O caso Volkswagen e o capitalismo

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dilma e martin

O caso da fraude da Volkswagen gerou mais um tsunami de manifestações contra o capitalismo.

O fato: O governo dos Estados Unidos detectou um software que adultera as informações referentes à emissão de poluentes dos automóveis produzidos pela empresa.

O resultado: O valor das ações e as vendas da empresa despencaram. O presidente foi à televisão pedir desculpas e no dia seguinte se demitiu. Os governos americano e alemão já estão indo com tudo para cima da empresa.

A verdade sob os fatos: Seja lá qual for a empresa privada ou estatal, ela é ocupada e dirigida por seres humanos propensos aos mais diversos tipos de desvios éticos, morais e profissionais, o que indica que qualquer empresa está propensa, de uma forma ou de outra, a agir de má fé contra os consumidores. No caso da Volkswagen, algum diretor de algum determinado setor da empresa decidiu fraudar um dos componentes de seus automóveis para destacá-los no mercado e em consequência disso gerar lucro para os acionistas, o que pode ser comprado ao que foi feito na Petrobrás, na qual alguns diretores fraudaram investimentos para transferir recursos para os reais proprietários da empresa, os partidos da base do governo.

Os Estados Unidos e a Alemanha são dois dos países que mais se aproximam do ideal de livre mercado, ou seja, que menos interferem nas relações de mercado. Isso significa que eles se posicionam como fiscais e juízes, não como tutores. Em vez de intervirem no mercado através da participação acionária em determinadas empresas sob a justificativa de se prevenir fraudes e abusos, eles se posicionam um tanto distantes, mantendo, no entanto, um aparato relativamente independente e ágil para atuar em situações como a do caso da Volkswagen. Não participando do mercado, os governos americano e alemão poderão punir a empresa sem medir prejuízos políticos, o que nos leva a fazer uma simples pergunta: E se um caso semelhante ocorresse numa empresa estatal?

Novamente, a Petrobrás nos dá a resposta. A partir das primeiras denúncias de má administração (sem entrar no mérito da corrupção) que geraram prejuízos aos acionistas e também ao povo brasileiro, quanto tempo se levou para os diretores da empresa serem afastados e punidos? Muito. Enquanto o presidente da empresa alemã se demitiu dias depois da notícia, a presidente da estatal brasileira permaneceu no cargo por mais de um ano e seus diretores deixaram seus cargos num ritmo absurdamente lento; e as punições que foram e que estão sendo feitas a alguns deles referem-se à corrupção, não à má gestão, o que nos leva a crer que se não fossem as denúncias de corrupção, a maioria deles ainda estaria em seus cargos.

Aprofundando-nos mais um pouco, veremos que Martin Winterkorn, presidente da Volkswagen, provavelmente não teve participação direta na fraude detectada. Sua responsabilidade no caso é ética − se ele preside a empresa, é responsável por ela. Sendo assim, por qual razão tal princípio não foi aplicado no caso da Petrobrás? Por que Graças Foster foi isenta de responsabilidade sobre as decisões de seus subordinados mais próximos? Podemos lançar estas mesmas perguntas a respeito de Dilma Youssef: Por que tentam isentá-la de culpa sobre as desastrosas decisões que tomou, que resultaram na atual e gravíssima crise econômica brasileira? Por que tantos não aceitam que nem ela nem Lula sejam responsabilizados pelas decisões de seus subordinados diretos?

As respostas resumem-se numa constatação histórica, teórica e prática: Quando o Estado participa do mercado por meio de empresas, ele torna-se um sócio oculto e promiscuo do mercado, atuando mais em sua preservação do que em seu aprimoramento, transferindo os lucros para os partidos políticos que compõem o governo e os prejuízos para a sociedade. O presidente da Volkswagen demitiu-se porque sabe que os acionistas e que o próprio mercado não o aceitaria no cargo. Os responsáveis pela Petrobrás foram protegidos porque seu proprietário é o governo, que não é subordinado a ninguém. A Volkswagen será multada e os responsáveis logo serão enquadrados pela justiça sem que ninguém, além de seus advogados, os defenda. A punição aos responsáveis pela bancarrota da economia brasileira é rejeitada pela militância socialista porque Lula e Dilma representam o ideal que defende a existência de empresas estatais, porque estas empresas são as principais financiadoras da própria militância socialista − o que pode ser mais promíscuo do que isso?

Enquanto a fraude da Volkswagen está causando indignação nos Estados Unidos e na Alemanha, pressionando o mercado como um todo a tomar medidas que evitem desvios do tipo, no Brasil, a presidente de república não apenas se mantém de pé, mas também empenha grandes esforços para fazer a população trabalhar ainda mais para pagar pelos crimes e pelas irresponsabilidades de seu governo, algo como se a Volkswagen, em vez de reconhecer seu erro e afastar seu presidente, elogiasse sua conduta e aumentasse o preço de seus carros adulterados, apontando uma arma na cabeça dos consumidores para lhes obrigar a comprá-los.

Sim, o caso da Volkswagen representa o capitalismo. Representa-o em sua propensão a desvios e também em sua sujeição às penalidades da lei num ambiente de livre mercado; na mesma medida em que o caso da Petrobrás e do próprio governo petista representam o socialismo, cuja pretensão de se controlar o mercado para supostamente proteger a sociedade acaba corrompendo-o de tal maneira que impõe à população prejuízos muito maiores do que aqueles causados pelos desvios da iniciativa privada.

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João Cesar de Melo

João Cesar de Melo

É militante liberal/conservador com consciência libertária.

3 comentários em “O caso Volkswagen e o capitalismo

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    16/10/2015 em 11:35 am
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    Grande Rodrigão, sua análise é interessante mas, sinceramente dizer que “…Enquanto a fraude da Volkswagen está causando indignação nos Estados
    Unidos e na Alemanha, pressionando o mercado como um todo a tomar
    medidas que evitem desvios…” é uma falácia da autoregulação/autogestão, em suma, a empresa cometeu um crime, fraudou um sistema, que foi detectado por “funcionários públicos improdutivos” e voce acha que a “mão invísivel do mercado” pode agir para coibir tal ação? Conto nos dedos quem na Europa e Estados Unidos deixou de comprar carros da montadora em função deste crime. O cidadão/cliente/comprador quer é carro barato com bom desempenho e está pouco se lixando se daqui a 1, 2 ou 3 anos ele colocou mais um tijolinho no muro da piora da qualidade do ar.Ora, como é possível quantificar as possíveis doenças pulmonares causadas pelo aumento da emissão de NO2 (dióxido de Nitrogênio) emitido por estes veiculos adulterados? E deixar as montadoras com poder decisão é mais uma vez deixar o lobo tomando conta das ovelhas

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    27/09/2015 em 3:54 pm
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    “Novamente, a Petrobrás nos dá a resposta. A partir das primeiras denúncias de má administração (sem entrar no mérito da corrupção) que geraram prejuízos aos acionistas e também ao povo brasileiro, quanto tempo se levou para os diretores da empresa serem afastados e punidos?”
    ibnteressante, considerando a enorme lista de empresas privadas que lesaram o emrcado e milhares de investidores sem que a “mao invisivel” do mercado agisse… liberalismo=misticismo [Francis Wheen]

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    27/09/2015 em 3:52 pm
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    “Os Estados Unidos e a Alemanha são dois dos países que mais se aproximam do ideal de livre mercado, ou seja, que menos interferem nas relações de mercado.”
    não obstante, são os países onde as empresas tem mais subsidios do Estado… oooops.

Fechado para comentários.

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