2018 será decisivo: Brasil vai seguir nas reformas ou vai voltar a apontar para a Venezuela?
O PT destruiu o Brasil. A corrupção foi uma parte, mas não a principal. Os petistas institucionalizaram a roubalheira, além de levá-la a um patamar sem precedentes. Mas mesmo esses bilhões todos desviados não explicam a desgraça econômica que se abateu sobre nosso país. A principal causa é mesmo ideológica: o nacional-desenvolvimentismo, a “nova matriz macroeconômica”, a hiperatividade estatal: eis o nosso maior inimigo.
O melhor indicador isolado para analisar isso é o Índice de Liberdade Econômica do Heritage Foundation. Ele mede o grau de abertura da economia, a facilidade em fazer negócios, a concorrência, o direito de propriedade. E quando observamos a tendência do Brasil durante a era lulopetista com base nesse indicador, temos a melhor resposta para nossos males:
A Colômbia e o Peru, nesse período, fizeram reformas mais liberais e fecharam o Acordo do Pacífico, com o Chile, país que já tem instituições mais liberais. Abraçaram a globalização, permitiram mais mercado, respeitaram mais os contratos. Como resultado, o índice de liberdade econômica deles subiu.
Enquanto isso, o Brasil perdeu várias posições, passou a ser o centésimo-quadragésimo do ranking, perto do Paquistão! Perdemos cinco pontos no total, quase a metade do que perdeu a Venezuela (11 pontos), que já virou socialista de vez. Com o PT, o Brasil virou “meio-socialista”, foi um aluno disciplinado do Foro de SP. Foi o próprio Lula quem disse que Chávez dirigia uma Ferrari e ele um Fusca, mas ambos rumo ao mesmo destino. Ele não mentia.
Após o impeachment, o presidente Temer, com senso de sobrevivência, adotou medidas “impopulares” que, ao menos, estancaram a sangria. Colocou gente séria nas estatais, o que não resolve, mas ajuda. Aprovou no Congresso teto de gastos e luta para aprovar algumas reformas necessárias, ainda que aquém do que precisamos. Decidiu privatizar algumas estatais, e trocou a equipe econômica, colocando gente mais ortodoxa.
O resultado não tardou: paramos de piorar. O PIB se estabilizou, a inflação desabou, o desemprego parou de subir, e ensaiamos uma leve retomada. Ainda é muito tímida, pois as medidas foram tímidas. Simplesmente foi interrompido o rumo socialista, nada mais.
Agora é preciso mergulhar no liberalismo. E 2018 será um ano decisivo para sabermos se o Brasil seguirá na toada das reformas liberalizantes, ou se vai se agarrar ao atraso esquerdista. Alexandre Schwartsman falou disso em sua coluna de hoje na Folha, apontando para a melhora dos indicadores, mas concluindo com tom menos otimista:
Não se segue, contudo, que nossos problemas estejam superados. Muito embora haja condições para uma retomada moderada nos próximos 18 a 24 meses, o comportamento das contas públicas permanece como fonte constante de ansiedade e mais ainda após a revisão das metas fiscais para o período 2017-20.
Mesmo com taxas reais de juros mais baixas, a se confirmarem os números ali previstos, o governo a ser eleito em 2018 herdará uma dívida superior a 80% do PIB e a necessidade de transformar o deficit primário de 2,3% do PIB (R$ 159 bilhões) em superavit de 1% a 1,5% do PIB (de R$ 70 bilhões a R$ 100 bilhões).
A eleição do ano que vem pode ser, portanto, a mais importante pós-redemocratização do país: decidiremos se vale a pena seguir o difícil caminho do ajuste ou se optaremos pela manutenção do status quo, que nos trouxe à pior crise da nossa história.
A depender de nossos políticos, que continuam lutando pelos lugares na janelinha enquanto o ônibus marcha para o abismo, temo que o status quo largue com ampla vantagem.
O Brasil era não um ônibus, mas um Titanic rumo ao abismo. A retirada do piloto petista fez com que ele parasse um pouco para respirar. Mas os enormes problemas estruturais permanecem. A sangria das contas públicas é insustentável. Ou vamos fazer as reformas liberais, ou vamos afundar de vez.