Liberdade não é gratuita

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Em diversos memoriais espalhados pelos Estados Unidos, está estampada a frase Freedom is not free, para lembrar os contemporâneos de que a liberdade usufruída hoje foi conquistada com vidas e sangue de milhares de indivíduos.

Os americanos lutaram para acabar com os altos impostos da Coroa britânica sem a devida representação política no parlamento inglês. Reuniram diferentes culturas, raças e religiões, organizaram-se entre estados e buscaram sua independência para criar uma das nações mais prósperas do mundo.

Na mesma época, os próprios britânicos dedicavam esforço e suor para desenvolver processos e máquinas capazes de transformar o método de produção industrial e revolucionar o mundo. A era industrial possibilitou acesso a bens que antes eram exclusivos às famílias reais, abriu caminho para o comércio internacional e melhorou a qualidade e expectativa de vida no mundo inteiro.

No século 19, na França, a disputa foi pela limitação do poder do Estado, a separação de poderes e a democracia. Posteriormente, os intelectuais liberais desafiaram a Igreja Católica ao defender o sufrágio feminino e o direito de as mulheres estudarem. Na mesma época, diversos países lutavam pela abolição da escravatura e pela liberdade dos povos escravizados. O século seguinte ficou marcado pelas grandes guerras e pelos regimes totalitários.

Stálin buscava a coletivização dos meios de produção, perseguiu opositores e provocou a morte de milhões de pessoas que lutavam pela sua liberdade e propriedade privada. Os camponeses ucranianos se recusaram a renunciar a suas terras e acabaram morrendo de fome no Holodomor.

Hitler utilizou outra justificativa, mas adotou medidas muito semelhantes às do governo russo. Perseguiu e matou opositores, negros, judeus, eslavos, polacos, ciganos e homossexuais. Novamente a liberdade cobrou um alto preço, com milhões de mortos, entre civis e militares, de diversas nações, inclusive do Brasil.

Nas décadas seguintes, os conflitos pela liberdade contra os regimes comunistas e socialistas apoiados por China e Rússia seguiram. Na guerra da Coreia, a liberdade triunfou, e a Coreia do Sul emergiu como um dos países mais desenvolvidos do mundo. Na guerra do Vietnã, a liberdade perdeu.

A própria China teve sua experiência coletivista, abolindo a produção privada e adotando medidas econômicas determinadas pelo planejamento central do governo, resultando em mais de 15 milhões de mortos pela fome.

A liberdade é constantemente ameaçada por grupos contrários aos princípios que pautaram o progresso. Em contrapartida, o Estado de Direito proporciona uma legislação que regula as relações entre os agentes públicos e privados sem beneficiar uma das partes envolvidas. As leis e a Constituição são superiores ao arbítrio.

O capitalismo de livre mercado atende às necessidades das massas produzindo bens e serviços que melhoram a qualidade de vida de forma geral. Além disso, proporciona emprego e renda para pessoas de diferentes graus de qualificação. A propriedade privada faz parte desse arcabouço, possibilitando ao indivíduo usufruir os resultados do seu esforço e emergir socialmente.

Historicamente, o Brasil adotou políticas coletivistas e nacionalistas em diferentes períodos, o que influenciou os desafios atuais, com altos índices de corrupção, criminalidade e impunidade; educação precária, figurando entre os piores desempenhos mundiais no ranking do Pisa; renda estagnada e pobreza elevada, que fez o país cair 39 posições no ranking de PIB per capita do FMI de 1980 a 2024; economia concentrada em poucas grandes empresas, que se beneficiam do péssimo ambiente de negócios, do protecionismo e da baixíssima competitividade; e um Judiciário formado por indicados políticos tomando decisões arbitrárias.

Essa realidade não se restringe a nós. Há atentados contra a liberdade e vidas sendo perdidas pelos soldados e pela população na Ucrânia. Ameaça permanente aos judeus em Israel e no mundo. Centenas de presos sem provas e direito de defesa no nosso país. Morte do pré-candidato Miguel Uribe na Colômbia, de Charlie Kirk nos Estados Unidos e de tantos outros defensores da liberdade.

Ao longo do tempo, as ideias liberais clássicas conquistaram direitos para as pessoas, como as liberdades de expressão, religiosa e individuais, e proporcionaram um salto na expectativa de vida, com os avanços da medicina e na qualidade de vida, e com a extrema pobreza mundial diminuindo drasticamente.

Mesmo usufruindo os benefícios conquistados pelos liberais, muitas pessoas seguem em constante ataque à liberdade, defendendo as ideias coletivistas que resultam em concentração de renda, pobreza, fome e mortes.

Os maiores avanços civilizatórios dos últimos trezentos anos se deram com vidas e esforço das gerações passadas e atuais. A liberdade é capaz de melhorar a vida de todas as pessoas, até mesmo de seus opositores. Mas ela requer sacrifício, responsabilidade e defesa constante. Infelizmente, Freedom is not free.

*Gustavo Machado, economista e associado do Instituto de Estudos Empresariais (IEE).

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