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Não existe meia liberdade

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Já pararam para pensar sobre a ascensão da China? Seria consequência de uma meia liberdade? Mas, espera, isso existe?

Bem, a China é uma nação comunista desde após a Segunda Guerra Mundial, quando se fechou para o ocidente, proibindo qualquer tipo de negociação e forçando uma autossuficiência financeira, de bens e alimentícia. Desde então, o país vinha sofrendo com uma economia quebrada, população passando fome e um país ignorado por todo o resto do mundo.

Essa realidade começou a mudar desde que, na década de 80, o país resolveu se abrir ao ocidente e, então, investir na construção de quatro grandes zonas industriais, conhecidas como zonas econômicas especiais. Eis, aqui, duas características muito fortes do liberalismo: negociações comerciais externas e investimento. Essa última foi um dos grandes fatores responsáveis e essenciais para a produtividade chinesa iniciar e crescer em grande escala.

Seguindo à diante, a China atraiu diversas fábricas estrangeiras em suas zonas econômicas especiais devido à facilidade que proporcionava aos empresários, com reduzidas regulamentações e baixo custo. Eis, aqui,outra característica favorável ao liberalismo: incentivo ao empreendedorismo.

Por consequência das medidas tomadas serem favoráveis a uma economia de mercado, Shenzhen, que é uma das quatro zonas econômicas especiais, desfrutou dos benefícios alcançando um aumento de mais de 20.000% no PIB desde 1980 até 2016. De fato, nem mesmo a China comunista resistiu aos resultados provenientes da liberdade econômica e, ainda que um novo presidente tomasse posse, nenhum deles voltaria atrás nas medidas que haviam sido tomadas quanto à economia. Pelo contrário, nos 30 anos que se seguiram desde a criação das primeiras zonas, a China construiu cada vez mais.

Apesar do imensurável avanço na economia chinesa, o país permaneceu sem nenhuma evolução política. Quanto mais a economia crescia, mais a liberdade política era reprimida. Um exemplo dessa premissa foi o Massacre da Paz Celestial, que ocorreu em Pequim, quando estudantes clamavam ao governo por mais direitos, como liberdade de expressão, além de apenas lucrar. Nesse episódio, o governo reprimiu o movimento enviando tanques de guerra e abrindo fogo contra os estudantes.

Essa ascensão econômica e essa repressão política tornou o Estado cada vez mais soberano, agindo sem nenhuma oposição e tornando possível tudo o que lhe fosse de interesse.

Sem liberdade de imprensa, o setor de mídia está sob controle estatal. O Estado tudo governa: internet, meios de comunicação e academia. Nesse caso estaríamos falando, então, de uma meia liberdade, onde a economia seria livre, mas a política não. E essa tal meia liberdade existe? Isso se sustenta?

Friedman nos dá um bom exemplo que clareia nossa mente a essa pergunta ao escrever a obra “Capitalismo e Liberdade”. Ele exemplifica que no sistema livre e capitalista não é necessária a aprovação de uma ideia para que seja propagada em um meio de comunicação. Basta provar que a propagação será financeiramente lucrativa e não haverá motivos em negá-la. Veja, agora, o caso da China. Ainda que raros, há meios de comunicação privados, porém, todos controlados pelo Estado. Logo, sem prévia autorização, ainda que muito lucrativa, a ideia não será publicada. Nesta situação, onde estaria a liberdade econômica de livre negociação? Não estaria agindo a mão invisível do Estado que tudo controla? Ainda no setor econômico, quem determina o preço do yuan e quem pode comprá-lo? Quem controla o sistema bancário, decidindo quem pode tomar empréstimos?

De fato, isso não se sustenta, pois todo aquele que é meio livre, também é meio preso. Alcançar o PIB americano pode não ser tão difícil como mantê-lo sempre superior. Muitas aquisições possuem menor custo que suas manutenções. A China vem garantindo sua ascensão, mas seriam as grandes potências construídas apenas de sucesso econômico? Não existe meia liberdade. Não existe meio sucesso.

 

* Paula Magioni é colaboradora no Instituto Líderes do Amanhã.

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