O custo dos alimentos no Brasil
O preço dos alimentos no Brasil tem sido, historicamente, um dos maiores desafios para a economia nacional e para o bem-estar da população. Embora fatores externos como flutuações cambiais, crises climáticas e variações no preço internacional das commodities exerçam influência, uma análise sob a ótica liberal revela que o principal problema está nas barreiras internas à livre concorrência e na excessiva intervenção estatal.
A distorção dos preços e o peso do Estado
O economista Friedrich Hayek argumentava que os preços são o principal mecanismo de coordenação de uma economia de mercado, pois transmitem informações sobre a escassez e a demanda de bens. No entanto, quando o Estado interfere de forma recorrente, seja com subsídios mal direcionados, controle de preços ou tributação excessiva, o sistema de preços perde sua capacidade de sinalizar adequadamente as condições reais do mercado.
No Brasil, o setor agroalimentar enfrenta uma carga tributária complexa e cumulativa que encarece a produção e o transporte de alimentos. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação, cerca de 20% a 35% do preço final dos alimentos corresponde a impostos. Como destacou Milton Friedman, “não há almoço grátis”: toda intervenção estatal tem um custo que, inevitavelmente, recai sobre o consumidor.
Burocracia e entraves logísticos
A ineficiência logística é outro fator estrutural. O excesso de burocracia e a falta de infraestrutura adequada aumentam o custo do transporte e reduzem a competitividade do setor produtivo. O economista Ludwig von Mises já alertava que a burocratização da economia reduz a eficiência e desestimula o empreendedorismo, criando dependência das decisões políticas em detrimento da liberdade de mercado.
Estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada mostram que o custo logístico no Brasil chega a 12% do PIB, muito acima da média de países desenvolvidos. Essa ineficiência reflete-se diretamente no preço da cesta básica, tornando os alimentos mais caros nas regiões mais distantes dos centros de produção.
Protecionismo e falta de concorrência
Outro ponto crítico é o protecionismo agrícola e industrial. Tarifas de importação elevadas e barreiras regulatórias impedem que o consumidor brasileiro tenha acesso a produtos mais baratos e de melhor qualidade. O economista Adam Smith, em A Riqueza das Nações, já afirmava que “o interesse do consumidor deve ser sempre preferido ao interesse do produtor”. Ao restringir a concorrência, o Estado protege ineficiências e penaliza o cidadão.
O livre comércio, ao contrário, favorece a competição e reduz os preços. A abertura econômica implementada parcialmente nos anos 1990 demonstrou esse efeito: produtos importados, antes inacessíveis, tornaram-se mais baratos, pressionando a indústria nacional a melhorar sua produtividade.
Caminhos para a redução dos preços
Uma abordagem liberal para reduzir o custo dos alimentos no Brasil deve incluir:
- Simplificação tributária, eliminando impostos cumulativos e desonerando a cadeia produtiva de alimentos;
- Redução da burocracia e incentivo à infraestrutura privada (rodovias, ferrovias, portos e armazenagem);
- Abertura comercial, para estimular a concorrência e o acesso a insumos mais baratos;
- Segurança jurídica, atraindo investimento e promovendo inovação no setor agroalimentar.
Como ressaltou Friedman, “a liberdade econômica é uma condição necessária para a liberdade política”. Uma economia de mercado verdadeiramente livre é também uma economia onde os preços refletem a realidade e onde o consumidor tem o poder de escolha e de comprar alimentos a preços justos.
*Isaías Fonseca é associado I do Instituto de Formação de Líderes de Belo Horizonte.



