O que a história nos ensina sobre a escalada autoritária
Dizem ser inadmissível comparar a escalada autoritária dos dias atuais com a que ocorreu nos anos trinta na Alemanha, Itália e União Soviética, porque nada chega perto do que fizeram Hitler, Mussolini e Stalin.
O que quem diz isso parece não perceber é que já sabemos hoje o final daquelas histórias, mas não sabemos o final do que estamos vivendo ou assistindo hoje em tempo real.
Em 1933, as pessoas não tinham ideia do que viria: uns se preveniram e fugiram para a Inglaterra, Holanda ou para a América; outros achavam que aquilo passaria; outros ignoravam os fatos ou deles se evadiam.
Estes que nada fizeram foram se acostumando à escalada autoritária até que foram surpreendidos quando os governos tiranos abandonaram o autoritarismo para adotarem regimes totalitários desumanos.
Quando vemos países que sempre foram refúgios para quem desejasse viver em liberdade adotando medidas autoritárias, o alerta se acende.
Estamos vendo o autoritarismo escalando, o que me faz traçar paralelos com o passado. A história nos ensina que o caminho até o extremismo é paulatino e que não contar com a hipótese de que a história pode se repetir é um equívoco.
Eu acho ofensivo não considerar uma lição o sacrifício daquelas vidas tiradas por genocidas.
Ninguém pode afirmar que fatos históricos não se repetirão e que psicopatas como Hitler, Stalin e Mussolini não assumirão o poder para governar com mão de ferro.
A história é feita por fatos provocados por quem lidera as nações e por quem promove os diversos tipos de filosofia. Vivemos tempos em que parece prevalecer uma filosofia niilista, pós-moderna, subjetiva e autoritária. Culturalmente, parece que não exorcizamos o suficiente as ideias que levaram o mundo aos regimes totalitários baseados na obediência, no dever e na coerção.
Pode mudar o pretexto, mas o método, este sempre será o mesmo: quem detém o poder político, ou seja, o poder coercitivo, fará o que achar preciso para alcançar seus objetivos pisando sobre os indivíduos e seus direitos.