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Quer entender por que armas salvam vidas? Assista lutas de Boxe!

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O verdadeiro cenário de Mad Max que a “greve branca” da PM causou no Espírito Santo reacendeu, felizmente, o debate sobre a concessão de posse e porte de armas de fogo para o cidadão comum. Bene Barbosa (sempre ele) esmiuçou o tema em ótimo artigo publicado pelo Instituto Mises Brasil¹, mas há uma forma ainda mais intuitiva de persuadir àqueles ainda titubeantes em relação à eficácia (no sentido de reduzir os índices de violência urbana) de permitir que os indivíduos exerçam, efetivamente, o direito à legítima defesa: observar lutas de boxe (ou de outros esportes do gênero) de diferentes divisões de peso, e constatar o quão distintas são as estratégicas utilizadas pelos atletas.

Em categorias leves, os lutadores não são dotados de força  suficiente para nocautear o adversário com apenas um golpe. O que ocorre, então, é que eles não economizam socos, desferindo pancadas em sequência, uma atrás da outra. A fase de estudo do adversário costuma ser muito resumida, e a quantidade de vezes em que os oponentes se atingem é muito elevada.

Em lutas de pesos pesados, a seu turno, os atletas sobem ao ringue cientes de que um único golpe é capaz de encerrar a contenda. A consequência: há uma fase de estudos muito mais extensa, o respeito pelo potencial lesivo das mãos do rival é notável, e o número de socos desferidos e conectados é bastante diminuto em relação aos leves. E quando um dos oponentes resolve contrariar esta lógica e, tão logo soa o gongo, parte na direção do córner oposto feito um touro bravo, o resultado costuma ser um nocaute em poucos segundos – sofrido pelo pugilista afobado, claro.

A partir desta análise, fica mais fácil acalmar àquelas pessoas receosas de que, uma vez que os cidadãos pudessem andar armados, todos os conflitos seriam resolvidos na bala. Ao contrário: saber que o interlocutor de uma discussão de trânsito, por exemplo, pode estar armado, é motivo forte o suficiente para nem iniciar o litígio. Ou para poupar a respectiva mãe das ofensas, pelo menos.

Ou seja, se eu possuo uma pistola, mas sei que qualquer indivíduo ao meu redor pode estar portando uma também , eu só vou sacar a minha em último caso, pois sei que deve vir chumbo grosso em retorno caso eu puxe o gatilho. Um peso pesado que baixe a guarda e mande um cruzado de forma incauta pode, perfeitamente, receber um gancho no queixo como contragolpe e só acordar no hospital.  Mas isso tudo, claro, se ambos conseguirem bater o peso na véspera do confronto, e, portanto, estiverem na mesma faixa de peso, a fim de “casar” a luta corretamente, com se diz na gíria do esporte.

Na conjuntura brasileira, todavia, a disputa é desleal: somos todos pesos leves (pessoas ordeiras sem direito a andar armadas) enfrentando pesos pesados (bandidos empunhando metralhadoras e fuzis). Em uma relação tão desequilibrada, é natural que os meliantes fiquem cada vez mais audaciosos e valorizem cada vez menos a vida de suas vítimas, tal a superioridade dos meios que possuem.

No caso do boxe, o árbitro do combate, ao perceber que um dos lutadores não mais consegue se defender ou que golpes baixos estão sendo aplicados, vai interromper a luta, no interesse da integridade física do prejudicado – solicitando, se for necessário, reforço da segurança do evento. Mas no caso de nossa sociedade civil, o árbitro está em greve! Que melhor convite do que esta omissão do Estado, o detentor do monopólio da força, para que a disputa vire um verdadeiro vale-tudo, com direito a dedo no olho e tudo o mais que a criatividade der origem? Se o Juiz não está olhando, a covardia dos marginais sobe a níveis insuportáveis por aqueles que obedecem ao estatuto do desarmamento.

