Os poderes de uma república de certa maneira reproduzem os poderes que convivem harmonicamente ou não na sociedade.

O poder das ideias está representado no poder legislativo; é ele que determina como devemos agir e como devemos julgar. É o poder da mente concebendo ideias e ideais para atender aos próprios desejos ou aos da sociedade.

O poder econômico é o poder executivo; é ele que deve materializar as ideias concebidas em abstrato para que os valores almejados possam ser criados e produzidos e o bem se instaure.

O poder coercitivo é o poder judiciário; é ele que usará a coerção para impedir que o mal se propague e para proteger deste aqueles que se dedicam ao bem.

Se no governo ou no seio da sociedade, tudo funcionasse assim como descrevi, viveríamos no paraíso. Porém, não é assim que funciona, porque os seres humanos têm livre arbítrio.

Nem sempre – na realidade, quase nunca – focam sua mente e colocam para trabalhar a seu favor a racionalidade, faculdade que temos para analisarmos a realidade logicamente para decidirmos quais ideias e o que na natureza nos é favorável ou não é.

Costumamos analisar e decidir melhor quando as consequências dos nossos atos recaem sobre nós de forma evidente, iminente ou irreparável – exatamente aquilo que os que ocupam qualquer poder no governo não sofrem quando analisam e decidem, porque o que está em jogo é a vida, a liberdade, a propriedade e a felicidade dos outros.

Um legislador, no máximo, não será reeleito; m burocrata será colocado de escanteio ganhando seu polpudo salário e um juiz será aposentado com salário integral, sendo punido com o ócio remunerado.

Na sociedade é diferente: as perdas são evidentes, iminentes e irreparáveis. No máximo, quem teve prejuízo ganhou pelo aprendizado.