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O poder da caneta que empunha o presidente

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Bolsonaro tem que aprender algumas lições para navegar pelo mar da desconfiança e pelo oceano do ceticismo que o Norte lhe aponta. Ele precisa entender que na posição em que está e com o seu currículo, tudo aquilo que ele disser, por mais objetivo que possa parecer, por mais verdadeiro que possa ser, será sempre interpretado de diferentes maneiras. Não é à toa que os que torcem para que o seu governo dê certo, rogam para que ele fique mais tempo quieto.

A última polêmica instalada nas redes sociais diz respeito ao poder da caneta que empunha o presidente. Todo mundo sabe que não vivemos sob o estado de direito. Se nele vivêssemos, o executivo não legislaria por decreto, por medidas provisórias, por instruções normativas, por portarias. Enfim, no estado de direito, o poder legislador seria, com exclusividade, os parlamentos.

Eu não sei se Bolsonaro se regozijava ou não do poder autoritário concedido ao presidente da República perante Rodrigo Maia. É bom que se diga, que esse poder foi concedido ao chefe do executivo pelo próprio legislativo quando este exerceu o papel de assembleia constitucional em 1988.

Vejam que o Bolsonaro comparou o poder que detém nas mãos com aquele que possui Rodrigo Maia, em duas circunstâncias distintas, através de declarações objetivas e verdadeiras:

A primeira, logo após as manifestações do dia 26 de Maio, quando em entrevista à TV Record, disse que entendia a dificuldade do Rodrigo Maia para avançar com agilidade as propostas liberalizantes, porque o presidente da Câmara não tem poder de dizer o que as bancadas dos partidos devem fazer, diferentemente do presidente da República que controla seus ministros numa canetada.

A segunda é essa agora, como se pode ler no Globo, onde Bolsonaro diz ter, e tem, o poder de promover um revogaço para cumprir aquilo que os três poderes haviam se compromissado, levar adiante o destravamento do que emperra o desenvolvimento do Brasil.

Quem tem boa vontade com o Bolsonaro, a despeito de seu passado antiliberal, deveria ver com surpresa e até admiração as iniciativas de um ex-militar, destrambelhado e temperamental, acostumado a frequentar o baixo clero e o Centrão quando fazia as vezes de deputado. Quem não tem boa vontade só vê o que quer.

Como teria dito há 2500 anos um filósofo grego:

“Há momentos na política, que não basta a verdade ser exposta, ela precisa estar viva, ela precisa carregar com ela a realidade que representa para penetrarem nas profundezas da consciência de quem nega a própria percepção das coisas e sua ações.

É por isso que se diz que a verdade salta aos olhos. Ela precisa superar com perseverança as barreiras da dúvida, os meandros da ignorância ou o abismo da falta de caráter.”

Não podemos ser ingênuos, é óbvio. Estamos falando do governo. Logo, desconfiar é prudente, mas também, por outro lado, não podemos querer ser mais realistas que o rei.

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Roberto Rachewsky

Roberto Rachewsky

Empresário e articulista.

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