Tarifas de Trump contra o Brasil: sobre motivações e responsabilidades
Alguns “pitacos” deste escriba que externo respeitosamente a quem convier:
Articular apoio no exterior contra um regime autoritário, não importa quem o esteja fazendo, reitero, é justo. A oposição brasileira, assim como alguns parlamentares do Partido Republicano, vinha pedindo sanções individuais aos responsáveis pelo autoritarismo judicial no Brasil (que afeta interesses de cidadãos norte-americanos também), a exemplo da Lei Magnitsky. Está certa ao fazer esse apelo e seu curso de ação deveria continuar a ser esse, além de pressionar como pudesse as forças internas ao Brasil que possam reagir. Não se vai sair de um autoritarismo a brincar e fingir que se trata de um jogo político normal.
O presidente dos EUA decidiu impor uma tarifa de 50% às exportações brasileiras logo depois do exibicionismo lulista nos BRICS. O Brasil tem um governo irresponsável em suas relações internacionais e que tudo fez para chamar a atenção para si. É a esse governo que cabe resolver a situação que contratou – e a mais ninguém.
Compreendo o receio de que Lula consiga firmar a ideia de que a direita é culpada, mas estamos a mais de um ano da eleição e creio ser provável que, caso o problema persista, a sociedade cobre soluções de quem de direito.
Muitos amigos brasileiros estão convencidos de que a investida de Trump é puramente comercial e protecionista (e o presidente dos EUA é digno de crítica por esse ângulo), mas os analistas de todos os veículos americanos que consultei argumentam o contrário.
Pergunto-me se não estamos abraçando certezas muito afoitamente. Lula recebeu uma carta, na verdade, parecida com as que Trump enviou a outros países, com argumentos de ordem comercial, inspirados na lógica mercantilista que ele tem aplicado em suas “tarifas recíprocas”, mas só a nossa veio após o show dos BRICS, com aquelas duras críticas à censura e as perseguições e formalizando a MAIOR tarifa de todas, MESMO O BRASIL SENDO DEFICITÁRIO no comércio internacional com os EUA.
Trump pode até ser convencido a recuar, pode mudar de ideia amanhã, mas acredito que os motivos dele são principalmente políticos, porque tudo aponta para isso. Devemos trabalhar com fatos.