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Globeleza vestida: O ano em que o feminismo chegou ao carnaval

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Globeleza Roupas

Neste ano de 2017 a vinheta da Globeleza da Rede Globo não expôs a modelo da forma de sempre. Desta vez, em meio a lamentos de marmanjos entusiastas da tradição globeleziana, ao invés de seu corpo vir nu e pintado, ele vem vestido. A modelo apareceu vestida com roupas representativas de variações da cultura brasileira, uma simbiose que une manifestações de danças, ritmos e trajes típicos e suas vestimentas em terrae brasilis.

Já existem manifestações na Internet contraditórias entre si, umas dizendo que se trata de mera troca de escolhas por parte da Rede Globo, sem a mínima intenção de ideologiar o carnaval, ou ao menos a vinheta da chamada para tal, e outras achando que a Rede Globo, uma vez mais, aderiu ao politicamente correto em sua forma ativa uniformizando a modelo com vestes tradicionalistas nacionais.

Não quero ver nus na televisão. Mas a opção de um mal menor seria, obviamente, a não ideológica, já que o feminismo extremista ou radical chegou a proclamar o mal contra os homens em sua forma mais elevada, a de aniquilação total, um tipo de comportamento maniqueísta que culmina numa misandria orgásmica. É isso que se quer evitar.

Uma coisa é certa: o uso de roupas nessa entrada de chamada não é em razão de uma frente fria em pleno fevereiro. Conhecendo a Rede Globo como uma embaixada de uma religião civil pagã em meio televisivo disfarçada de arte e ciência, não se tem por errado dizer que qualquer estratégia ideológica dessa rede anticristã é sempre o fundamento de toda e qualquer atitude midiática sua. O bispo Edir Macedo, abertamente refratário à rede (porque ela conclamou a sociedade a dizer sim à sua prisão na época em que ele ainda pregava na praça pública), se ficou sabendo disso, não abriu sorriso em razão de um nu a menos circulando por aí na mídia; deve ter ficado triste, isso sim, porque o feminismo é que foi o mote nessa troca, digamos, por uma mal menor, na visão da Globo, obviamente.

Ou seja, alternativas à escolha. Ou o nu ou a ideologia. Mas, logicamente, acredito eu, não foi trocado seis por meia duzia. Entre os dois males, foi escolhido o mal pior. Não era de se esperar outra coisa da Rede Globo, muito embora ela tenha errado nisso porque a sua religião pode cultuar vários deuses ao mesmo tempo. Um nu a menos ou um nu a mais não ia fazer a mínima diferença, pois guerras não mais são feitas com armas, e sim com ideologias.

Entendo que o combate feminista está vindo aí como forma de propagar ou disseminar suas ideologias próprias. Não se trata meramente de dar maior valor a questões culturais brasileiras, mas sim de impedir que a mulher tenha o seu corpo desvalorizado e banalizado. Uma bandeira feminista levantada e conhecida mais especificamente que reprime a objetificação do corpo da mulher, no caso, ainda mais, da mulher negra. Querem pintar um mundo cor de rosa para todo mundo.

As repreensões ao reacionarismo dos conservadores vindo da ala feminista e de seus adeptos têm que entender uma coisa. Não se trata simplesmente de defender que as coisas devem ficar do jeito que estão ou de voltar à era das trevas. Soa insólito defender que a guerra é contra os gays ou contra as feministas. Não é isso. A luta é ideológica e não de sexo ou sexista. O que se combate é o gayzismo ou o feminismo e não os seus lutadores pessoais, muito embora, na grande maioria dos casos, os guerreiros é que sofrem as consequências de suas livres escolhas. Livre arbítrio.

Quando se defende o combate ao preconceito, quando ele é existente, não se tem dúvida alguma de sua legitimidade. Mas o instrumento de que se utiliza nessa guerra é que está sendo questionado e pode atingir até mesmo terceiros inocentes. Por exemplo, soa mais hediondo do que mudar uma cultura ou o psicológico de uma criança através da ideologia de gênero nas escolas? Isso sim são ramificações bárbaras de um sexismo, feminismo ou gayzismo camufladas e enganadoras, permissivas em desrespeito a valores, princípios e direitos até mesmo fundamentais dos indivíduos. Theodore Dalrymple explica, ao ensinar o preconceito sadio, que a reação não é um preconceito em si, mas sim a valorização da conduta de se ter idéias pré-concebidas. Ele diz que ser misógino, sexista, racista, etc., acabou sendo preconceito, então o comportamento contrário é o politicamente correto de procurar não se ter preconceito algum, o que soa insólito diante de nossos direitos e valorizações pessoais de manifestação com responsabilidade e sem ofensa de idéias adredemente cultuadas. É o caso exemplar da necessidade de se sentar à mesa de refeição em família, também trazido pelo Dr. Theodore, hoje aviltado em razão de outras “necessidades” individuais.1

Aliás, o combate feminista aos nus na televisão, ao menos na vinheta da “musa do carnaval” da Rede Globo, soa contraditório diante de sua própria afirmação de que o corpo é propriedade exclusiva das mulheres (até mesmo com título justo e registrado em cartório) e dele elas podem fazer o que quiserem. É expressão de Theodore Dalrymple: “… uma mulher é o Rei Sol do seu próprio corpo”..2 Meu corpo minhas regras conflita com esse espaço “cultural” de mostrar a beleza dos corpos femininos. Nada mais familiar, já que a incoerência é marca do signo feminista.

Como até mesmo já se tem noticiado na mídia às escâncaras, as idéias e os fatos indicam que tudo deve se resolver mesmo no combate ao homem, e não no combate ao preconceito, único legitimador dessas práticas que culmina mesmo é no ataque ao machismo como querem fazer crer as feministas. O problema é que, ao desaviso do feminismo, um preconceito é substituído por outro, como diz novamente o Dr. Theodore. Como a bastardia não promove qualquer liberdade às mulheres, a mudança da vinheta da Rede Globo também não. Contrário, oprime. O problema é que querem salvar o mundo e não os homens; salvar o mundo do ceticismo com dúvidas e mais dúvidas (Descartes) e o mundo das doenças e de todos os males com a eliminação de “indesejáveis” (Adolf Hitler).

Culturalmente, Antonio Gramsci deixou claro que a ideologia tem que estar presente nos lugares mais recônditos da sociedade, aqueles esconderijos pessoais e onde a ideia se propaga sutilmente e sem percepção de sua maldade. Aí a televisão e os lares entram nessa jogada política e cultural. No caso, a intenção é mexer com o intelecto dos que apenas querem sambar e sem que eles percebam isso.

A beleza deixou de ser importante? Para desalento dos marmanjos, trocaram a beleza feminina pela política feminista, e como provavelmente eles também não gostam de política, já que vivem a la Mill (PRAZER X DOR), acharam isso muito feio. O próprio nome já diz: “Globeleza”.

Para o próximo ano, as previsões são de que a modelo não será mais uma mulher negra e magra, ou talvez nem seja mais uma mulher. Os videntes contratados pela Rede Globo, como ela gosta muito de vidência, são nesse sentido.


1Em defesa do preconceito: a necessidade de se ter idéias preconcebidas. Tradução: Maurício G. Rigui. 1ª ed. São Paulo: É realizações, 2015

2mesma obra, p. 59

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Sergio de Mello

Sergio de Mello

Defensor Público do Estado de Santa Catarina.

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