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Indignação seletiva e sanguinária

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Dois acontecimentos desta semana demonstram bem como muitas vezes a indignação de certos grupos políticos pode ser seletiva e condicionada a narrativas. Primeiro temos o caso do homem flagrado exibindo uma suástica nazista em um bar no município de Unaí (MG). Em segundo lugar, temos o caso da youtuber Karol Eller, lésbica e apoiadora de Bolsonaro, que foi covardemente agredida naquilo que tudo leva a crer foi um ato de homofobia.

Com relação ao primeiro caso, é compreensível a indignação diante da tranquilidade com a qual alguém fazia um ato propagandístico de uma ideologia tão nefasta e repugnante quanto o nazismo. O que falta, para alguns, é o mesmo desprezo manifestado por símbolos e referências a outras ideologias assassinas, como é o caso do socialismo/comunismo.

Notem que não estou falando de criminalização de tais símbolos, do mesmo modo que ocorre com o nazismo, o que é algo que vale a pena deixar para um artigo futuro, cobrindo uma análise inclusive da legislação atual que torna crime o mero uso de adereços como a suástica. O que interessa aqui é a indignação seletiva de quem escreve e compartilha textões, certos de que um maluco isolado significa uma ascensão da ideologia nazista no Brasil, enquanto mantém camisas com o rosto do facínora Che Guevara no guarda-roupas. Em tempos de homenagens de vereadores a déspotas como Kim Jong-Un, é importante dizer o óbvio.

Não padeço da paranoia de ficar vendo comunistas em todo lugar, mas fato é que temos partidos que abertamente defendem a ideologia socialista/comunista, tendo ao menos um (PCdoB) representação no Congresso. Não temos, felizmente, nenhuma legenda de envergadura nazista ou fascista para fazer êmulo a isto, mas há quem ache que a ascensão de Bolsonaro trouxe o nazifascismo ao país, sendo um risco para a democracia, enquanto cultuam “democratas” como Maduro, Fidel Castro, Che Guevara, e, pasmem, Kim Jong-Un.

Quanto ao segundo caso, apesar de termos visto pelas redes diversas manifestações de solidariedade, infelizmente também pudemos ver diversos comentários repugnantes justificando o ato bárbaro. Por ser apoiadora do presidente e próxima à sua família, muitos militantes, que dizem combater a homofobia, acham que Karol Eller teve o que ela merecia ou que agora, tendo “sentido na pele”, ela deve rever seu apoio aos Bolsonaros. É indiscutível que Jair Bolsonaro tem sim um vasto histórico de declarações homofóbicas ao longo de sua carreira política, mas a Karol Eller, bem como qualquer pessoa, deve ser livre para apoiar quem bem entender, assim como para manifestar sua orientação sexual sem ser agredida por isso.

A comemoração da agressão sofrida por ela por quem se põe como defensor(a) das minorias não me surpreende. Para muitos militantes, gays, pobres, mulheres e negros só têm relevância se lhes servem aos propósitos. Eles não oferecem uma representatividade – a impõem, a sequestram, se julgando donos daqueles que nunca deram seu consentimento. Ao impor sua representatividade, também impõem uma agenda política anexa. Se for negro de direita é capitão do mato. Se for pobre de direita é burro. Se for mulher e rejeitar o feminismo radical, então não é digna da igualdade entre os sexos. Se for gay de direita tem mais é que apanhar.

Em conclusão, casos assim desnudam o manto de bonzinhos, pró-democracia e pró-minorias que certos sicários usam para ocultar sua face autoritária. 

Nota do autor: Segundo reportagem veiculada pelo O Globo esta noite, a delegada responsável pela investigação da agressão sofrida por Karol Eller reconsiderou sua avaliação inicial de que a agressão foi motivada por homobofia, com base em depoimentos de testemunhas e nas imagens das câmeras de segurança do local. De qualquer forma, o caso ainda cumpre seu objetivo no artigo, que é a justificação dada por militantes nas redes da agressão sofrida pela youtuber por causa de suas posições políticas.

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Gabriel Wilhelms

Gabriel Wilhelms

Graduado em Música e Economia, atua como articulista político nas horas vagas. Atuou como colunista do Jornal em Foco de 2017 a meados de 2019. Colunista do Instituto Liberal desde agosto de 2019.

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