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A problemática negação do legado cristão

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Primeiramente, quero deixar informado que, apesar deste texto trazer um certo conteúdo religioso, principalmente com menção do nome de Cristo, estarei abordando questão cultural de uma certa negação do legado cristão entre nós e que culmina com a abominação de nossa civilização. E tal aspecto já é consolidado até mesmo entre filósofos e pensadores não cristãos.

O aborto agora permitido pelas autoridades brasileiras, principalmente pelo Supremo Tribunal Federal, incluindo discussões legislativas ferrenhas no congresso nacional, nos leva a crer que está se assumindo uma forma oculta ou ainda não desvelada de religião em nosso meio civil de convivência. Esse é apenas um exemplo correntio para ilustrar o título e o conteúdo do texto que estou propondo ao leitor. Formas de plagiar baratamente o cristianismo existem aos montões e não vou aqui, pela brevidade do espaço, tecer todas elas ou um grande número delas. Que fique também desvelado, então, que essas tais maneiras de encarar nossa convivência digamos religiosamente “neutra”, impostas por um tal senso comum modernista, já não conscientizadas, passam a despercebido porque já impregnadas no imaginário incauto e manipulado.

Nessa Era Moderna, culturalmente, a negação oculta de Jesus torna-se outra forma de cultuar outros deuses, os pagãos da Era Moderna em que estamos vivendo. Já se fala, inclusive, em pós-modernidade e há rumores literários já de uma além da pós-modernidade. Em todos esses casos o de sempre: a negação cultural do legado cristão. Esse culto à antinatureza corrói toda nossa potencialidade inata de pensar e tomar passos de liberdade. Ora, se nosso legado cristão ocidental tem como maior pressuposto nossa liberdade de raciocinar e tomar passos de fé, então só posso crer que ideologias destrutivas que foram lançadas em nosso imaginário são formas de religião travestidas de cultura, só que fora da igreja ou dos púlpitos. Santo Agostinho e Eric Voegelin já disseram que “as ideologias modernas se pretendem autônomas, mas não conseguem mais do que parasitar o Cristianismo através de uma imitação grotesca, e direcionar seus cultos, liturgias e ritos para uma exaltação do Estado (…).” (Nelson Lehmann da Silva, em A religião civil do Estado Moderno, Vide Editorial, 2016).

Quando falo em modernidade, pós-modernidade e além do pós-modernismo, não tem nada a ver com o sentido empregado pelo politicamente correto, um momento da história humana em que tudo é bonito, maravilhoso e “evoluído”, como se no final desse lindo arco-íris fôssemos desaguar no paraíso terreno. Não! Caro leitor, é exatamente o contrário disso! E, nesse ponto, peço desculpas pelo transtorno mental ou emocional, mas não costumo passar a mão na cabeça de quem me sacaneia (referindo-se a esses pensadores amentais).

Mas, o que quero dizer sobre esses 50 tons de Cristo não é exatamente sobre religião. Diz respeito à cultura ou forma de viver e de conviver disfarçadas que são, a bem da verdade, verdadeiras formas de religião anticristãs. Lembrando que o cristianismo é nosso maior legado da história, tendo sobrevivido aos “testes do tempo”, na feliz expressão identificada em Roger Scruton para enxergar uma cultura conservadora que merece ser apreciada e mantida apesar de sua agonização presente.

A obra de Santo Agostinho com suas Duas cidades está a nos revelar uma bipartição de dois segmentos para nossa cidadania: um para religião e outro para… outra coisa. Ou seja, claro que outra coisa não significa algo abjeto ou desprezível. Quis dizer apenas que essa outra coisa não é religião e desta deve ser devidamente separada. Nisso podemos falar em cidadania cristã, destruída lentamente pelos arautos da modernidade.

