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O fenômeno Milei e os que não aprendem nunca

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O estilo é o homem, já dizia o conde de Buffon. No caso de Javier Milei, a sentença pode ser utilizada dubiamente: quem o ama, ressalta a sua oratória excitante; quem o odeia, chama-o de louco extravagante. Independentemente de como se queira tachar, não se pode negar o fenômeno político: ele venceu as primárias na eleição presidencial argentina e tem grandes chances de ocupar a Casa Rosada após o mandato desastroso de Alberto Fernández.

Milei é um libertário com propostas bastante assertivas. Enxugar ao máximo a máquina pública, acabar com o Banco Central e dar totais condições à livre iniciativa são ações necessárias para tirar a Argentina do buraco. E antes que alguém diga ser um absurdo acabar com o Banco Central, basta recordar os efeitos práticos da sua existência: inflação e permissividade com os gastos governamentais irresponsáveis. Os EUA não tinham algo semelhante até a criação do FED, e desde então passaram por duas grandes crises, algumas recessões e uma corrosão tremenda do valor do dólar.

Dar fim ao Banco Central é uma proposta correta. Se a maior economia do mundo colheu exclusivamente desgraças com tal experiência, o que dirá um país do Terceiro Mundo, mera republiqueta latino-americana. Não é deboche com os hermanos, pois o Brasil continua repetindo ipsis litteris a fórmula do fiasco – não só na existência do Banco Central, que é o menor dos males perto do que se faz por aqui. A nossa vizinha Argentina já errou bastante e não tem mais tempo a perder. Um país com mais de 100% de inflação anual, mais da metade da população abaixo da linha da pobreza e com uma moeda valendo o mesmo que valem as promessas da classe política não pode se dar ao luxo de repetir os mesmos equívocos.

Como não poderia deixar de ser, o fenômeno Milei incomodou os almofadinhas da grande mídia. Sua classificação como candidato de extrema direita foi o símbolo da cólera esquerdista. Ora, só se pode classificar fulano como extremo de algo se as suas ideias compõem uma plataforma voltada ao emprego da força para implementá-la. Como diabos um libertário, que almeja na prática uma minarquia com o desenvolvimento pleno das liberdades capitalistas, pode ser tachado de extremo ou coisa similar?

Para além da cólera dos imbecis – e, como já dizia Bernanos, nada no mundo se compara a ela – e da incultura da classe jornalística, existe a sanha desinformativa por parte dos iluminados de araque. Alguns são mais contidos, vendem análises de jerico como verdades do Evangelho com roupagens moderadas. Outros são mais desavergonhados e mentem na cara dura. Não há outra palavra para qualificar o que disse o sr. Ariel Palacios ao classificar Juan Domingo Perón como direitista.

Ele trabalha na Globonews, onde tem sido difícil esperar inteligência e compromisso com os fatos. Entretanto, tudo tem limite.

Pouco depois da vitória de Alberto Fernández, escrevi neste mesmo Instituto Liberal um artigo intitulado O Histórico Desastre do Peronismo na Argentina, no qual apontei o caminho dos nossos hermanos ao completo desastre econômico. Mostrei também como tal populismo virou uma espécie de religião política, muito semelhante ao getulismo. Quem o leu pode falar muitas coisas. Que o peronismo é de direita, bom, certamente não é uma delas.

Perón legalizou a prostituição e instituiu o divórcio na Argentina, comprando uma briga gigantesca com a Igreja Católica e sendo excomungado pelo Papa Pio XII. No campo econômico, foi o responsável pela estatização de diversos setores produtivos, aumentou os gastos públicos e incutiu na mentalidade argentina o mito do Estado como gerador da prosperidade e da justiça social. Se isso é ser de direita, eu sou o sr. Ariel Palacios em pessoa.

O mais absurdo foi a argumentação utilizada para embasar a estupidez. Para o sr. Palacios, o peronismo é direitista por ter perseguido comunistas no passado. É o argumento mais chinfrim possível. Maduro perseguiu Guaidó na Venezuela, cujo partido era o Voluntad Popular, de esquerda socialista. O ditador comunista virou conservador por isso? Só na cabeça de alguns jornalistas brasileiros mesmo. Ah, ele disse algo parecido em 2019 – e recebeu a devida resposta em artigo também publicado no IL por mim.

No fundo, toda essa verborragia não passa de desespero pela possível vitória de Milei na eleição presidencial. Já tentaram desqualificá-lo de tudo quanto é jeito: chamaram-no de ex-instrutor de Kama Sutra, vira-folha por supostamente ter sido torcedor do Boca Juniors e agora ser do River Plate etc. Na hora da peleja, qualquer bobagem serve.

Que os argentinos tomem juízo e rejeitem o peronismo ad infinitum. Que sejam implementadas as reformas de que a Argentina necessita. E que a imprensa aprenda uma vez na vida a ter dignidade com quem pensa diferente do consenso esquerdista. É um desejo sincero, mas, no fundo, impotente. Seus integrantes são vaidosos e incultos demais para isso. Eles não aprendem nunca.

Referências:

1.https://mises.org.br/article/1015/por-que-o-banco-central-e-a-raiz-de-todos-os-males

2.https://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2023/08/14/ariel-palacios-candidato-de-ultradireita-que-lidera-eleicoes-previas-da-argentina-toma-decisoes-com-base-em-taro-e-em-conselhos-do-alem.ghtml

3.https://www.institutoliberal.org.br/blog/o-historico-desastre-do-peronismo-na-argentina/

4.https://www.institutoliberal.org.br/blog/guga-chacra-e-desonesto/

5.https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/477514/noticia.htm?sequence=1

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Carlos Junior

Carlos Junior

É jornalista. Colunista dos portais "Renova Mídia" e a "A Tocha". Estudioso profundo da história, da política e da formação nacional do Brasil, também escreve sobre política americana.

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