Danilo Gentili e a Motosserra: um brado liberal

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Muita gente viu o vídeo do humorista Danilo Gentili no qual ele, em seu show Politicamente Incorreto 2018, destrói, com uma motosserra, grande quantidade de processos que recebeu por fazer piada com esta ou aquela figura política. Caso o leitor ainda não tenha visto, pode assistir aqui. Interessante salientar, nisso tudo, que, conforme afirma o humorista, todos os processos provém de pessoas ligadas ao PT ou ao PSOL – sendo que ele não se furta de fazer piada com toda e qualquer figura pública. Em suas palavras:

O que eu fiz hoje, de zoar todos os candidatos, eu faço sempre no meu programa, nos meus shows, e fiz aqui hoje. E eu nunca recebi um processo de nenhum outro político ou partido que não fosse o PT ou o PSOL.

E mais, falando sobre a imprensa e da lista negra do PT na qual consta seu nome:

A imprensa não ligou para isso. […] Eles não ligam muito quando é o PT que faz censura. […] Eu zoei o Temer, “zoo” o Aécio de “cheirador”. Vocês viram eu zoando todo mundo aqui. Eu zoei a facada do Bolsonaro no dia e nunca ninguém me fez uma queixa crime. No dia que eu zoei o negócio do Lula chegou a queixa crime aqui para mim.

Não que partidos como o PSDB etc. sejam flor que se cheire. Longe disso. Contudo, a censura e os processos articulados contra Danilo Gentili não passam de demonstrações fiéis do que significa o politicamente correto defendido por partidos como PT e PSOL. Mostram, aliás, o porquê de tais partidos simpatizarem com regimes ditatoriais como o cubano e o venezuelano, uma vez que nesses lugares não se pode satirizar os políticos que se sentem deuses. E mais do que isso: essa atitude antidemocrática deixa transparecer muito do que esses partidos projetam para o Brasil: fazer dele uma floresta na qual só possa florescer o discurso esquerdista. Por isso a importância de motosserras liberais como a da Gentili.

Tais partidos, ou melhor, seitas, cujo discurso é pela “diversidade” e pela “democracia”, sequer respeitam o inciso IX do Art. 5º da Constituição Federal, que afirma: “é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;” – precisamente o que não se respeita nos regimes idolatrados por essa classe de autoritários obcecados.

Outra questão: PT e PSOL adoram dizer que combateram a censura praticada durante o período da ditadura militar no Brasil contra os artistas – algo legítimo, claro. Mas, ao tentar silenciar Gentili, não é precisamente o que eles fazem, a saber, censurar um artista? A hipocrisia dessa turma é grosseira demais para que suas críticas sejam respeitadas.

Talvez alguém da galerinha do bem argumente que Gentili é claramente liberal. Pergunto: e daí? Caetano Veloso, Chico Buarque e mais uma centena de artistas esquerda caviar metidos a “engajados” não se pronunciam politicamente? Mas eu entendo o discurso. A explicação é que artistas só podem e devem se manifestar politicamente caso estejam do lado esquerdo do espectro político. Os demais, os “malvadões”, devem permanecer em silêncio.

Disse no título que a motosserra de Gentili é um brado liberal. Mas por que exatamente? Porque com essa ferramenta e a destruição dos processos, moções de censura, entre outras acusações e tentativas de calar o humorista, a tirania foi cortada em pedaços; essa atitude foi um brado liberal porque exprimiu um inconformismo radical contra qualquer tipo de autoritarismo político de quem se acha puritano demais para ser criticado; é um brado liberal porque manifesta total repúdio àqueles que se acham acima da lei e da liberdade de expressão alheia e que desejam fazer de Brasília uma Caracas, uma Havana ou uma Pyongyang. Enfim, é um brado liberal porque faz respeitar o que está declarado na Constituição e porque, conforme afirmou Gentili: “isso daqui [a motosserra] significa que esses filhos da puta não podem nunca mandar a gente calar a boca”.

Diante dessas declarações é possível que mais alguém da galerinha do bem diga que Gentili não respeita as autoridades. Respondo dizendo que não. Pois Gentili respeita as autoridades. O que ele não respeita – e nem deve – é o autoritarismo. Isso deve ser rechaçado, ridicularizado e combatido. Além do mais, para responder a qualquer um que disser que Gentili não respeita as críticas dos políticos às suas falas, vejamos o que diz o humorista: “Deixa [se referindo aos processos], a gente está numa democracia. Ela [Maria do Rosário – PT] tem o direito de falar. Quem não gosta de democracia é ela. Por mim está tudo bem.”

Por isso afirmo que a motosserra de Danili Gentili, ao negar a censura e os processos que podemos entender como antidemocráticos representou de forma metafórica a ação liberal contra o despotismo. E seu ruído, o brado de milhões de pessoas esmagadas pela obesidade mórbida de um Estado boçal. O combate a isso se faz necessário, pois cada um daqueles processos é uma semente que, se regada, floresce como ditadura. Ou, em analogia contrária: cada um daqueles processos representa uma motosserra que, quando na mão de partidos como o PT e PSOL, se converte não naquela ferramenta que despedaça as raízes da autoridade desmedida, como fez Danilo Gentili, mas, ao contrário, naquela que está à serviço da ideologia mais perversa que já brotou nesse pomar cultivado por malucos.

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Thiago Kistenmacher

Thiago Kistenmacher

Thiago Kistenmacher é estudante de História na Universidade Regional de Blumenau (FURB). Tem interesse por História das Ideias, Filosofia, Literatura e tradição dos livros clássicos.

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