Trump quer investigar se cotas raciais prejudicam brancos
O jornal americano “New York Times” informou ontem que o governo do presidente Donald Trump prepara uma investigação sobre se a política de cotas para negros em universidades americanas está discriminando candidatos brancos. O Departamento de Justiça americano estaria iniciando a seleção de pessoal para investigar as políticas de ação afirmativa — o que pode vir a ser a base para uma mudança das políticas que visam reduzir a diferença de escolaridade e de renda entre brancos e negros nos Estados Unidos.
De acordo com fontes sigilosas ao jornal, a proposta partiu do procurador-geral Jeff Sessions, considerado um dos nomes mais conservadores do governo Trump e que, no início de sua carreira, chegou a ser rejeitado como juiz federal por ter sido acusado de ser adepto de teses racistas. O “New York Times” informou que seriam redirecionados recursos da área de direitos civis do Departamento de Justiça para esta investigação — e não da área de Oportunidades Educacionais, que tradicionalmente cuida do tema —, e que ela poderia gerar ações judiciais sobre “discriminação intencional baseada em raça” nos processos de admissão de faculdades e universidades.
Muitos estudos indicam que as populações negra, latina e indígena tiveram mais acesso à educação superior a partir das políticas de cotas. Muitos países, inclusive o Brasil, se inspiraram nestas políticas para criar diretrizes que facilitam o acesso de negros e pobres às universidades, com reservas de vagas ou aumento de pontuação nos processos de seleção.
Que tal perguntar, então, a Thomas Sowell o que seus vários estudos sobre a política apontam? Sowell, não custa lembrar, é negro. É também um respeitado economista de Chicago e escreveu um livro com profundas pesquisas sobre cotas nos Estados Unidos e em outros países. Suas conclusões não são nada favoráveis. Ao contrário: ele mostra como elas são perigosas.
Na melhor das hipóteses, as cotas raciais beneficiam as elites negras, não os mais pobres e à custa dos pobres brancos. O jornal afirma que populações negra, latina e indígena tiveram mais acesso, mas aumentaram as vagas totais ou eles entraram no lugar de pobres brancos? Se é jogo de soma zero, por vagas finitas, então um precisa sair para o outro entrar, um deve perder para o outro ganhar, não? Elementar.
O que Trump quer é investigar justamente isso: houve uma política de discriminação contra brancos, por serem brancos, para favorecer negros? Isso não seria racismo reverso, indo contra o que o próprio Martin Luther King desejava, com uma nação que julgassem com base no mérito, não na cor da pele?
As cotas raciais acabaram segregando ainda mais a população e nunca antes na história americana o clima esteve tão dividido, graças em parte ao próprio ex-presidente Obama, que soube abusar da cartada racial e incitar o racha, mesmo quando era para proteger marginais negros e condenar policiais como racistas.
A quem as cotas efetivamente ajudaram? A educação pública está em declínio evidente, e Sowell, assim como Walter Williams, outro respeitado pensador negro, condenam as cotas e pregam, em seu lugar, o voucher para que os pobres, todos os pobres, independentemente da cor, tenham acesso a melhores escolas particulares. A “charter school” também é uma alternativa melhor, pois delega a administração ao setor privado, reduzindo o poder dos sindicatos e melhorando o mecanismo de incentivos.
Ou seja, quem quer realmente melhorar a situação não só dos negros, mas de todos os americanos mais pobres não deveria enaltecer a política de cotas raciais, e sim defender meios que efetivamente melhorem o resultado final da educação. O modelo atual tem falhado visivelmente, em todos os aspectos.
Todo liberal, defensor da isonomia, da igualdade perante as leis e da meritocracia, deveria condenar as cotas raciais. Os racistas podem gritar “Black Lives Matter” enquanto defendem bandidos que matam policiais, brancos e negros. Mas os patriotas deveriam gritar “All Lives Matter”. Trump acertou mais uma.