. Agora, imaginem uma população com este nível de informação ver a polícia do estado batendo de porta em porta para inocular a vacina à força nos cidadãos.

O historiador Jaime Benchimol resumiu assim aquele episódio: “Todos saíram perdendo. Os revoltosos foram castigados pelo governo e pela varíola. A vacinação vinha crescendo e despencou, depois da tentativa de torná-la obrigatória. A ação do governo foi desastrada e desastrosa, porque interrompeu um movimento ascendente de adesão à vacina”. E olha que estamos falando de uma doença infinitamente mais letal que a Covid.

Em resumo, quem não aprendeu nada com a Revolta da Vacina foram alguns dos nossos atuais políticos, bem como uma boa parte da nossa imprensa. Osvaldo Cruz foi uma mente que estava muito à frente do seu tempo. Seu erro foi pretender impor as suas convicções pela força, não pela persuasão.

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João Luiz Mauad

João Luiz Mauad

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

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