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Mano Brown, a cara da elite

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MANO BROWN

Os absurdos promovidos pela militância socialista, especialmente nesses dias em que o PT está na corda bamba, substituem um ao outro com tanta velocidade que torna difícil a simples escolha de uma pauta para um artigo.

Eu vinha preparando um texto sobre a repercussão das manifestações do dia 15 de março, enfocando a massiva tentativa de desqualificar os líderes dos movimentos – a velha tática de atacar pessoas em vez de debater ideias. Fernando Holiday foi chamado de “negro que odeia negros” por ser contra as políticas de vitimização racial. Tentaram ridicularizar Kim Kataguiri por ele ter 19 anos de idade. Jean Wyllys, o deputado gay-comunista (!) que começou carreira no Big Brother, o chamou de “analfabeto político” mas recusou o debate que o próprio Kim propôs. Por meio de sua assessoria, Jean Wyllys disse que só debate com “iguais”. Quem não riu?

Merecedoras de longas gargalhadas também foram as “reportagens” que os blogueiros do PT compartilharam uns dos outros sobre os “interesses capitalistas norte-americanos” por trás das manifestações. Segundo fontes e jornalistas mui bien articulados da esquerda brasileira, CIA, Pentagono e grandes corporações estão patrocinando o Movimento Brasil Livre e o Movimento Vem Pra Rua para destruir o governo voltado para os interesses dos trabalhadores! “Bem que gostaríamos de receber alguma ajuda deles”, alguém disse. Eu também gostaria!

O texto que eu vinha escrevendo estava quase pronto quando, agora a pouco, li uma publicação do Eduardo Suplicy, que deve ser registrada: “Nesta segunda, Mano Brown, dos Racionais Mc’s, foi à farmácia comprar um remédio para sua mãe, que esteve hospitalizada. No caminho, foi parado por batalhão de PMs. Abriu os vidros, desceu do carro. Mandaram ele elevar os braços por trás da cabeça. Brown pediu para não tocarem nele. Um forte policial deu-lhe um mata leão e o derrubou no chão. Diversos passaram a ofende-lo. Algemaram-no e o levaram ao 37DP, no Campo Limpo. Vicente Cândido e eu fomos lá até que fosse liberado, às 20:30hs. Maior respeito e civilidade especialmente aos negros se faz necessário. O fato de o exame de saúde da carteira de habilitação estar vencido não justificava aquele procedimento”. Ou seja: Por envolver um artista negro que apoia o PT, o episódio ganhou uma narrativa especial, meticulosamente romantizada para vitimizá-lo. Se o caso fosse protagonizado por um “branquinho golpista”, logo gritariam que suas atitudes representam a arrogância da elite capitalista. A triste realidade é que, sob a ótica socialista, Mano Brown, por ser um artista negro defensor do governo, poderia furar a blitz, poderia portar documentos irregulares; poderia desacatar policiais… Na verdade, Mano Brown, assim como qualquer outro artista, intelectual, ativista, jornalista e personalidade que apoia o governo pode fazer qualquer coisa, por mais absurda que seja. Não por acaso, estas mesmas pessoas aceitam que todo governo de esquerda roube, corrompa, dilapide a economia e controle a liberdade dos indivíduos em nome do “bem-estar social”.

“Aos socialistas, TUDO; aos outros, NADA!”, exigem.

A truculência da polícia é tão notória quanto a agressividade verbal de Mano Brown, o que torna fácil visualizar a sequencia de reações que compuseram o episódio. Uma pergunta simples: Quem acredita que o rapper, questionado por não estar com a documentação em dia, se comportou como um cidadão comum, educadamente reconhecendo o erro e recebendo as multas cabíveis?

