Sobre a execução de Joaquim do Amor Divino Caneca

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No dia 13 de janeiro de 1825, a exatos 198 anos, o frei Joaquim do Amor Divino Caneca, era executado pelos crimes de sedição contra Vossa Majestade e pelo escrito de “papéis incendiários”.

Caneca era um frade carmelita de extrema erudição, tido como melhor professor de geometria de Pernambuco e também professor de filosofia moral no Seminário de Olinda.

Neste período, Caneca passou a se inspirar nos ideais da Revolução Americana e Revolução Francesa, partilhando o republicanismo, a independência do Brasil e a formação de um estado liberal frente ao colonialismo português.

Na Revolução Pernambucana de 1817, Caneca foi discreto. Não chegou a atuar diretamente na instalação do governo republicano, porém é registrado que fora capitão do exército durante os momentos finais do existente regime, durante a batalha contra as tropas de Conde dos Arcos, pelos quais passou 4 anos encarcerado após o processo.

Caneca, porém, acabou sendo um dos líderes do movimento conhecido por Confederação, pelo qual, por si só, mereceria uma análise própria mais apurada.

O foco que darei aqui, no entanto, se dá aos seus ditos “papéis incendiários”.

Os ditos “papéis incendiários” de Caneca era nada mais, nada menos, que o jornal Typhis Pernambucano, a trincheira intelectual de Caneca que durou de 25 de Dezembro de 1823 até a debelação da Confederação do Equador e sua eventual prisão.

Em oposição ao governo central conservador instalado no Rio de Janeiro pelo chamado partido português, Caneca passou a usar a influência do iluminismo francês para tecer críticas, culpando diretamente o governo central pela existência da Confederação do Equador.

Embora a historiografia nacional considere a experiência de motivação separatista, os escritos do Typhis Pernambucano mostram uma face totalmente oposta.

O governo paralelo ao governo carioca não tinha como objetivo criar um país próprio, mas sim uma visão alternativa de governabilidade diferente do centralismo quase absolutista advogado pelo partido português.

O filósofo Antônio Paim, ao analisar a experiência da Confederação, fala que por mais que a motivação idealista da Confederação tivesse a influência liberal francesa, o democratismo tomava uma grande espaço no ideário deste governo paralelo, tornando a experiência muito mais romântica do que efetivamente eficiente do ponto de vista liberal.

Democratismo, para o filósofo, se refere a uma confiança absoluta na maioria popular para uma tomada de decisões governamentais, em experiência similar ao que foi o governo jacobino da Revolução Francesa, sem apresentar soluções para os eventuais problemas de representatividade de minorias da população.

Apesar disso, Frei Caneca se torna um símbolo das correntes liberais brasileiras que surgiriam no contexto de formação nacional do país e da nacionalidade brasileira, principalmente no caráter de formação nacional do povo nordestino.

*Artigo publicado originalmente na página Liberalismo Brazuca no Facebook.

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