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Ou isto ou aquilo: o digital limita ou liberta?

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“Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo…

E vivo escolhendo o dia inteiro!”

(“Ou isto ou aquilo”, Cecília Meireles)

Desde pequenos aprendemos a ter de fazer escolhas, em especial quando se trata de alternativas supostamente excludentes.

Ray Dalio, no entanto, em seu livro Princípios, leciona que, diante da escolha de duas alternativas que aparentemente se chocam, é preciso ir devagar para descobrir como extrair o máximo possível de cada uma delas.

Ao refletir sobre as vantagens e desvantagens do mundo digital – discussão que veio à tona principalmente cerca de um ano atrás, com o início da pandemia da Covid-19 –, logo me lembrei de um concurso dos Correios de que participei quando cursava a sétima série do ensino fundamental, nos bancos da Escola São Domingos.

Na época, os meios eletrônicos de comunicação ameaçavam a comunicação postal e fomos desafiados a listar motivos pelos quais os Correios ainda eram fundamentais.

Hoje, mais de uma década depois, vejo que os canais de entrega – Correios e transportadoras – foram uma das grandes ferramentas que possibilitaram o desenvolvimento do comércio eletrônico. Por certo, no que concerne às comunicações em geral, os Correios foram praticamente substituídos por meios digitais. No entanto, permaneceram e cresceram no campo de entrega de bens e mercadorias, fazendo, inclusive, surgirem cada vez mais transportadoras com foco neste serviço.

Percebe-se, pois, que os meios físicos de entrega quebraram fronteiras e viabilizaram que mercadorias comercializadas à distância, em ambiente virtual, chegassem ao consumidor final.

Do mesmo modo, o livro eletrônico não substitui o livro físico. Cada um possui sua valia e o seu momento. Também as reuniões, palestras e cursos podem adotar o formato físico ou digital. Em cada um dos casos, a depender do número de pessoas, do assunto tratado e da distância física entre os participantes, um destes formatos se afigurará mais adequado.

O desenvolvimento de meios digitais permite a democratização do conhecimento, o que traz chances de crescimento para aqueles indivíduos que assumem seu papel no autodesenvolvimento e detêm responsabilidade suficiente para estudar por si próprios.

Ademais, possibilita maior eficiência na gestão e em muitos dos trabalhos tradicionalmente desenvolvidos, que passam a poder ser executados em qualquer lugar e a qualquer hora.

Por outro lado, o recente crescimento do “mundo digital” traz à luz aqueles campos em que o contato humano ainda é fundamental.

A comunicação digital possibilita a integração de pessoas de diferentes campos do mundo, mas oferece riscos à privacidade, o que, por vezes, cerceia a própria liberdade de expressão dos indivíduos. O dia inteiro, comunicamo-nos por meios eletrônicos, mas, volta e meia, deixamos para depois uma conversa, porque aquele determinado assunto “é melhor conversar pessoalmente”.

O digital ajuda a aplacar a saudade e saber dos entes queridos, mas matar a saudade mesmo, só um abraço e uma conversa olho no olho, sem qualquer tela no meio!

Em verdade, as coisas, em si próprias, não têm um valor “bom” ou “ruim”. Tudo depende de como esses objetos serão empregados na vida real. Assim, suas qualidades (ou defeitos) estão, em geral, no sujeito que se utilizará deste objeto (e para que se utilizará). Uma faca, portanto, é uma coisa boa, na medida em que permite que o sujeito prepare para sua família o jantar. Porém, é uma coisa ruim, se utilizada para matar alguém.

“Ou se tem chuva e não se tem sol,

Ou se tem sol e não se tem chuva!”

(“Ou isto ou aquilo”, Cecília Meireles)

Não podemos esquecer que os mais lindos arco-íris vêm justamente dos dias com sol e chuva.

Creio, portanto, que o maior valor do mundo digital está justamente na dicotomia, na coexistência dos meios físicos e digitais. Estes últimos não conhecem fronteiras físicas e, com isso, são um espaço aberto para o exercício da criatividade, o desenvolvimento pessoal e o estabelecimento e manutenção de relações pessoais.

Ocorre que as relações são feitas de pessoas – e pessoas precisam de contato. O digital e o físico, são, pois, complementares.

Por isso, faço coro às palavras de Cecília Meireles: “Mas não consegui entender ainda qual é melhor: se é isto ou aquilo”.

*Artigo publicado originalmente no site do Instituto Líderes do Amanhã por Lívia Dalla Bernardina Abreu.

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