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Neguinho da Beija-Flor, Dilma e um bebê alienígena: um mundo demencial

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Mais uma semana normal nas plagas tupiniquins. Começamos a deslizar por nosso feed no Facebook, para nós a fonte mais recorrente de acesso à informação e aos próprios portais de notícias nos dias que correm. Esperamos aquelas manchetes que nos proporcionarão o regozijo de saber como nossa linda civilização caminha bem (só que não; só se fôssemos muito, muito tolos).

O primeiro choque é esta animadora publicação na coluna de Ancelmo Góis, no jornal O Globo: “Neguinho da Beija-Flor trocou de mal com o Facebook. A rede vem negando que ele impulsione algumas postagens em sua página. É que o sistema, veja só, alega que a palavra ‘Neguinho’ é ofensiva”. A reação imediata é esfregar os olhos para ter certeza de que não se trata de um pesadelo em que a humanidade merece ser destruída. Com a certeza da realidade, passamos a verificar se não estamos olhando, por engano, para alguma “falsa notícia” de sites de humor como O Sensacionalista e o Joselito Müller. Nova desilusão.

Famoso no mundo do samba, conhecido por “Neguinho da Vala” em sua infância pobre em Nova Iguaçu, Luiz Antônio Feliciano Neguinho da Beija-Flor Marcondes é intérprete oficial da Beija-Flor de Nilópolis desde 1976, quando a agremiação foi campeã pela primeira vez na elite do Carnaval carioca. Décadas de carreira e reconhecimento do seu valor entre seus pares. Décadas em que o apelido foi usado e incorporado ao seu nome.

Que faz o progressismo político descerebrado da trupe do sr. Zuckerberg? Vai além de dar voz aos pretensos representantes das “minorias oprimidas” e censurar a divergência corajosa, capaz ainda de desafiar a tirania do politicamente correto. Literalmente, esses guardiões do monopólio da virtude se dispõem a castigar aquele que não se ofende! Isso mesmo, caro leitor; se você é negro, homossexual, torcedor do Flamengo (permitam-me a brincadeira), você não tem o direito de seguir sua vida normalmente, de cultivar apelidos carinhosos e buscar o sucesso. Isso seria de uma acomodação absurda à mediocridade burguesa; você tem uma missão divina e imperativa de patrulhar os hábitos mais longevos e com os quais absolutamente ninguém sensato se incomoda. Tem a tarefa inescapável de colaborar para tornar este planeta o lugar mais chato do Universo!

Muito que bem, vou em frente. O que encontro a seguir? O casal pernambucano “Taynan Carneiro, de 18 anos, e Yudi Luiz Santos, de 25 anos”, decidiu “permitir que o bebê deles, Ariel, decida com qual gênero se identifica, em seu próprio tempo. ” É o quê? Vamos adiante: “Aliás, a escolha do nome foi fundamental, segundo a mãe, pois não restringe a forma como a criança será vista pela sociedade.” Diz ainda a mãe: “Deixa a criança viver, ser feliz. Ele não precisa de um gênero para ser uma criança.” E o pai: “Não impomos nada. Ele é um menino, imposto pela sociedade (grifo nosso), da forma como foi registrado. Mas, se mais à frente, ele decidir que não é um menino, é uma decisão dele. A gente enxerga isso com a mente muito aberta.”

Respeito muito isso. Se ele, amanhã ou depois, decidir que não é um menino, é decisão dele mesmo. A coisa que ele tem entre as pernas e os cromossomos XY de que foi dotado pela natureza não têm importância nenhuma. Se ele amanhã ou depois quiser ser um cavalo, um Pokémon ou um deus grego, também é ele quem determina, não a malvada sociedade que diz que ele é um menino! Vivemos tempos prodigiosos, maravilhosos, em que a autodenominação nos torna aquilo que queremos e acreditamos ser e, vejam só, não somos considerados loucos por isso! É emocionante esse novo mundo!

O ser humano nunca havia chegado tão longe. O hábito de revolver a esfera natural sempre fez parte do seu cotidiano, mas agora, com as palavras e a linguagem assumindo tamanho poder de se impor sobre a mínima objetividade dos fatos, realmente ultrapassamos as nossas maiores ambições. O bebê não é mais um bebê, nem um menino, nem uma menina; ele é uma espécie de alienígena, amorfo, fluido, pronto a se definir como os termos, e não os fatos, determinarem.

Pensa que acabou? Na busca desesperada por um respiro, meus olhos acabaram por se deter na pior de todas as notícias. A mais absurda. A mais vexatória. A que nos deixa mais envergonhados. Basta ler a manchete:

“Privatização da Eletrobras ameaça segurança energética, diz Dilma Rousseff”.

Por todos os deuses de todas as religiões de todas as mitologias de todos os povos conhecidos e desconhecidos do Universo: COMO ALGUÉM AINDA CHAMA ESSA MULHER PARA DAR OPINIÃO SOBRE ECONOMIA??? Melhor dizendo: sobre qualquer coisa que seja?

Único resumo possível desse inglório passeio pela rede: parem o mundo que quero – e preciso – descer.

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Lucas Berlanza

Lucas Berlanza

Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), colunista e presidente do Instituto Liberal, membro refundador da Sociedade Tocqueville, sócio honorário do Instituto Libercracia, fundador e ex-editor do site Boletim da Liberdade e autor, co-autor e/ou organizador de 10 livros.

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