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O Brasil precisa de mais Adam Smith

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Se eu estivesse em algum cargo envolvido com gestão pública na educação, uma de minhas primeiras providências seria distribuir nas escolas e nas universidades públicas as duas seminais obras do maior filósofo e economista de todos os tempos: Sir Adam Smith.

Explico. Em Teoria dos Sentimentos Morais (1759), Smith detalha o princípio da simpatia “mediada”, que, por meio de nossa imaginação e de nosso outro eu interior – nosso espectador imparcial – nos permite visualizar imaginativamente e nos colocar na posição dos outros, “sentindo” suas tristezas e/ou alegrias, tecendo julgamentos.

Assim, ajustamos nossas escolhas e comportamentos morais por meio da razão, aquela que possibilita uma vida harmônica em sociedade. Na verdade, esse é um esforço permanente que deve ser realizado pelos indivíduos.

Objetivamente, há uma preocupação – de certa forma inata – do ser humano com o outro. Temos o direito à liberdade com a responsabilidade e contrapartida do dever de não oprimir o outro. Preservamos nossas liberdades por meio da gestão de justiça, individual e – deveríamos ter – do Leviatã.

Somos seres sociais, relacionamo-nos e colaboramos com os outros de forma voluntária, cada um devendo se preocupar consigo próprio e, ao mesmo tempo, pensando e atuando na direção do bem comum. O surgimento da Covid-19, de certa forma, evidenciou a capacidade de auto-organização popular voluntária no país, no sentido de atender a algumas necessidades básicas dos descamisados. Nos EUA, essas atitudes e comportamentos são marcas do excepcionalíssimo norte-americano.

Os brasileiros, acho eu, acreditam e praticam essa lógica da consideração pelas outras pessoas, do conjunto de princípios morais fundamentados nos sentimentos e nas percepções morais virtuosas. Essa preocupação não é monopólio de uma ideologia política “de esquerda”! Na verdade, estamos vendo que, no país, a chave da política identitária raivosa e intolerante por seus “direitos”, excluindo e rechaçando a liberdade individual dos outros, girou, ou seja, a temperatura e o desejo da sociedade brasileira está “refocada” no interesse de todos os brasileiros e não exclusivamente de grupos específicos.

O povo brasileiro quer conviver em harmonia, acreditando nas tradições e na moralidade judaico-cristã. Parece-me que a grande maioria quer viver a realidade pragmática, não mais na ilusória imaginação de um paraíso – utópico – desejado.

Muitas empresas parecem ainda não compreender que a rota dos comportamentos se alterou, ou seja, as pessoas desejam que seus valores fundacionais sejam respeitados de fato. A liberdade que os cidadãos parecem perseguir é a do télos grego, a do autocontrole, muito distinta da “liberdade” entendida hoje por alguns.

Por outro lado, é vital que os jovens brasileiros tenham contato e aprofundamento da compreensão dos princípios virtuosos da criação de riqueza, que faz com que um país se desenvolva econômica e socialmente. Na obra A Riqueza das Nações (1776), Smith nos ensina que todos somos dotados de livre-arbítrio para buscarmos nossos próprios propósitos de vida, de acordo com os respectivos planos individuais. São os próprios cidadãos os responsáveis por suas escolhas – e estas importam e precisam ser garantidas e respeitadas.

Nos relacionamentos voluntários que estabelecemos com os outros nos mercados livres, preocupamo-nos com nossos objetivos, sem que tenhamos diretamente a intenção de promover o interesse público; porém, uma “mão invisível” faz com que simultaneamente estejamos promovendo o interesse comum de toda uma comunidade.

Smith enfatiza a crucial necessidade das liberdades individuais e econômicas como mola mestra para o alcance da prosperidade nacional. Para ele, a riqueza é criada pelos empreendedores nos mercados livres, sem interferências estatais contraproducentes e abusivas (exceto em casos pontuais), seja tanto por monopólios estatais como também pelos privados, que acabam por distorcer as transações e os relacionamentos determinados pelas naturais leis de mercado.

O brasileiro em geral parece ainda estar preso ao sentimento – e desejo em alguns casos – do poderoso e “salvador” provedor Estado corporativo e paternalista. A cultura da dependência econômica do Grande Estado benfeitor tolhe sua capacidade, seu estímulo e incentivo para empreender e sua liberdade para batalhar e andar com suas próprias pernas, de acordo com seus próprios planos de vida, além de fomentar uma nociva cultura da vitimização.

O Estado deveria mesmo assegurar o direito às liberdades individuais – e econômicas -, preservar nossas vidas e financiar e prover bens públicos com qualidade. Seu papel precípuo é o da garantia das liberdades, da justiça e da lei igual perante a todos e a busca de uma igualdade de oportunidades – não de resultados.

Enfim, infiro que Smith acenda a luz para o fato de que não somente as elites de castas políticas e sociais tenham seu livre-arbítrio assegurado, mas que todos os indivíduos possam ter igualdade de oportunidades para buscar, por seus próprios esforços e objetivos, as suas próprias formas de felicidade!

Basta de acreditar na falácia da retidão de burocratas estatais e suas benevolentes e bem-intencionadas iniciativas; o povo precisa definitivamente de resultados, melhores e para todos! De boas intenções o Inferno já está lotado.

Chega de benesses para castas dominantes e privilegiadas, e o pão e o circo, as migalhas factualmente, para os comuns! Não tenho nenhuma brecha de dúvida de que o conhecimento das melhores e comprovadas práticas do caminho para a prosperidade reverberariam num país mais justo, econômica e socialmente mais desenvolvido e rico.

Pois é, nesse Brasil da ditadura do pensamento esquerdizante em nossas escolas e universidades, precisamos muito mais de Smith, e muito menos do famigerado, obsoleto e revolucionário Marx! Quem sabe a ideia cola, não é?!

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Alex Pipkin

Alex Pipkin

Doutor em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS. Mestre em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS Pós-graduado em Comércio Internacional pela FGV/RJ; em Marketing pela ESPM/SP; e em Gestão Empresarial pela PUC/RS. Bacharel em Comércio Exterior e Adm. de Empresas pela Unisinos/RS. Professor em nível de Graduação e Pós-Graduação em diversas universidades. Foi Gerente de Supply Chain da Dana para América do Sul. Foi Diretor de Supply Chain do Grupo Vipal. Conselheiro do Concex, Conselho de Comércio Exterior da FIERGS. Foi Vice-Presidente da FEDERASUL/RS. É sócio da AP Consultores Associados e atua como consultor de empresas. Autor de livros e artigos na área de gestão e negócios.

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