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Qual a finalidade de se queimar e destruir uma estátua?

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A historiografia moderna nos trouxe uma dádiva que é a desmistificação de muito heroísmo de nossa história por incoerência e anacronismo.

Borba Gato no passado pode ter sido um herói, como muitos bandeirantes e simbolizados como heróis brancos paulistas que desbravaram o interior em vestes bufantes e muita pompa; mas hoje se sabe tranquilamente que Borba Gato e seus contemporâneos, na verdade, eram mestiços de brancos com índios, que mal falavam o português, e sim falavam a chamada Língua Geral Paulista (uma variante do tupi-guarani). Andavam tão maltrapilhos que geralmente encontravam abrigo em algumas aldeias tupis, pois estes pensavam que o bandeirante foi atacado no meio do mato.

Zumbi dos Palmares, que era “vendido” como um africano ex-cativo, dotado de ideais iluministas contra a escravidão, na verdade era apenas um líder de quilombo que reproduziu parte de sua cultura tribal no coração da mata brasileira enquanto abrigava quem fugia da escravidão.

O imponente quadro de Dom Pedro I, pintado por Pedro Américo, onde ele declara a independência às margens do rio Ipiranga, é outra falsidade histórica. Dom Pedro, novamente maltrapilho, apenas decreta que romperia com Portugal após receber ultimatos enquanto passava por uma crise de mal-estar abdominal.

Ambos deixam de ser importantes personagens históricos para a formação do Brasil? De forma alguma.

A estátua de Borba Gato pode até ter sido símbolo de um heroísmo e de uma narrativa de um século atrás que elevava o “branco paulista aventureiro”, mas sua tentativa de destruição, além de não deletar a história, se torna mero capricho egocêntrico de quem se acha no poder para tal.

Os alemães, os poloneses e mesmo os soviéticos em determinado ponto da história se recusaram a terraplanar os campos de concentração da Alemanha. Teriam todos os motivos para agir de outro modo, mas entenderam que deveriam ter prova viva registrada de que aquilo, aquele terrível momento da humanidade, existiu e deixou sequelas. Então, por que uma estátua de uma narrativa heroica de um bandeirante do século XVII deveria ir ao chão tendo por móveis os valores do século XXI? Para satisfazer a egos ideológicos?

Comete-se o mesmo erro da derrubada das estátuas de Lenin no Leste Europeu e Saddam Hussein no Iraque – a deleção de um momento marcante de uma terrível sequela deixada na constituição do país.

A destruição do registro serve apenas para satisfazer a egos inflados de quem se acha dono de um poder que não tem: o de mudar o passado.

*Artigo publicado originalmente na página Liberalismo Brazuca no Facebook.

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