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Para além das ideologias

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Quando pensamos na discussão entre indivíduos pró-Bolsonaro e anti-Bolsonaro ferrenhos, as ideologias dessas pessoas chamam a atenção. “Direita”, “esquerda”, “conservadorismo”, “progressismo”, “nacionalismo”, “globalismo”, podem ser palavras que aparecem nas bocas dos conflitantes com bastante frequência, o que, claro, apenas ajuda a justificar o papel da ideologia nas polêmicas e debates políticos travados pelo país.

Contudo, ideologias não são tudo. O mundo não é feito apenas de ideologias e, logo, não é movimentado exclusivamente por questões ideológicas. Sejamos francos: discutir o teor liberal e a possibilidade prática do liberalismo econômico proposto por Paulo Guedes não é um assunto que atrai notoriedade ou gera comoção nacional. O povo, em sua gigantesca maioria, está alheio a tais debates mais profundos e, até mesmo, mais importantes e sérios. A maioria dos brasileiros vive sua vida para além de nosso mundo intelectual; vivem suas vidas de acordo com a prática cotidiana delas, de acordo com suas cosmovisões, com os efeitos negativos e positivos em seus habituais modos de ser.

Se há uma razão para Bolsonaro ter tido a quantidade de votos que teve, o que fez o PSL se tornar um gigante do dia para a noite no parlamento e também políticos aliados a Bolsonaro, estando ou não em sua legenda, terem alcançado um crescimento repentino e concreto, é a de que o povo nota que, para que sua vida mude, para que a violência diminua, para que a roubalheira seja reduzida, é preciso existir uma mudança de pessoas na liderança do país.

Com mais de sessenta mil homicídios por ano e uma taxa ridícula de solução de crimes, o povo preferiu Bolsonaro; com uma verdadeira cleptocracia atuando na política, a população fez sua escolha à direita; com um verdadeiro culto ao ladrão, onde políticas públicas e ações no judiciário fazem com que criminosos sejam soltos, as pessoas de bem fizeram suas escolhas e escolheram um candidato que atendia às suas demandas.

É verdade, porém, que questões culturais tiveram seu peso na balança. Programas LGBT, greves nas escolas públicas, o financiamento público de peças e performances artísticas que aviltam o cidadão comum com toda a certeza não ajudaram a dar brilho à esquerda. Usar a desconstrução do Homem não deu certo, claro. Cuspir em sua cultura, xingar e chamar tudo o que é contra a ideologia progressista de fascista e retrógrado, no fim, estrangulou a retórica e toda argumentação possível da esquerda. Só neste ano o feminismo decaiu, os movimentos LGBT perderam o moral, os movimentos negros também. O progressismo rosa pode estar assistindo a seu crepúsculo deste século – mas sejamos francos… isso foi o de menos. Sair de casa à noite e poder ser violentado e roubado é a preocupação número um de qualquer pessoa normal.

E tal preocupação é o que levou o brasileiro a ir para além de qualquer ideologia. O asco que o cidadão de boa índole tem ao roubo e à corrupção foi o que alavancou Bolsonaro. O fato de o partido mais corrupto do país ainda estar na corrida presencial, com direito de receber ordens de um presidiário como se isso fosse normal, ao menos para a mídia, que não martela esse absurdo diariamente nos jornais, é o que enfureceu o brasileiro comum.

Quando Fernando Haddad, o sujeito que perdeu para João Dória em todos os bairros e distritos da capital paulista, o mesmo homem que já é réu por conta de crimes de responsabilidade que cometeu enquanto prefeito de São Paulo e responde a mais de três dezenas de processos na justiça brasileira, consegue se candidatar à presidência (e ainda com o Partido Comunista do Brasil na vice-presidência), isso deixa alarmado qualquer sujeito normal, qualquer um que tem o mínimo de senso, contato e entendimento da realidade.

Não deixa alarmada uma legião de universitários e intelectuais, é verdade. Como já demonstrava George Orwell, décadas atrás, nenhuma das grandes ditaduras do século XX seria possível se não fossem defendidas, embasadas e até mesmo formuladas por intelectuais. Sem o apoio do mundo acadêmico, nenhum monstro é criado; já o homem comum, dotado de sua moral cristã, é blindado contra a maioria dos absurdos políticos – seu contato com a vida, simplicidade e moral não foi tolhido por nenhum ambiente chamado de “culto”.

Se Orwell estivesse vivo, talvez comentasse que o Homem comum não foi descontruído. Desconstruído de sua percepção básica, de seu senso de proporção, desconstruído de seus olhos. O brasileiro médio não se destruiu, mas o universitário ou mesmo o brasileiro comum, que foi comprado por políticas assistencialistas e pervertido pela ideologia, este já se jogou no abismo e insiste em que a queda-livre que faz é, na verdade, uma subida aos céus.

Para este, parece que não há salvação. Quem prefere votar no PT, assina embaixo de toda a corrupção que ocorreu no país por conta desse partido; fecha os olhos para toda a investigação que a justiça faz contra o partido, se cala para os crimes mais provados e nojentos, mas abre a boca contra quem ousa se levantar contra suas ideologias, mesmo sendo uma pessoa limpa, ainda que tenha muitos erros, como Jair Bolsonaro.

Bolsonaro não é o paladino da virtude (e ele sabe disso), nem clama esse título. Ele não milita em prol de um mundo melhor que imaginou, um mundo que solaparia tudo o que é tradicional e xingaria de fascista todos os seus discordantes, como se fossem os monstros assassinos do século passado – e por isso ele é odiado.

O verdadeiro ódio à figura de Jair Bolsonaro, para esses que votarão no PT, ultrapassa com folga o ódio que têm da corrupção. Não interessa para esses sujeitos o quanto ou o quê o candidato preferido deles roubou. O que interessa é como ele atuou para suas ideologias. Se eles expandiram o socialismo e iniciaram políticas progressistas, se tornam deuses intocáveis, inquestionáveis em suas honestidades e corações. Não são apenas puros, mas deidades, de uma alteza que ultrapassa os meros mortais, como nós.

Disso deduzem que qualquer investigação ou demonstração de crimes que cometeram é, na verdade, um golpe, um jogo político sujo. A ideologia que têm foi, na verdade, a algoz para suas análises da realidade. Eles não se importam com bandidos na política, eles gostam; eles não se incomodam com a corrupção, desde que seja feita por seus santos; não têm políticos de estimação, eles são os animais de estimação dos políticos: quando Lula pede para rosnarem, rosnam, quando pede para abanar o rabo para Temer e o PSDB, que não apoiaram Bolsonaro, abanam… Eis os apoiadores do PT, no segundo turno.

Cabe a você, leitor, decidir algo: confiaria nessa gente? Confia em pessoas que, afogadas na ideologia, perderam o contato com o real? Confia em quem coloca suas metas culturais e políticas acima da honestidade, da justiça? Você confiaria seu filho a uma escola onde existem professores cegados, nesse nível, pela ideologia? Confiaria em funcionários assim? Confiaria dinheiro na mão de quem votará no PT? Contrataria alguém que gosta de corrupção?

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Hiago Rebello

Hiago Rebello

Graduado e Mestrando em História pela Universidade Federal Fluminense.

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