Dissonâncias na política econômica: o debate sobre taxação e crescimento no Brasil
Dissonância. Contradição. Desafio. O atual cenário político brasileiro, com suas propostas econômicas divergentes, destaca um ponto crítico na governança do PT. Enquanto Fernando Haddad, ministro da Fazenda, propõe no G20 taxar os super-ricos, Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, defende a redução de impostos para estimular a indústria. Essa discrepância revela não apenas um conflito interno, mas também coloca em xeque a eficácia e a coesão das políticas econômicas do governo. A defesa da propriedade privada e a crítica à taxação excessiva dos super-ricos se tornam pautas importantes diante das falas de Haddad.
O projeto encabeçado por Alckmin, visando a reduzir impostos para indústrias que investem em novas máquinas, reflete uma compreensão aguda das necessidades econômicas do país. A medida proposta para abatimento no IRPJ e na CSLL é um passo na direção certa, pois alinha incentivos econômicos com o desenvolvimento industrial, promovendo inovação e competitividade. Essa política argumenta que a redução de impostos pode estimular investimentos, expandir a produção e, por fim, criar mais empregos.
Já a participação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no G20, defendeu a implementação de uma taxação global mínima sobre os super-ricos; destaca-se como um ponto de discussão crítico e revela uma abordagem que divide a política econômica brasileira atual. Enquanto a proposta visa a abordar desigualdades globais e promover uma distribuição de renda mais justa, sua eficácia e impacto na economia são questionáveis.
Essa iniciativa desconsidera as implicações práticas que tal taxação pode ter sobre o investimento, a inovação e, em última análise, o crescimento econômico. A sugestão de Haddad no fórum internacional, portanto, não apenas coloca em evidência a orientação esquerdista do atual governo, mas também gera preocupações sobre como a busca por justiça fiscal pode afetar a dinâmica econômica e a atratividade do Brasil como destino de investimentos.
A recente dissonância nas falas de lideranças do governo de esquerda no Brasil ilustra uma incoerência preocupante que mina a confiança na direção econômica do país. Se, por um lado, a agenda de Haddad pela taxação global mínima sobre os super-ricos busca equidade, mas levanta questionamentos sobre sua eficácia e impacto no incentivo ao investimento e na geração de riqueza, a de Alckmin propõe a redução de impostos para estimular a compra de máquinas pela indústria, uma política que reconhece a importância da carga tributária reduzida para o crescimento econômico.
Essa contradição não apenas reflete uma falta de coesão nas políticas econômicas propostas, mas também sinaliza uma falha em reconhecer um princípio básico da teoria econômica: a consistência e previsibilidade são fundamentais para a confiança dos investidores e para o desenvolvimento sustentável. A incoerência nas posições do governo revela uma tensão interna que pode comprometer a implementação de políticas eficazes, desafiando a lógica econômica em favor de narrativas políticas divergentes.
Enquanto o projeto de Alckmin pode gerar grandes avanços, a defesa de Haddad destaca o potencial perigo da excessiva intervenção governamental na economia. Tal prática pode levar à ineficiência e à estagnação econômica do país.
Milton Friedman, em Capitalismo e Liberdade, critica a intervenção governamental, afirmando que “o governo deve ser um árbitro, não um participante ativo no mercado. A grande ameaça à liberdade é o poder concentrado. A concentração de poder governamental é a mais perigosa forma de concentração de poder”. Friedman adverte contra os riscos da centralização do poder econômico nas mãos do Estado, argumentando que isso pode levar à perda de liberdades individuais e à ineficiência econômica.
É essencial, portanto, que os valores de liberdade econômica e proteção da propriedade privada sejam mantidos. São inúmeros os benefícios quando há um sistema que incentiva a iniciativa privada e limita a carga tributária sobre os cidadãos e empresas. Esse equilíbrio é crucial para o desenvolvimento sustentável e a prosperidade de uma nação.
Por fim, este artigo transcende a mera política fiscal; trata-se de uma reflexão sobre a visão de futuro desejada para o Brasil. A proteção da propriedade privada e a promoção de um ambiente de negócios saudável são fundamentais para assegurar a liberdade, a inovação e o progresso. A decisão entre impor mais taxas aos super-ricos ou reduzir a carga tributária para estimular a economia é mais do que uma escolha econômica; é um reflexo dos valores escolhidos como prioridade.
*Gabriela Moraes é associada do Instituto Líderes do Amanhã.