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Política Robin Hood às avessas: tira dos pobres para dar aos ricos

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Como já abordei aqui outras vezes, logo no início de seu governo, Joe Biden assinou um dos maiores programas de estímulo à economia de que se tem notícia, gastando cerca de 42 mil dólares para cada pagador de impostos de seu país. Mas para onde esse dinheiro foi e quais foram os resultados?
Um recente artigo do Massachusetts Institute of Technology (MIT) nos ajuda a responder essa pergunta. Um dos principais programas do pacote foi o Paycheck Protection Program, que, de uma maneira bem resumida, destinou US$ 800 bi para que as empresas continuassem a pagar seus respectivos empregados. A medida começou no governo Trump, mas foi reaberta por Biden em janeiro do ano passado. De acordo com David Autor, responsável pelo estudo (com mais 8 coautores), seus resultados são decepcionantes. Sua análise mostrou que, embora 93% das pequenas empresas tenham recebido empréstimos do programa, apenas entre 2 e 3 milhões de empregos foram preservados. A ação gastou surpreendentes US$ 170.000 a US$ 257.000 para cada posto de trabalho preservado – muito mais do que a maioria desses empregos pagam.

Além disso, o estudo constatou que apenas 23% a 34% dos dólares do programa foram para trabalhadores que, de outra forma, teriam perdido seus empregos – o que significa que a grande maioria foi para “donos de empresas e acionistas”. Obviamente o programa também foi alvo de fraudes, conforme noticiou o The Wall Street Journal em novembro do ano passado. Os autores concluem que os benefícios do programa foram “altamente regressivos”, o que significa que beneficiou mais os ricos, com cerca de 75% dos benefícios, fluindo para os 20% de maior renda nos EUA. Em outras palavras, o dinheiro do governo beneficiou os mais privilegiados.

Não precisa ser um gênio para perceber que a medida foi uma alocação bastante ineficiente dos recursos públicos. Este estudo me lembrou o Brasil na época da Dilma, quando, através de empréstimos via crédito subsidiado, R$ 323 bilhões saíram dos cofres públicos para empresários via BNDES, deixando a conta para toda a sociedade arcar.

Alguns podem ficar tentados a se concentrar nos aspectos positivos e dizer que ambas as medidas (empréstimos subsidiados da Dilma Rousseff e Paycheck Protection Program nos EUA) ajudaram algumas pessoas; mas não podemos avaliar as políticas governamentais sem considerar o custo de oportunidade, os trade-offs. O que os cidadãos comuns poderiam ter feito com esses US$ 800 bilhões? Afinal, cada dólar gasto pelo governo vem, direta ou indiretamente, dos contribuintes. E se Dilma, ao invés de usar o BNDES e seus 323 bilhões de reais para empresários, tivesse, por exemplo, aumentado o bolsa-família, diminuído a dívida pública ou reduzido impostos sobre consumo?

Eu acho difícil imaginar que, se Dilma e Biden tivessem deixado esse dinheiro na sociedade, seria gerado menos valor do que o foi por tais políticas governamentais. A impressão que dá é que políticas de estímulo à economia funcionam como um Robin Hood às avessas: tiram dos pobres para dar aos ricos.

*Artigo publicado por Conrado Abreu na página Liberalismo Brazuca no Facebook.

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