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O liberalismo econômico está na moda e isso é bom, mas não basta

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Como se sabe que uma ideia econômica está na moda? Ora, quando os políticos todos começam a disputar quem a representa melhor. Afinal, políticos costumam ser caixa de ressonância, mais do que líderes de novas ideias, e, de olho em votos, passam a adotar discursos que atraem eleitores.

A grande quantidade de pré-candidatos disputando o legado do liberalismo econômico, portanto, leva-nos a crer que ele realmente caiu no gosto popular, após décadas de hegemonia de esquerdismo estatizante e intervencionista.

Jair Bolsonaro, que defendeu a vida toda bandeiras intervencionistas, alterou o discurso, aproximou-se de economistas liberais, e vem defendendo até a privatização da Petrobras, dependendo do modelo. Privatização esta que, justiça seja feita, foi defendida abertamente na campanha de 2014 por seu partido PSC, na voz do pastor Everaldo.

O mesmo PSC que, hoje, conta com Paulo Rabello de Castro como potencial candidato, adotando um discurso novamente liberal na economia, e até deixando um pouco de lado o aspecto conservador dos costumes, marca registrada do partido. Paulo é autor de um livro liberal de fato, O mito do governo grátis, mas escorregou feio no comando do BNDES, ao defender até mesmo suas transações indecentes com a JBS na era petista.

Temos, ainda, o Partido NOVO, com João Amoedo, que tem um DNA liberal e foco prioritário na economia e na gestão, com uma mensagem de redução do tamanho do estado, permitindo mais liberdade para os indivíduos. O NOVO nasceu liberal, e eu sei porque estava lá.

E mesmo Luciano Huck, que escreveu um texto hoje afirmando que não será candidato, ensaiou uma mensagem mais liberal na economia, tendo se aproximado de Arminio Fraga e Paulo Guedes, apesar de um viés bem mais “progressista” na área social.

O que podemos concluir, com isso tudo, é aquilo que Victor Hugo resumiu bem: “Não há nada tão forte como uma ideia cuja hora é chegada”. E, pelo visto, chegou a hora do liberalismo, ao menos na área econômica. Ninguém aguenta mais tanto estado, e todos viram a roubalheira escandalosa por meio das estatais. Privatizar é a palavra do dia.

Dito isso, o liberalismo não está restrito à economia, e os liberais-conservadores entendem que ele não sobrevive num vácuo de valores morais, e que o pêndulo extrapolou demais para o lado “progressista”. Não obstante a questão da sinceridade desses pré-candidatos em relação às suas convicções liberais, resta lembrar que não é só a economia, “estúpido”.

“Com a economia pós-PT em crise, queríamos que o Brasil entendesse que estamos focados no assunto. Se a economia vai bem, as famílias também estarão bem”, afirma Hidekazu Takayama, presidente da bancada evangélica do PSC. Mas essa afirmação, que soa como aquela feita pelo assessor de Clinton, é mesmo verdadeira? Se a economia for bem, o resto vai automaticamente bem?

Os liberais com viés mais conservador acreditam que não, e possuem fartas evidências de que nem sempre o progresso moral anda pari passu com o progresso material. Famílias desestruturadas, crescente consumo de drogas, hedonismo irresponsável, libertinagem tomada por liberdade: tudo isso são mazelas que podem perfeitamente prejudicar uma sociedade próspera, e ameaçar o futuro de sua prosperidade. O excessivo foco materialista ignora que nem só de pão vive o homem, que descuidar do lado espiritual e moral pode ser o caminho da desgraça. A Europa que o diga!

E basta pensar em nosso ensino público para perceber que privatizar estatais, ainda que seja um passo necessário para o Brasil, está longe de ser um passo suficiente. Quem vai enfrentar a corja comunista infiltrada em nossas escolas? Quem vai declarar guerra aos bandidos do MST, que doutrinam milhares de crianças com suas baboseiras socialistas enquanto usam verbas públicas?

E isso para falar apenas de um aspecto importante, sendo que há muitos outros, como a banalização do aborto promovida pela esquerda radical, que não se importa em usar vidas humanas como mascotes para suas abstrações ideológicas. Ou, claro, da honestidade e de uma maior rigidez ética, num país tomado pelo relativismo e a “malandragem”.

Enfim, não deixa de ser alvissareiro ver a quantidade de pré-candidatos tentando se estapear para ver quem sai como o verdadeiro defensor do liberalismo econômico. Oportunismo à parte, isso demonstra a popularidade do troço, e como um liberal que vem há anos pregando esse caminho, inclusive com um livro sobre privatizações e outro em que me assumo liberal com orgulho, só posso festejar o relativo avanço, ainda muito distante do que precisamos.

Mas o estrago ideológico causado pelo esquerdismo é tão grande e tão amplo que não basta consertar a economia, por si só uma tarefa hercúlea. É preciso resgatar valores morais, combater o “progressismo” e o relativismo, reverter a “marcha das minorias oprimidas”, voltar a valorizar a vida humana desde sua concepção, incutir nos jovens a ideia de que libertinagem não é liberdade, enfim, vencer a guerra cultural em curso, que hoje está sendo vencida de goleada pelos marxistas.

Privatizar algumas estatais, dar independência ao banco central e aprovar algumas reformas seriam conquistas fantásticas, e que não podem ser menosprezadas; mas não basta! Nada disso vai automaticamente resolver o maior problema do Brasil hoje, maior até do que o rombo fiscal: a degradação moral de uma sociedade hedonista, pervertida e relativista, dominada há décadas pela hegemonia de esquerda na cultura.

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Rodrigo Constantino

Rodrigo Constantino

Presidente do Conselho do Instituto Liberal e membro-fundador do Instituto Millenium (IMIL). Rodrigo Constantino atua no setor financeiro desde 1997. Formado em Economia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ), com MBA de Finanças pelo IBMEC. Constantino foi colunista da Veja e é colunista de importantes meios de comunicação brasileiros como os jornais “Valor Econômico” e “O Globo”. Conquistou o Prêmio Libertas no XXII Fórum da Liberdade, realizado em 2009. Tem vários livros publicados, entre eles: "Privatize Já!" e "Esquerda Caviar".

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