Eu, mesmo sendo contra a existência do Estado e contra a atual estrutura de segurança pública, entendo que não é dando faniquito durante uma blitz que algo será resolvido – até porque, o policial que nos aborda é um escravo do Estado assim como todos nós. Sendo ciclista urbano em Santos, já fui abordado pela PM meia dúzia de vezes. Revistaram-me como se eu fosse um marginal. É humilhante? Sim. É revoltante? Demais! Mas, sendo um cidadão comum e com um cérebro ocupando a caixa craniana, tenho ciência de que, numa situação como essa, qualquer reação pode sair caro demais, afinal, eu não sou amigo de nenhum Jean Wyllys, de nenhum Marcelo Freixo, de nenhuma Maria do Rosário. Isso não é covardia. Isso é estratégia de sobrevivência num país como o Brasil. Não foi coragem que Mano Brown demonstrou ao questionar a abordagem, mas, sim, a arrogância que só os protegidos pela política têm.

Segundo os policiais, Mano Brown foi agressivo logo que o abordaram. Acredito. Acredito e enxergo também a realidade de que nenhum policial agiria com força desnecessária contra um artista famoso como ele, pois todos sabem a repercussão que isso causa. A verdade é que Mano Brown criou a situação simplesmente porque não se enxergar um cidadão comum. Ele é o Mano Brown! Ele é negro! Ele é da periferia! Ele apoia o PT! A burguesia socialista o ama! Ele tem no celular o telefone do Eduardo Suplicy!

Enquanto pessoas comuns telefonam para familiares e advogados em situações como aquela, artistas, ativistas e sindicalistas mais à esquerda telefonam para políticos. Quando Sininho, ativista profissional e atualmente foragida foi detida pela polícia em 2013, acusada de organizar depredações, ela também tinha no bolso um número de telefone especialmente para situações como aquela. Ligou para o Marcelo Freixo, deputado do PSOL. O episódio também foi romantizado, transformando a acusada em vítima. Quando dois black blocs foram presos por terem lançado o rojão que matou um cinegrafista da Band, novamente Marcelo Freixo foi chamado. Lembro-me sempre de quando o ativista francês José Bové veio ao Brasil, muitos anos atrás, ainda no governo FHC. Ele liderou depredações a empresas privadas e debochou das autoridades brasileiras mas ninguém ousou enquadrá-lo porque ele contava com um batalhão de políticos e militantes do PT lhe protegendo.

O maior prejuízo desses 12 anos de PT não foi a corrupção, nem o desmantelamento da economia. O maior prejuízo foi a institucionalização da discriminação racial, sexual e ideológica. Ninguém, sob o olhar da esquerda brasileira, é o que é enquanto indivíduo, qualificado por seu caráter, por seu talento ou por seu comportamento. Todo indivíduo é julgado e tratado em função do que representa. Na patética romantização do episódio citado, Eduardo Suplicy deixa bem claro que “umas pessoas são mais iguais do que outras”, como diria Orwell. Por qual razão Mano Brown teria o telefone do Eduardo Suplicy e liberdade suficiente para recorrer a ele naquela situação? Moram no mesmo bairro? Trabalham juntos? Frequentam os mesmo lugares? São parentes? Não. Qual cidadão desse país tem o telefone de uma personalidade da política e liberdade para acioná-la em caso de emergência? Poucos, só aqueles diretamente envolvidos com partidos, com movimentos “sociais”, com sindicatos e com altos funcionários do governo. Essa é a verdadeira elite do Brasil! São esses que contam com um verdadeiro aparato institucional para lhes distanciar da lei. São esses que chamarão de “elite golpista” todos os milhões de brasileiros que forem ás ruas no próximo domingo protestar contra a corrupção, contra a incompetência e contra o uso ideológico da máquina pública.

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João Cesar de Melo

João Cesar de Melo

É militante liberal/conservador com consciência libertária.

Um comentário em “Mano Brown, a cara da elite

  • Avatar
    09/04/2015 em 9:27 pm
    Permalink

    É isso ai, simples e claro o texto.

Fechado para comentários.

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