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O PT é realmente um partido comunista?

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No mais recente encontro do Foro de São Paulo, Lula afirmou que ser chamado de “comunista” é motivo de “orgulho”. Ignorando divagações sobre a natureza do Foro de São Paulo, pretendo ir direto ao significado do comunismo.

O comunismo é um sistema ideológico que, baseado no suposto igualitarismo, busca substituir o capitalismo como meio de produção e promover a propriedade comum dos meios de produção, do dinheiro, do Estado e o fim das classes sociais. Assim como a maioria das ideologias, na prática, foi um projetor de truculência, restrições de liberdade, promoção do patrimonialismo e de uma falsa ideia de igualdade sustentada na pobreza.

Sabendo disso, surgem as perguntas: até que ponto o PT verdadeiramente se relaciona com o comunismo? O quanto essa ideologia ainda permeia o pensamento político petista? São essas questões que vamos tentar compreender aqui.

O PT nasceu em fevereiro de 1980, ainda no regime militar e no contexto da Guerra Fria, se propondo a ser um partido amplo de esquerda, aglutinando todos os movimentos de esquerda existentes no Brasil até então. Entre os seus membros, estavam sindicalistas, artistas, intelectuais universitários e seguidores da Teologia da Libertação.

No nascimento, o PT se propôs a defender o chamado “socialismo democrático”, um sistema que acredita ser possível atingir o socialismo por via da centralidade democrática, uma espécie de divagação utópica. Em tese, o partido nasceu crítico do comunismo soviético e chinês vigentes, acusando esses sistemas de serem decadentes, porém, na prática, a história era bem diferente.

O PT manteve proximidades históricas com os partidos que lideravam as nações do bloco comunista, incluindo URSS, China, Alemanha Oriental e Cuba, e recusou uma aproximação com o partido Solidariedade, da Polônia, liderado por Lech Walesa e que, surgido também da luta sindical, se opunha ao comunismo soviético.

Após a queda do Muro de Berlim e a falência do comunismo soviético, o PT voltou suas atenções de proximidade pragmática aos partidos de esquerda da América Latina, porém a retórica radical ainda presa à Guerra Fria era visível ao público, principalmente durante os pleitos de 1989, 1994 e 1998, neste último se aproximou do trabalhismo do PDT de Brizola, do qual nunca fora afeito. Neste período, ficou notória a expulsão de grupos comunistas de dentro do PT, dos quais viriam a formar o PSTU e o PCO, dois partidos minúsculos de expressa orientação comunista revolucionária. Podemos acrescentar este evento com a chamada “aurora” dos anos 2000, na qual diversos partidos de orientação de esquerda pelo mundo desenvolvido se afastaram da influência marxista para adotar a social-democracia como regra. Isso ocorreu no contexto do discurso do chamado “socialismo democrático”, uma vez vencido já estava cansado de longos períodos distantes do poder ou, quando chegava ao poder, pouco durava pela inércia do partido, pois para eles parecia que não importava a posição no poder, e sim a capacidade de convencer alguém da viabilidade de sua ideia.

Portanto, se esperou que o PT, na posição de partido de esquerda no começo do século XXI, abandonasse sua postura socialista democrática em favor da social-democracia. Porém, passando os anos, nota-se que aquele sopro de moderação para ganhar a eleição de 2002 foi apenas isto, um sopro, pois dali em diante, o partido assumiu e corroborou que seu verdadeiro projeto de poder era o do tal “socialismo democrático”, apelando a posturas notoriamente autoritárias para exercer seu poder.

Crente nesta saída, o PT radicalizou conforme passou os anos no poder, indo do começo moderado e social-democrata ao impeachment de 2016, no qual o país passou pelo maior choque de esquerda no poder desde o governo João Goulart.

Neste momento, ocorre talvez o motivo pelo qual Lula diz ter orgulho de ser comunista, pois uma vez fora do poder, o PT foi claro em afirmar que o seu “erro”, não era o de ter radicalizado conforme permanecia no poder, mas sim o de não ter radicalizado o suficiente no poder. O que isto significa? Não sou profeta para tentar adivinhar o futuro, mas apenas prudente o suficiente de monitorar que um partido que alegue que errou em não radicalizar ainda mais e que se orgulha de ser comunista, não pode significar bom sinal, principalmente depois dos resultados fracassados das experiências comunistas pelo mundo.

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