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O choque inflacionário e o jornalismo tupiniquim

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Sem dúvida, significativa parcela da humanidade já sabe que a virtuosa época do jornalismo profissional, ético e imparcial, tristemente, deu as costas para nós faz muito tempo. Sem passadismos, priscas eras era muito competente.

As mídias sociais, embora tenham trazido uma série de benefícios para a população, deram voz a especialistas de araque, aprofundando a questão da escassez e enviesamento de conteúdo e agravando o quadro atual do jornalismo da pós-verdade. Enquanto leitor de um “jornal” e/ou telespectador de um programa de notícias, fico envergonhado com a falta de preparo, com o pensamento ideológico se esvaindo pelos lábios de meninos e de meninas, e com o correspondente e notório viés de confirmação desses moços. Não me parece ser somente culpa dos rapazes, mas especialmente de suas bases de formação e dos próprios veículos de mídia.

Todos deveriam compreender que a pandemia da Covid-19, e agora a Guerra na Ucrânia, causaram uma completa e grave desarrumação nas cadeias globais de suprimentos, gerando escassez de matérias-primas, de componentes e de produtos acabados. Some-se isso a uma das mais profundas crises em nível de logística global, em especial devido à falta de contêiners. Com a oportunidade de aumentar fretes internacionais deprimidos, as companhias de navegação realizaram astronômicos aumentos em suas tarifas de fretes.

O resultado de tudo isso é a falta de insumos e de produtos e a respectiva alta de preços destes itens. Resumindo, o monstro inflacionário deu às caras novamente, e no mundo inteiro. Evidente que tal situação poderia ter sido atenuada – não eliminada – caso não houvesse o autoritário “feche e abre” de burocratas estatais que “jogaram para a torcida” na crise pandêmica, e se o meio empresarial operasse de forma concreta e eficiente com o gerenciamento de riscos, o que traria uma maior resiliência as cadeias de suprimentos.

Apesar disso, “jornais importantes” e canais televisivos aparentam brincar com o nosso discernimento e pensamento crítico. A jornalista Daniela Lima, da CNN Brasil, por exemplo, num ato que julgo esdrúxulo e covarde, atribui a alta da inflação no Brasil ao presidente Bolsonaro e sua equipe de governo. Salta aos olhos de todos que querem ver que sua “notícia”/narrativa está eivada de desinformação (seria a tal fake news?) e embebida em um barril de ideologia tóxica.

Ela provavelmente sabe que nosso cérebro opera por meio de heurísticas, portanto, ela pode abusar de suas crenças e de seus vieses de confirmação, no entanto, sujeitos racionais objetivamente confrontam tais informações com contraevidências e conhecimentos. A inflação, cabe informar à jornalista, é um fenômeno real – não ideológico – que chegou para nos fazer (má) companhia por um bom tempo.

Os custos de matérias-primas seguirão subindo, devido aos choques, especialmente, da pandemia, para muito além deste ano eleitoral no Brasil. Aliás, a política de Covid zero na China, com o fechamento da economia no país asiático, trará ainda maiores impactos em relação a escassez de produtos, aumento de preços, problemas de abastecimento logístico e, assim, maior pressão sobre a inflação neste e no próximo ano, mundialmente.

As empresas gerenciam o choque inflacionário e fazem o que podem, diminuindo o tamanho de produtos, tais como em garrafas de refrigerantes, ou diminuindo o peso nas barras de chocolate, padronizando e simplificando ofertas; porém, a pressão de custos faz com que elas tenham que repassar aumentos para os consumidores.

Claro que empresas dotadas de marcas icônicas e fortes possuem maior facilidade para repassarem aumentos para os preços, especialmente no caso de produtos “premium”, situação em que os consumidores têm menor sensibilidade ao aumento de preços (elasticidade de preço). As evidências indicam que o ambiente inflacionário deverá ser persistente e convulsivo neste e no próximo ano, sendo que o fenômeno inflacionário poderá ainda ser agravado por outros fatores econômicos e sociais relacionados a cada economia doméstica.

Não, seguramente não é o aspecto ideológico, tampouco o presidente Bolsonaro, os responsáveis pela inflação no Brasil. Os fatos e as razões efetivas aí estão mencionados. As universidades de jornalismo, sem saudosismos, já não são mais as mesmas. Atualmente, parece que elas focam em política (vermelha), não mais ensinando o genuíno pensamento crítico e honesto; pelo menos é o que se depreende a partir dos vieses cognitivos desses moços e moçoilas “jornalistas”.

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Alex Pipkin

Alex Pipkin

Doutor em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS. Mestre em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS Pós-graduado em Comércio Internacional pela FGV/RJ; em Marketing pela ESPM/SP; e em Gestão Empresarial pela PUC/RS. Bacharel em Comércio Exterior e Adm. de Empresas pela Unisinos/RS. Professor em nível de Graduação e Pós-Graduação em diversas universidades. Foi Gerente de Supply Chain da Dana para América do Sul. Foi Diretor de Supply Chain do Grupo Vipal. Conselheiro do Concex, Conselho de Comércio Exterior da FIERGS. Foi Vice-Presidente da FEDERASUL/RS. É sócio da AP Consultores Associados e atua como consultor de empresas. Autor de livros e artigos na área de gestão e negócios.

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