Sim, é verdade que a inflação pode estar relacionada à sucessão de auxílios. Afinal, o mundo todo passou por um aumento significativo da inflação neste período da pandemia.

Então, dizer repetidamente que a culpa do aumento da inflação está relacionada a quem defendia a permanência em casa parece uma desculpa esfarrapada. Ainda mais quando lembramos que, no Brasil, o ápice da taxa de isolamento ocorreu apenas no período inicial da pandemia e a média de isolamento social ficou na ridícula margem de 30%.

Porém, o valor da gasolina ter quase dobrado em menos de 12 meses não tem a ver com a inflação. Na verdade, é possível afirmar o contrário, o aumento do valor da gasolina é o que mais empurra a inflação pra cima, e tudo isso capitaneado pela desvalorização do real perante o dólar, este sim, a moeda que mais desvalorizou no período de pandemia no mundo entre os países que existe alguma política fiscal relevante.

E o resultado dessa desvalorização do dólar tem  como culpado a política econômica do governo federal, que garantiu a desvalorização do dólar para tentar exportar mais e usou a alta inflacionária para aumentar a arrecadação e tentar pagar as dívidas ao custo de corroer o poder de compra da população, como Paulo Guedes já declarou sucessivas vezes em entrevistas.

O ICMS, que virou mais um mote da campanha do “culpe seu governador”, sofreu reajuste em poucos estados nos últimos anos e nos estados em que ocorreu reajuste foi onde menos se percebeu a alta na gasolina em comparação com seus pares que preservam a mesma taxa desde o governo Dilma.

A situação do valor do barril do petróleo, que no ano passado chegou a bater um valor negativo no mercado internacional de commodities, expõem ainda mais a culpa relacionada à desvalorização monetária do período.

*Artigo publicado originalmente na página Liberalismo Brazuca no Facebook.