E por falar em árbitros negligentes, aproveite-se o ensejo para ressaltar outro fator que permite que países onde o número de armas de fogo por habitante é muito expressivo, como Canadá, Suíça e Estados Unidos, ostentem baixos índices de criminalidade: a legislação penal severa e aplicada com eficiência (significativo percentual dos assassinatos é desvendado e seus perpetradores são capturados). Leia-se: se eu tenho certeza quase absoluta de que serei encarcerado (e custarei e reconquistar a liberdade) ou conduzido ao corredor da morte caso dispare minha arma contra alguém, eu só o farei em último caso, como recurso derradeiro.

É por isso que algumas nações podem dar-se ao luxo de liberar a comercialização até mesmo de armas de maior impacto, pois o Estado possui razoável certeza de que os cidadãos as utilizarão apenas para legítima defesa ou para outros fins previstos em lei (caça, tiro esportivo, etc).

E quanto àqueles que invadem espaços coletivos atirando em todas as direções, algumas considerações:

1) Trata-se de sociopatas, os quais, caso não possam obter armas, farão uso de quaisquer outras ferramentas para seus ataques, tais como um caminhão, panelas de pressão convertidas em bombas, ou até mesmo aeronaves direcionadas a prédios;

2) As chances de sobrevivência das vítimas de tais sociopatas serão muito maiores se elas estiverem armadas – não por acaso, muitos terroristas escolhem zonas livres de armas para seus atentados, e o Brasil, país “desarmado”, também coleciona episódios do tipo, com facínoras invadindo salas de aula e cinemas atirando a esmo, sabedores de que nenhuma reação à altura pode ser empreendida por seus alvos;

3) Antes que alguém aponte, como contra-argumento, o atirador da Noruega, que matou mais de cem pessoas em uma tarde, em uma país onde 31% da população possui armas registradas, observe antes dois detalhes: a vida de luxo ostentada pelo terrorista na prisão, que induz a crer que vale a pena praticar tais atos horripilantes no país nórdico; e o fato de que o porte da arma lá é proibido, isto é, as pessoas que foram alvejadas poderiam até ser proprietárias de armamentos, mas eles, possivelmente, estavam em casa. Ainda assim, a taxa de homicídios da Noruega é a oitava mais baixa do mundo. Ah, sim: quase metade de suas vítimas padeceu pela explosão de um carro-bomba – eis aí o item 1 novamente.

Cabe ainda invocar aqui, para ajudar na elucidação, a teoria da paz nuclear, segundo a qual tais armas de destruição em massa contribuíram para evitar conflitos militares desde a sua criação. É a mesma analogia da luta de pesos pesados: duas nações em desentendimento, ambas sabedoras de que dispõem de armas nucleares em seu arsenal, dispositivos estes capazes de reduzir cidades inteiras a pó, somente irão declarar guerra se não houver mais nenhuma possibilidade de diálogo.

A própria Guerra Fria é um exemplo da aplicação prática desta teoria, pois foi justamente o medo de que um dos lados disparasse suas ogivas que manteve cada país quieto em seu hemisfério por tantas décadas, mesmo em meio a uma tensão diplomática sem precedentes. Tudo bem que Che e Fidel quiserem apontar os mísseis nucleares russos para Nova York em 1962, mas eles eram sociopatas – retornar ao item 1 supra novamente.

É isso, pois, que o brasileiro deveria demandar do governo (como já fez, aliás, no plebiscito de 2005, mas precisar gritar mais alto, pelo visto): uma disputa justa, e não um massacre de Mike Tyson contra Zé Carniça, como ora é verificado.

¹ http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2626

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Ricardo Bordin

Atua como Auditor-Fiscal do Trabalho, e no exercício da profissão constatou que, ao contrário do que poderia imaginar o senso comum, os verdadeiros exploradores da população humilde NÃO são os empreendedores. Formado na Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR) como Profissional do Tráfego Aéreo e Bacharel em Letras Português/Inglês pela UFPR.

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