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Governo gasta muito e gasta mal

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Dilma_Roussef_maquete_mineirão_fotoRobertoStuckert_FilhoApareceu na primeira página da Folha de S. Paulo, em 23/5/2014, a seguinte manchete: “Copa custa só um mês de gastos com a educação”.

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Ainda se discute muito se o problema do Estado brasileiro é que os governos gastam muito ou que gastam mal. Contudo, até onde me é dado ver, os governos gastam muito e gastam mal.

Não disponho de dados quantitativos, mas tenho a impressão de que os governos do PT foram os que mais gastaram até hoje em ambos os sentidos.

Gostaria mesmo que economistas dedicados à Econometria confirmassem ou refutassem minha impressão.

Apareceu na primeira página da Folha de S. Paulo, em 23/5/2014, a seguinte manchete: “Copa custa só um mês de gastos com a educação”.

Ao me deparar com essa manchete, pude surpreender o subentendido: Os gastos com a Copa não são tão extravagantes quanto se propala, se os compararmos com os gastos com a educação.

Segundo a Folha, os gastos com a Copa equivalem a 9% dos gastos com a educação.

Neste caso, considerando a notória precariedade da educação no País, infere-se imediatamente que os governos do PT não podem ser acusados de gastar pouco com a educação, mas podem ser acusados de gastar muito mal com a mesma.

E quando falamos em precariedade da educação, estamos baseados em dados fornecidos por instituições que fazem pesquisas internacionais em 180 países.

De acordo com estas mesmas, o Brasil ocupa o 88º lugar no ranking mundial de qualidade da educação básica e o 66º lugar no ranking de qualidade da educação superior.

Além disso, nossa melhor universidade, a USP, está abaixo do 200º lugar no ranking da qualidade das universidades.

Esses dados, por si sós, já são vergonhosos para um país que ostenta o 6º ou o 8º PIB do mundo!

Esse horripilante contraste talvez seja explicável, ao menos em parte:

Se, por um lado, nossa educação vai muito mal das pernas, nossa agroindústria e empresas como a EMBRAPA são um grande sucesso, digno dos aplausos dos mais acerbos críticos das condições socioeconômicas brasileiras.

A matéria da Folha vem acompanhada por um elenco dos gastos do governo no ano de 2014.

E estes gastos foram estimados conforme medições feitas em 2011 com valores atualizados de acordo com o crescimento da economia, segundo o Portal de Transparência do Governo Federal.

Compra da Refinaria de Pasadena (EEUU) 2,8 bi
Transposição do Rio São Francisco 8,2 bi
Um ano de Bolsa Família 24,7 bi
Gasto Total da Copa 25,8 bi
Hidrelétrica de Belo Monte 30 bi
Gasto Anual em Saúde 30 bi
Gasto Anual em Educação 280 bi
Gasto Federal Anual 1,2 trilhão
Gasto Público Total Anual 2 trilhões

Quanto ao gasto com a Refinaria de Pasadena, houve um aumento descomunal do preço inicial pago pela Petrobras, coisa que levantou a suspeita de superfaturamento e corrupção.

Quanto ao gasto com a transposição do São Francisco, parece ter sido dinheiro jogado fora, pois a obra está paralisada e se deteriorando.

[O que nos dá todo o direito de suspeitar que não passou de uma jogada de marquetingue político de Lula, fazendo parte do PAC (Plano para Alavancar a Companheira).].

O gasto com o Bolsa Família não passa de descarado assistencialismo e cínica compra de votos. Aqui quem tem razão é Patativa do Assaré, grande cantador nordestino:

                                   “Esmola na mão de homem são

                                   Ou cobre de vergonha ou vicia o cidadão”.

Podemos dizer dos gastos com a saúde o mesmo que já dissemos dos gastos com a educação, levando em conta o fato de que as condições dos hospitais públicos do SUS são tão precárias quanto às das escolas públicas.

Quanto aos gastos com a Hidrelétrica de Belo Monte, não sabemos dizer se o governo gastou demais ou se gastou mal.

Isto porque carecemos de informações a respeito dos gastos e sobre a prioridade dessa gigantesca obra de infraestrutura.

Mas sabemos muito bem das péssimas condições gerais da infraestrutura do País, das nossas rodovias, dos nossos silos, dos nossos aeroportos e principalmente dos nossos portos.

O Brasil ocupa o 123.o lugar no ranking mundialda qualidade dos portos!

Estamos há tempos recolhendo informações numéricas sobre o Brasil.

Eis o belo resultado das pesquisas internacionais feitas em 180 países. Vejam as posições em que se encontrava o Brasil em 2012. De lá para cá, esses números só podem ter piorado.

88º lugar em educação básica

66º lugar em educação superior

48º lugar em competitividade econômica

78º lugar em qualidade das instituições

99º lugar em liberdade de imprensa

84º em IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)

69º lugar em países menos corruptos

123º lugar na qualidade dos portos

107º lugar em qualidade de infraestrutura

91º lugar em expectativa de vida

116º lugar para fazer negócios (lícitos, é claro)

61º no ranking dos melhores países do mundo para aposentados, segundo o Banco Natixis, da França

1º lugar em violência generalizada. Só homicídios são 50.000 ao ano, superando a guerra do Vietnã. Não contando assaltos, estupros, violência doméstica, abortos clandestinos, relações incestuosas com menores, etc.

6º PIB do mundo. Interpretação minha: muito dinheiro circulando nas mãos de muito pouca gente

3º lugar no mundo em venda de cosméticos e perfumes

Este último item – só para contrariar os milhões de Policarpos Quaresmas deste nosso Brasil varonil – é a maior prova de que o povo brasileiro é mesmo superficial e epidérmico.

Se as cirurgias plásticas estéticas – não as reparatórias – fossem um pouco mais baratas, o Brasil seria o campeão do mundo em mudanças de narizes, seios e nádegas.

Bem, não podemos dizer que nada muda em Pindorama, a Terra das Palmeiras…

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imagem: Wikipédia. foto: Roberto Stuckert Filho

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Mario Guerreiro

Mario Guerreiro

Doutor em Filosofia pela UFRJ. Professor do Depto. de Filosofia da UFRJ. Membro Fundador da Sociedade Brasileira de Análise Filosófica. Membro Fundador da Sociedade de Economia Personalista. Membro do Instituto Liberal do Rio de Janeiro e da Sociedade de Estudos Filosóficos e Interdisciplinares da UniverCidade.

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