A ditadura das narrativas, da fragmentação e do ressentimento
Quando o atual presidente, o autoproclamado “pai dos pobres”, foi recolocado no poder, embalado pelo slogan sentimentalista da União e Reconstrução, ofereceu-se ao país uma narrativa cuidadosamente polida, quase litúrgica, de pacificação nacional. A retórica pretendia ser bom-mocista, mas escondia o “inescondível”. Há um dado estrutural inescapável na história e nas experiências pragmáticas da realidade vivida.
Ideologias que se apresentam como redentoras precisam, invariavelmente, construir um inimigo. Sem esse antagonista funcional, sua coerência interna se dissolve como sal em água. Foi exatamente essa engrenagem que se instalou mais uma vez no Brasil. Em vez de governar para uma nação plural, o progressismo identitário dedicou-se a fragmentá-la em antagonismos artificiais, no conhecido divisionismo social. A luta entre brancos contra negros, homens contra mulheres, ricos contra pobres, católicos contra judeus…
A política deixou completamente de operar no campo da razão e passou a funcionar como catequese emocional, onde cada grupo é eternamente convertido em vítima e todo dissidente é tratado como opressor estrutural. Enquanto isso, aquilo que determina o destino de um país próspero, ou seja, desenvolvimento econômico, ambiente de negócios saudável, produtividade, emprego, renda e riqueza, foi relegado ao rodapé, como se prosperidade fosse irrelevante diante da oportunidade de administrar vinganças e ressentimentos. O projeto lulopetista em curso não se orienta para crescer, mas para punir. Não pretende integrar, mas disciplinar e buscar um acerto de contas.
O lulopetismo transformou o Estado em instrumento de vingança política. A divergência passou a equivaler a suspeição; a crítica, a transgressão; o opositor, a criminoso moral. Instituições inteiras foram capturadas pelo espírito punitivo dessa cruzada “progressista”, convertendo-se em aparelhos de vigilância ideológica sob o pretexto de proteger a democracia e o Estado de Direito. A censura deixou de ser fantasma autoritário e tornou-se política pública. A intimidação se transformou na estratégia, e a aplicação do medo em rotina.
O ápice desse processo é a transformação do ex-presidente Bolsonaro em inimigo público número um. Sua prisão cumpre uma função ritualística que não se trata apenas de disputa jurídica, mas de um sacrifício simbólico que mantém coesa a coalizão emocional do governo. Um bode expiatório é sempre necessário quando o poder não consegue produzir prosperidade, hipnotizando o país pela lógica punitiva.
O Brasil segue aceitando a bizarra ideologização “progressista”, assistindo ao teatro dantesco como se fosse solução dos problemas nacionais. Mas a realidade é implacável. Vivemos no pior dos mundos.
Um país onde a coesão social foi completamente destruída, consolidando-se uma cultura do medo, imposta de cima para baixo. Opositores políticos são perseguidos sem pudor apenas por pensarem distinto da “verdade” fabricada pelo Estado “progressista”. A censura voltou a ser rotina institucional, implantando-se uma ditadura — inevitável, ainda que negada — não pelo estrondo das botas, mas pelo silêncio forçado das consciências.
O Brasil precisaria ser uma nação pujante, mas, sob a lógica do ressentimento e da vingança, tornou-se apenas um país administrado pelo medo e brutalmente paralisado por quem converteu a política em tribunal, a dissidência em crime e o futuro em punição. Simples. Mas por quanto tempo mais?



