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Fora, Crivella!

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Às vezes o recado precisa ser claro e peremptório, porque a única porta de saída para a honradez pública que resta é o espinafrar definitivo. Existem princípios que não podem ser ultrapassados e situações que não podem ser criadas, sob pena de restar só a alternativa do famoso “a porta da rua é serventia da casa”.

O prefeito de uma cidade que é – apesar dos pesares – uma das maiores vitrines do país não se pode permitir atravessar a linha. A incompetência flagrante, o abuso no reajuste do IPTU, as trapalhadas dignas de “vídeo-cassetada” já seriam marcas de uma gestão que se desenhava nula, risível e esquecível.

O próprio Marcelo Crivella já reconheceu que lhe falta experiência – não obstante, ele concorreu ao posto. As responsabilidades não cessam de existir porque o sobrinho de Edir Macedo, na política desde a eleição de 2002, é um “calouro” no Poder Executivo.

Ele, que já foi aliado do PT e base do governo Lula, soube se tornar a única opção para os cariocas no segundo turno quando concorreu com o socialista Marcelo Freixo. Única, melhor – nem por isso decente. Na condução da máquina, tem mostrado que o sucesso em se construir como um candidato mais razoável e de visão mais liberal na economia do que o oponente final, o que não seria nada difícil, não se repete no cumprimento das metas de seu governo.

Nada disso se equipara ao que vemos agora ser denunciado na grande imprensa. Errar, falhar, ser um péssimo prefeito, são estultices a que o homem público, ainda que pague o preço, tem direito. É claro que passa a ser vexatório quando, ciente de que não está à altura dos encargos que pretendia assumir, ele insiste, prejudicando centenas de terceiros. Ser pateticamente inapto não é, porém, em si mesmo, um crime.

Perverter a impessoalidade inerente ao cargo, aí não. Isto sim é inadmissível, intolerável e criminoso para o mandatário de uma cidade, um estado ou um país.  Crivella é prefeito de todos os cariocas – dos que o amam e odeiam, dos que nele votaram e dos que não votaram, dos que seguem sua religião e dos que preferem as giras de Umbanda.

Ao ser flagrado em reunião com pastores prometendo o acesso a facilidades, como a colocação de pontos de ônibus em frente às igrejas evangélicas, soluções rápidas para problemas com IPTU – “se você não falar com o doutor Milton, esse processo pode demorar e demorar” – e a agilização do atendimento a fiéis enfermos, Crivella estava dizendo, literalmente, que os cidadãos que frequentam as igrejas desses pastores e os próprios pastores em si mesmos são cidadãos de uma classe mais nobre, de uma estirpe superior, dignos da dispensação de privilégios.

A extrema esquerda beautiful people que segue viúva do PSOL de Freixo não tinha razão, absolutamente, quando vaticinou que Marcelo Crivella transformaria o Rio de Janeiro em uma teocracia da Igreja Universal. Não chegamos, não chegaremos e não chegaríamos a esse ponto. A figura esquálida de Crivella sequer teria apetite para esse projeto de totalitarismo religioso.

O que acabou por nos acometer, em nova manifestação de uma antiga receita, é um mal de outra ordem, já nosso velho conhecido: o tradicional compadrio, o típico patrimonialismo, a consagração da venalidade e do coleguismo espúrio que o Brasil que desejamos ver emergir da Operação Lava Jato e de uma tomada efetiva de consciência dos cidadãos não deve mais tolerar. Velho ou novo, o problema está público. É imperativo que tenha consequências.

Quaisquer que sejam os desdobramentos político-eleitorais, Marcelo Crivella deve renunciar ou sofrer impeachment. Seu mandato não pode continuar. Nenhuma outra solução para o caso deve ser tolerada.

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Lucas Berlanza

Lucas Berlanza

Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), colunista e presidente do Instituto Liberal, membro refundador da Sociedade Tocqueville, sócio honorário do Instituto Libercracia, fundador e ex-editor do site Boletim da Liberdade e autor, co-autor e/ou organizador de 10 livros.

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