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O que explica a resistência do povo ucraniano

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A coragem dos ucranianos diante da agressão de Moscou já é, como diria Barney Stinson, legendária, independentemente do resultado do conflito. Em menos de um mês de conflito, os russos já conseguiram a proeza de perder mais homens e equipamento militar do que nos dez anos de invasão e ocupação do Afeganistão. Nesta semana, mais um capítulo dessa epopeia foi narrado pelo The Wall Street Journal.

Segundo o periódico americano, na pequena cidade chamada Voznesensk (cerca de 30 mil habitantes), 400 fuzileiros navais russos planejavam bombardear o local para depois tomá-lo de assalto. Em poucas horas, os agressores já haviam perdido 25% de sua tropa e 30 dos seus 43 blindados, sendo assim forçados a baterem em retirada. Detalhe: os ucranianos não tinham um tanque sequer.

É difícil explicar tamanho desastre contra um inimigo inferior numericamente e bem menos armado. Porém, talvez o prefeito do vilarejo de língua russa, Yevheni Velichko, consiga nos dar um rumo: “Todo mundo está unido contra o inimigo comum. Estamos defendendo nossa própria terra. Estamos em casa”. A história de Velichko é uma boa ilustração do atual momento dos ucranianos: antes, ele era corretor de imóveis e, de repente, foi transformado em líder militar — e um líder militar de sucesso.

Outra explicação vem de Santa Olga de Kiev, padroeira da Ucrânia, cuja biografia é bastante incomum entre santos cristãos. Seu marido, o príncipe Igor, foi assassinado por rivais quando o filho do casal tinha três anos. Ela, após assumir o cargo de regente, e ao contrário do que determina a fé cristã, não deu a outra face. A princesa organizou uma resistência e, depois da vitória, ordenou a morte de vários chefes inimigos, mandou incendiar algumas aldeias antagonistas e impôs altos impostos aos sobreviventes. Se Vladimir Putin tivesse feito o seu dever de casa, saberia que os devotos de Santa Olga não deveriam ser subestimados.

Mil anos atrás, Kiev foi quase exterminada pelos mongóis — de uma população de 50 mil, sobraram 2 mil. No início do século passado, a Ucrânia foi invadida pelos bolcheviques e forçada a ser incorporada à URSS. Na década de 1930, a fome de Stalin matou quase 6 milhões de ucranianos. Apesar de todas as adversidades, eles resistiram — e seguem a resistir. Os ucranianos sabem por experiência dolorosa o quão importante é a virtude da coragem, e o quanto sua sobrevivência depende disso. Eles estão provando diante de nossos olhos que é uma virtude que eles possuem em admirável abundância, cuja melhor personificação talvez seja Zelensky.

Finalizo dizendo que, na minha opinião, reduzir essa guerra a um confronto entre Rússia e Ucrânia é muito simplista. Na verdade, é a batalha entre a democracia e a tirania; entre a civilização e a barbárie; entre um homem covarde que bombardeia maternidades e um líder que se recusa a abandonar seu povo; entre a escravidão e a liberdade. Aliás, sobre este último ponto, talvez este tenha sido o grande erro de Putin: mandar escravos para libertar homens livres.

*Artigo publicado originalmente por Conrado Abreu na página Liberalismo Brazuca no Facebook.

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