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Professor de direita não pode dar aula na UFF?

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O movimento UFF Livre divulgou prints de uma conversa de teor gravíssimo no grupo do Centro Acadêmico de Filosofia da universidade de Niterói, no Facebook. Como temos feito algumas vezes com o que nos chega do UFRJ Livre, julgamos fundamental que as torpezas que se passam em nossas universidades sejam vastamente divulgadas. Esta é uma trincheira – nisso convertida pelos ideólogos que a tomaram de assalto – em que precisamos prestar sempre redobrada atenção, na exata medida da influência que exerce hoje na (de) formação dos nossos agentes intelectuais e culturais.

Tudo começa quando uma estudante que integra o grupo diz que um dos coordenadores do curso lhe havia enviado um e-mail. Transcrevemos o conteúdo do texto abaixo, sem as típicas formatações e abreviações do “internetês”, e voltamos em seguida:

“Carla, eu não participo do grupo do CAFIL no Face porque acho que professor não deve interferir no movimento estudantil, mas acho que seria importante saberem que as provas didáticas públicas do concurso para professor de Filosofia Política serão como abaixo: (seguem os horários).”

Diante desse comunicado, a “estudante” (vulgo militonta) sustenta o seguinte junto a colegas de centro acadêmico:

“Diante deste informe, e da conjuntura geral do crescente movimento neonazista, Bolsonaros, MBL e afins, pensei que seria importante elaborarmos algumas poucas perguntas para fazermos aos candidatos a fim de depois sintetizarmos num pequeno relatório geral de cada candidato e encaminhar ao departamento para que possamos assim evitar a entrada no Departamento de Filosofia da UFF algum professor de Filosofia Política com posicionamento fascista, nazista, misógino, machista, racista, homofóbico, transfóbico e outros tantos posicionamentos políticos opressores, violentos e que não respeitam a diversidade da vida e da humanidade. O que vocês acham?”

Fôssemos inteiramente estranhos ao cenário e viéssemos, digamos, de um outro planeta, e poderíamos ver a melhor das intenções em evitar que espaços importantes sejam ocupados por fascistas, nazistas ou defensores de violências de quaisquer tipos. O contexto, entretanto, denuncia: o que se quer é adornar o tradicional ingresso dos profissionais ao cargo público de professores na universidade com um autêntico tribunal ideológico, conferindo ao movimento estudantil mais um poder que extrapola suas atribuições.

Eis o que temos: um concurso público passa a ser encarado como uma seleção de aliados para a politização completa da universidade! A partir do momento em que, por ser eleitor de alguém da família Bolsonaro ou por defender o MBL, o liberalismo, o conservadorismo “e afins” – “e afins”, afinal, pode querer dizer qualquer coisa -, o candidato passa a ser automaticamente um fascista ou nazista e haverá pressão para que não seja aprovado, a legitimidade está comprometida! A UFF, sob o pretexto de defender a “diversidade da vida e da humanidade”, acatando tal procedimento e não se posicionando enfaticamente perante tais absurdos, estará aplaudindo a mais explícita afronta a essa mesma pluralidade. Só não enxergará tal constatação óbvia ao ler o texto quem estiver cego pela má intenção e cegueira voluntária, próprias de um comportamento de gangue.

Na seção de comentários, a aluna complementou sua publicação, dizendo que perguntou ao professor se “existe alguma implicação ilegal de após cada candidatx (sic, a maldita ideologia de gênero deformando a linguagem não poderia faltar!) fazer a prova nós abordarmos (já fora de sala) e nos apresentamos enquanto Cafil e perguntarmos se poderiam responder a algumas perguntas?”. O professor teria respondido que “isso dependeria exclusivamente da banca” e que “como as provas são públicas, eu acho importante o pessoal assistir, se desejar. Não que eu ache que vá haver alguma mutreta, mas é que a publicidade existe para isso mesmo”. “Isso mesmo”, naturalmente, não envolve a constituição de um tribunal ideológico estudantil…

Os estudantes chegam à conclusão de que podem e devem formular uma lista de perguntas para submeter aos candidatos, seguidas de um “O que você pensa sobre isso?”. Um deles pensou em algumas possibilidades, que estão transcritas no print, mas destacamos aqui: “Você é a favor do aborto?”, “Recentemente têm aparecido casos de evangélicos destruindo centros de Umbanda. O que você pensa sobre isso?”, “O que a figura de Hitler (ao que alguém sugeriu substituir por Bolsonaro) representa pra você na história da humanidade?”, “O Brasil é o país com uma das piores distribuições de renda no mundo. O que você pensa sobre isso?”, “O Brasil é o país com os maiores índices de violência contra a mulher, feminicídio, homofobia e transfobia. O que você pensa a respeito disso?”, “Num país de origem étnica indígena onde posteriormente se confluíram múltiplas origens étnicas, o que você acha sobre a maioria dos representantes políticos serem apenas homens e brancos?”.

Basta. Não precisamos nos alongar mais nesse lixo. Se os leitores tiverem o mínimo de honestidade intelectual, sabem que respostas são esperadas e quais as implicações de cada uma, dentro do raciocínio torto dessa gente. Sobre a questão da Umbanda, nem há o que discutir; é o tipo de pergunta que só aparece devido à crença em uma terrível sanha destrutiva do credo alheio enraizada na sociedade brasileira. Ninguém razoável aprovará mesmo a destruição de instituições de fé. Vejamos então o restante…

Se o candidato for contra o aborto, ele não é alguém que se opõe à matança de bebês, mas sim um fascista contra a “liberdade de escolha da mulher de matar o seu filho”, o que, então, o torna inapto a dar aulas. Se o candidato disser que a solução para a distribuição de renda não é o socialismo e o Estado Leviatã, é um neoliberal insensível e não está apto a dar aulas. Se o candidato rejeitar a concessão de privilégios de qualquer tipo a grupos considerados “minorias” pela gritaria politicamente correta, é uma aberração homofóbica ou misógina e não deve dar aulas. Se ele considerar que não se combate o racismo com cotas, é um defensor da revogação da Lei Áurea e deveria ser banido da sociedade. Alguém duvida disso? Onde a sanidade de um tal patrulhamento? Onde a razoabilidade?

Senhoras e senhores, isso é típico de quem se recusa a admitir que a divergência cause tumulto em seu feudo. A extrema esquerda se recusa a admitir que estamos levantando a voz contra ela. Eles acreditam que as universidades pertencem a eles! Pois brademos NÃO! Os verdadeiros defensores da pluralidade e do debate aberto somos nós, e viemos para ficar. Estudantes vermelhos fascistóides terão que aceitar isso, porque não nos iremos calar.

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Lucas Berlanza

Lucas Berlanza

Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), colunista e presidente do Instituto Liberal, membro refundador da Sociedade Tocqueville, sócio honorário do Instituto Libercracia, fundador e ex-editor do site Boletim da Liberdade e autor, co-autor e/ou organizador de 10 livros.

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