Homenagem a Edmund Burke
Edmund Burke (1729-1797) nasceu em um 12 de janeiro e foi o mais célebre crítico do processo revolucionário francês.
“Na visão de intérpretes posteriores, como o historiador liberal britânico Lord Acton (…) e o economista Friedrich Hayek, Burke foi um dos maiores liberais de todos os tempos. (…) Demonstrando uma visão extremamente aguçada, o irlandês defendeu a atuação de diferentes partidos e correntes políticas dentro do Parlamento como uma ferramenta relevante para consolidar um regime de liberdade, manifestou-se pela bandeira tipicamente whig da restrição dos poderes monárquicos e a favor de medidas de abertura de mercado, fulminando o protecionismo e os monopólios.
(…) As linhas gerais do pensamento de Burke pareciam ser, portanto, plenamente enquadráveis no liberalismo whig. Para surpresa de muitos, ele condenou a Revolução Francesa – e com grande energia. (…) Burke sentia que se opor aos argumentos (…) dos simpatizantes de Rousseau seria nada mais que dar continuidade às bandeiras defendidas por (..) seus antecessores, de forma alguma uma conversão ao toryismo.
A defesa do poder parlamentar não implicava a defesa da execução do rei ou do desmantelamento de todo o ordenamento institucional que compunha o organismo político. (…) Sem negar a existência de direitos naturais, Burke acreditava ser necessário ressaltar os ‘direitos históricos’; mesmo que os homens tivessem direitos abstratos em uma hipotética existência pré-sociedade civil, o que realmente importava, uma vez que a comunidade política estivesse consolidada, seria aquilo que essa mesma comunidade tivesse enraizado e desenvolvido com eficiência. A concretude desses direitos positivados, historicamente enraizados, seria um argumento a favor do respeito que a sociedade lhes deveria devotar, posto que, em diálogo com a realidade natural e social, eles desenvolveram adaptações e proteções de que o apelo a princípios abstratos não gozaria, colocando em risco a sobrevivência da coesão social ao abrir espaço ao suscitamento de arbitrariedades ideológicas.” (O Papel do Estado Segundo os Diversos Liberalismos, Almedina/Edições 70, p. 124-130)