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O caso CBF-FIFA em quatro versões

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lula cbf

Notícias sobre futebol sempre me fazem rir. Tudo o que envolve os gramados é o mais perfeito reflexo da sociedade brasileira – o juiz que tem o direito de errar; os gols ilegais sendo comemorados euforicamente pela torcida interessada; as penalidades forjadas; os torcedores cobrando que as regras e que o fair play sejam exercidos apenas pelo time adversário… “Como alguém pode, ao mesmo tempo, se guiar por princípios de honestidade e gostar de futebol?”, eu sempre me pergunto.

Agora, com a deflagração das prisões contra os cartolas da CBF e da FIFA, novas gargalhadas ecoam em meu ateliê. Desta vez, o que me faz rir é a projeção das justificativas do PT quando as investigações feitas na Europa e nos Estados Unidos apontarem o envolvimento de petistas, incluindo Lula. Prevejo quatro versões:

1° – O PT não pode ser acusado porque não foi ele que inventou a corrupção entre governo e CBF. Foi FHC. É necessário investigar primeiro o governo FHC. Foi FHC quem primeiro quis fazer a Copa. Inclusive, o Aécio foi flagrado diversas vezes em estádios de futebol. Chega de hipocrisia.

2° – Nem o governo brasileiro, nem o PT, nem o Lula podem ser acusados de nada porque tais acusações vem de instituições estrangeiras, o que fere a soberania nacional. Se há irregularidades na CBF, elas devem ser investigadas apenas pela justiça brasileira. O povo brasileiro não pode aceitar que outros países arbitrem sobre o nosso glorioso futebol.

3° – Isso comprova que as grandes empresas capitalistas não podem controlar o futebol por meio de entidades e patrocinadores privados que só pensam no lucro, pois elas acabam corrompendo os governos. É necessária uma ampla reforma para se proteger o esporte tão caro aos brasileiros.

4° – Tentam mais uma vez derrubar o governo eleito democraticamente, agora, com um golpe ainda mais baixo, envolvendo a paixão do nosso povo. Os Estados Unidos, tendo por trás grandes corporações capitalistas, querem assumir o controle do futebol mundial. Porém, como nunca tiveram talento para vencer campeonatos, agora tentam destruir a reputação do futebol mais vitorioso do mundo. Não podemos permitir mais esse atentado à nossa soberania e aos nossos projetos de desenvolvimento.

Em entrevista, Dilma Youssef dirá algo mais ou menos assim:

“Brasileiros e brasileiras… de todo o país e que também nasceram no Brasil, novamente estamos, de novo, sofrendo acusações de acusadores que não tem moral nem títulos mundiais. Sabe… Estive pensando… Estive pensando ontem mesmo, eu e minha filha, e também o cachorro dela, que se chama gato, não entendo, mas é nome dele…

(pausa para os risos da presidenta, seguidos pelos aplausos dos ministros e dos assessores presentes)

“O que vejo é que tentam nos desestabilizar, logo agora que estamos crescendo, melhorando as melhorias de nosso governo junto com o povo e com a sociedade e acabando com a pobreza. Não fomos nós que inventamos a corrupção. Somos vítimas. Herdamos isso de nossos herdeiros e não podemos pagar por isso; vamos, a todo custo, fazer o diabo para acabar com a corrupção nesse país e em todo o Brasil, quem sabe, da galáxia. Vamos apresentar semana que vem, ou na outra, não sei bem mais o ministro deve saber, um projeto que transformará o Brasil num modelo de gestão do futebol. Um futebol solidário, com compromisso social”.

Num país onde o Ministério da Educação não sabe quantas de suas universidades estão em greve, muitas vezes temos que fazer piada com a nossa própria tragédia como forma de desviarmos nossa energia do desejo de explodir palácios.

A verdade é que os mesmos socialistas que hoje comemoram as prisões dos cartolas (por eles representarem as ganâncias capitalistas) se calarão assim que nomes de petistas vierem a público, mas o silêncio durará pouco: um ou dois dias serão suficientes para o comando central do PT criar e distribuir as versões citadas para que sua militância as rumine e as reproduza; e mais uma vez um escândalo de corrupção que envolve o governo será a justificativa para o mesmo governo propor novos planos de controle da mídia e da economia.

É assim que funciona o socialismo: conversão dos próprios crimes em justificativas para novos crimes.

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João Cesar de Melo

João Cesar de Melo

É militante liberal/conservador com consciência libertária.

Um comentário em “O caso CBF-FIFA em quatro versões

  • Avatar
    29/05/2015 em 1:16 pm
    Permalink

    Criou o discurso da Dilma e ainda colocou em dilmês! Hahaha! Show!

Fechado para comentários.

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