A nova onda rosa da América Latina
A chamada nova onda rosa que está em curso na América Latina vai enfrentar um cenário totalmente diferente no poder do que enfrentou na década de 2000.
Quando assumiram o poder, excetuando casos pontuais como a Venezuela, os governos de esquerda receberam países com cenários macroeconômicos estáveis, moedas com solidez histórica e relativa confiança dos órgãos internacionais nunca antes vistas no continente.
Nesse contexto, moderaram seus discursos radicais dos anos 90, não fizeram mudanças de teor caótico no primeiro momento e ampliaram programas de foco social, pavimentando uma zona de conforto da qual esbanjaram personalismo populista e elegeram sucessores de caráter extremamente duvidoso sobre a continuidade de seus legados.
Porém, acabaram acusando seus antecessores de “entreguistas” e de legarem uma “herança maldita”.
Tais sucessores demonstraram atitudes autoritárias, escalaram a polarização política, permitindo opções radicais, e desmoralizaram a centro-direita, promovendo a chegada ao poder de uma onda conservadora que flertava com a anti-democracia. Além disso, tentaram promover um populismo à sua maneira e prejudicaram todo o progresso econômico, que já estava em declínio.
Agora esta nova onda rosa retoma o poder e desta vez não herdará o cenário estável que herdara dos “neoliberais entreguistas” da década de 90. Alguns insistem em um discurso mais radical do que os da primeira onda; irão sofrer baques severos nas suas popularidades se não mudarem, como ocorreu com Alberto Fernández (hoje com 70% de reprovação na Argentina) e ocorre com Gabriel Boric (devido à péssima constituição criada e à alta inflacionária do país com as promessas de mudança do sistema econômico).
*Artigo publicado originalmente na página Liberalismo Brazuca no Facebook.