Obra recente de 2018, Vencedoras por Opção, foi publicada por Jim Collins e Morten T. Hansen. O livro traz uma análise científica das empresas que mais valorizaram nos Estados Unidos, avalia as metodologias e comportamentos utilizados por cada uma, e liga os seus resultados com seus principais modos de atuar.

Nascido em 1958 nos Estados Unidos, Collins é bacharel em Ciências Matemáticas na Stanford University, possui carreira focada no assunto de gestão de negócios, sustentabilidade e crescimento das empresas, e publicou mais de 6 livros sobre o assunto. Hansen, por sua vez, nascido em 1963 e formado em ciências políticas pela Universidade de Oslo, hoje atua como professor na Universidade da Califórnia, e publicou 3 livros em áreas semelhantes às de Collins.

Ao avaliar o mercado americano, os autores perceberam que algumas empresas superaram em pelo menos dez vezes o índice de crescimento do seu setor específico. Os estudos de Collins e Hansen foram baseados na pergunta: “Por que algumas empresas prosperam na incerteza, até mesmo no caos, e outras não?”. Entretanto o ponto crucial, e que faz do livro especial, é que os autores buscaram avaliar fatores internos a cada uma das empresas, e não somente fatores externos e macroeconômicos que poderiam ser responsabilizados por seu sucesso ou fracasso.

O 1º grande fator de sucesso segundo os autores são o que chamaram de “Líderes 10x”, nomenclatura que se remete às lideranças que fizeram a diferença nas empresas que mais se destacaram. Segundo a obra, as características abaixo estão presentes nestes gestores:

1. Disciplina fanática: mantém as empresas 10x nos trilhos
2. Criatividade empírica: mantém sua vibração
3. Paranoia produtiva: mantém as empresas vivas
4. Ambição nível 5: se encarrega da motivação inspirada
Na visão dos autores, disciplina implica consistência das ações e requer independência mental para rejeitar pressões. O fanatismo perante esta característica permite aos líderes não sucumbirem ao comportamento de “rebanho”, e tampouco perderem o foco em oportunidades atrativas, porém irrelevantes.

Ao tratar de criatividade empírica, a obra destaca a importância da segunda palavra do termo. Em uma situação de incerteza, todos os líderes 10x voltaram-se diretamente para as evidências empíricas. Em situações de crise, delegar o diagnóstico aos tão aclamados “especialistas” pode provocar o efeito de “rebanho”. Como os autores disseram: “tudo o que um martelo vê se parece com um prego”. Em grande parte das vezes, pressionados pelas incertezas e pressões provenientes da crise, os “especialistas” optam pelo diagnóstico mais aceito pelo senso comum, e não por aquele que de fato resolverá o problema. Ter uma base empírica muito mais profunda permite aos 10x fazer movimentos ousados, criativos, e minimizar o risco.

O termo cunhado de “paranoia produtiva” busca trazer um senso de eterna vigilância. De acordo com os autores, os 10x consideram constantemente a possibilidade de as circunstâncias se voltarem contra eles. O excesso de confiança pode levar ao desastre, e por isso a hiper vigilância deve ser transformada em preparação e ações produtivas. Como exemplo prático, os autores relatam que as 10x mantém uma posição financeira conservadora, guardando dinheiro para se proteger contra dificuldades não previstas. Enquanto alguns analistas financeiros podem classificar essa estratégia como um desperdício de capital, é como se os líderes estivessem sempre se perguntando: “E se? E se? E se?”, e com isso se mantendo preparados para a próxima crise.

Ao tratarem de ambição, os autores deixam claro que não é a ambição em benefício próprio. Aqui, a ambição é por algum propósito que vai além deles, seja construir uma grande empresa, seja mudar o mundo, seja atingir um grande objetivo. O que foi verificado nos estudos é que os líderes 10x são movidos apaixonadamente por uma causa muito maior que si mesmos.

A obra apresenta de maneira clara o contraste de cada um dos fatores em empresas 10x e em suas concorrentes que tiveram resultados mais discretos. A linguagem fácil e direta permite uma leitura leve, apesar de um aprendizado denso.

* Leonard Batista é colaborador no Instituto Líderes do amanhã.