Moraes sancionado: a farsa do “salvador” desmentida
Enfrentar a juristocracia consolidada que comanda o país pode, muitas vezes, ser uma atividade desoladora. Em tempos em que nos vemos obrigados a medir as palavras, a sopesar mil e uma vezes como uma singela crítica pode ser usada para que nossas vidas sejam arruinadas, quando o direito e a liberdade são vilipendiados à luz do dia e no centro da avenida e nos deparamos com apatia de quase todos os lados e, ainda pior, com a covardia e conveniência fisiológica daqueles que guardam as chaves da solução, nem tão difícil assim, de nosso flagelo, é inevitável que uma voz de nosso inconsciente vez ou outra suspire: “Vale a pena essa luta ingrata?” É aí que nos lembramos de ser otimistas e nos resignamos com a noção de que a verdade e a justiça hão de prevalecer. A manifestação mais corrente desse otimismo é, para mim, repetir que a história não os perdoará; que, em seu devido tempo, os pretensos salvadores da democracia serão desmascarados como os farsantes que são. Os mais recentes acontecimentos vão ao encontro desse otimismo.
Não apenas oito ministros da suprema corte brasileira tiveram vistos para os EUA revogados como Alexandre de Moraes acaba de se tornar objeto de aplicação da Lei Magnitsky por parte do governo americano, sanção essa que, é forçoso lembrar, é de caráter individual e prerrogativa americana. Já na Europa, partidos de direita do Parlamento Europeu encaminharam à alta representante do bloco para os Negócios Estrangeiros e a Polícia de Segurança, Kaja Kallas, um pedido para que a União Europeia imponha sanções do mesmo teor à Moraes. Claro que não há garantia de que a iniciativa encontrará acolhida, mas essa sinalização demonstra que a reputação autoritária de Moraes no âmbito internacional não se restringe apenas aos EUA.
Junto a seus pares, ele pode fazer troça, apequenar a relevância da medida, até recorrer a gestos obscenos (que nunca excederão a obscenidade de suas decisões), mas é altamente improvável que um sujeito cujo ego é tão inflado a ponto de ele se definir como um super-herói seja indiferente a ver a farsa do salvador da democracia desmentida diante do mundo. Como alvo da Lei Magnitsky, Alexandre de Moraes agora figura em uma longa lista com toda sorte de violadores de direitos humanos. Só não digo que não posso imaginar lugar mais adequado para Moraes estar, pois logo outro me vem à mente: fora do STF.
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