O que esperar depois da vitória de Boric no Chile?
A reação inicial do mercado após a vitória de Boric mostra que o jovem presidente do Chile vai ter um problema e tanto pela frente.
O problema de Boric não será impossível de resolver. Basta lembrar o que aconteceu por aqui em 2002, quando ficou claro que Lula seria eleito, e o que aconteceu depois; mas não é um problema simples.
Não sei se Boric tem a maturidade e, talvez mais importante, a capacidade que Lula teve para frustrar as expectativas dos próprios aliados. Se não tiver, as coisas podem ficar complicadas.
Por outro lado, o Chile, apesar dos temporais, teve tempo para desenvolver uma economia mais sólida do que a do Brasil. Quando Lula foi eleito, não tínhamos nem dez anos de estabilidade de preços.
Torço pelo Chile (lembrem que eu também torço pelo Botafogo); seria uma lástima se o caso mais próximo de sucesso em nuestra América se mostrasse incapaz de resistir a um mandato presidencial, mesmo que depois de uma tempestade.
Torço também para que a oposição que defende a agenda reformista (ou o que sobrou dela) se empenhe para dificultar a vida do novo inquilino do La Monena. Não porque o vencedor é de esquerda, mas porque essa é a função da oposição em qualquer sociedade que se pretende livre.
Por fim, se tudo der errado, pelo menos vamos ter vinhos baratos… ou não.