O mais atual dos pensadores precursores de uma tal revolução e hegemonia cultural, nesse sentido oculto pretendido nesse texto, é Antônio Gramsci. Lá de um cárcere, para onde foi a mando de Mussolini, escreveu seus trinta e três mortíferos Cadernos do Cárcere. Esse lixo religioso foi paulatinamente sendo impregnado em nosso imaginário cultural, como um aluvião, e hoje temos a necessidade de parar de pensar nos outros e ser um pouco mais egoístas (que fique bem claro: aos moldes éticos de Ayn Rand, em A virtude do egoísmo) para refletirmos sobre a onda esquerdista, sobretudo no politicamente correto. Parece que estávamos com a corda no pescoço e agora ela começou a esticar um pouco mais, mas ainda dá tempo de nos salvar…

Esse manipulador de mentes, ideólogo falsário e anticristão, é um dos mais atuais. Vamos aos antigos então. Como se diz, “vamos começar do começo”.

Ano de 1513, Nicolau Maquiavel: “Portanto, é necessário para um príncipe, se quiser preservar-se no poder, que aprenda a ser hábil em não ser bom”.

Ano de 1637, René Descartes: “Rejeitar como absolutamente falso tudo aquilo sobre o que eu posso imaginar uma única dúvida”. Ou seja, um mínimo de dúvida torna aquilo que é claro uma escuridão imensa.

Ano de 1651, Thomas Hobbes, em Leviatã: “Todo homem tem direito a tudo”. Isso quer dizer todos têm direito a tudo e que o Estado tem a obrigação de nos dar não importa o quanto isso seja imoral ou prejudicial. O aborto agora permitido tem essa característica.

Ano de 1755, Jean Jacques Rousseau, os homens não são maus porque eles não sabem o que é ser bom.

Ano de 1848, Karl Marx e Friedrich Engels: “A história de todas as sociedades existentes até então é a história da luta de classes”. Essa dupla ateísta considerava que tudo não passava do aspecto meramente material.

Ano de 1863, John Stuart Mill, para quem o certo e o errado deve ser aferido pela fórmula PRAZER X DOR.

Na linha do tempo sucederam Charles Darwin (1871), o endiabrado Friedrich Nietzsche (1886), este se autoproclamou o anticristo, Vladimir Lênin (1917), Adolfo Hitler (1925), Freud (1927), Margaret Mead (1928), Hegel (1770/1831).

Certamente que existem muitos outros pensadores que dominaram o mundo moderno com suas teorias absurdas de civilização e progresso. Mas esses citados são os responsáveis pelos principais estragos causados na humanidade e que são perceptíveis até os dias de hoje.

Depois de tanto tempo, durante séculos e séculos, tudo parecia tão claro como o sol do meio-dia, mas as aventuras da razão deram lugar às ilusões do mundo moderno de hoje. A regra do certo e do errado ou nossa Lei da Natureza Humana foi sendo transfigurada por meio da cultura e, mesmo que isso seja verdade, é descabido  dizer que Deus tem mea-culpa. Como deixou escrito C. S. Lewis, essa nossa Lei Natural todos conhecemos naturalmente e não precisamos que outros nos ensinem (Cristianismo puro e simples, p. 8). Ainda em Lewis e como conclusão de seus escritos, “Os homens conhecem a Lei Natural e transgridem-na. Esses dois fatos são os fundamentos de todo pensamento claro a respeito de nós mesmos e do universo em que vivemos” (mesma obra, p. 12).

Escolham bem antes de comprar algum livro, pensem bem antes de matricular seus filhos na escolinha e reflitam muito antes de ler alguma coisa na mídia, pois existem muitos estelionatários da razão e do espírito humano, verdadeiros picaretas do espírito, que se dizem possuir dons supremos ou divinos de adivinhação e de escolha de um bem-estar coletivo ou de um bem comum. Na tentativa de recusar a condição humana, são pessoas que transformaram a terra naquilo que está escrito em Filosofia moral: exame histórico e crítico dos grandes sistemas: um “vale de lágrimas” (escrito por Jacques Maritain, Livraria Agir Editora).

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Sergio de Mello

Sergio de Mello

Defensor Público do Estado de Santa Catarina.

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