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Álbum de retrato da economia de alguns países da América Latina (segunda parte)

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ste artigo foi dividido em duas partes. Clique aqui para ler a primeira.

Para avaliar os gastos dos governos com educação, serão considerados os gastos por estudantes nos níveis de educação primário, secundário e terciário. Na educação primária, o maior gasto por estudante ocorre no Chile, que é seguido à distância pela Argentina e pelo Brasil. O país da amostra com menor gasto foi o Equador; note que Bolívia e Venezuela ficaram de fora por falta de dados.

No ensino secundário, a liderança passa a ser da Argentina, com o Chile ocupando o posto de segundo maior gasto por estudante. O Brasil caiu para a quarta posição e o Equador é novamente o país com menor gasto por aluno.

No ensino terciário, onde estão as universidades, o maior gasto do governo por aluno é no México. O Equador, que tinha o menor gasto nos níveis primário e secundário, tem o segundo maior gasto no nível terciário. O Brasil ficou com o quarto maior gasto, mesma posição que no secundário, e uma posição abaixo do primário. O Chile, que liderou no primário e ficou em segundo lugar no secundário, aparece em quinto lugar no terciário. Esses números sugerem que o sistema público de educação do Chile prioriza os níveis mais básicos de educação. O Peru é o país com menor gasto do governo por aluno no ensino terciário.

A desigualdade será medida pelo índice de Gini, a proporção da renda que vai para os 10% mais ricos e a proporção da renda que pertence aos 10% mais pobres. O maior índice de Gini é observado no Brasil, que é seguido pela Colômbia. O Uruguai é o país da amostra onde a distribuição de renda é menos concentrada.

No Brasil os 10% mais ricos respondem por 41,9% da renda do país; é a maior proporção dentre os países da amostra. No Uruguai, os 10% mais ricos ficam com 29,7% da renda e na Argentina ficam com 30%.

Aqui aparece um fato curioso: apesar de ficar pelo meio no índice de Gini e na renda destinada aos 10% mais ricos o Chile é o país da amostra onde os 10% mais pobres ficam com a maior fatia da renda. Brasil é o país onde os 10% mais pobres ficam com a menor parte da renda. Por qualquer dos critérios utilizados, o Brasil é o país com a maior concentração de renda.

Em tempos de redes sociais e vidas virtuais, achei válido olhar para o acesso à internet. O maior acesso ocorre no Chile, 80% da população, e o menor na Bolívia. O Brasil fecha a parte de cima da distribuição, com acesso menor que a Venezuela e maior que no México.

Por fim, considerei duas varáveis relacionadas à estrutura de produção dos países: proporção da renda do país originada em recursos naturais e participação da manufatura no PIB. O Chile é o país da amostra com maior dependência de recursos naturais. Talvez esse fato deva ser considerado por quem tenta explicar o desastre econômico em alguns países do continente com base na queda dos preços das commodities. A menor dependência ocorre na Argentina. No Brasil, apenas 3,2% da renda tem origem em recursos naturais.

O Paraguai é o país da amostra onde a manufatura responde pela maior parte do PIB. Se essa variável for usada como medida de industrialização, então é justo dizer que o Paraguai é o país mais industrializado da turma. Em segundo lugar, aparece o México, aquele que fez um acordo de livre comércio com os EUA. O Brasil, apesar (ou por causa?) dos subsídios, dos planos estratégicos para indústria, do protecionismo, etc., é o país onde a manufatura reponde pela menor proporção do PIB.

Como prometido, o post apresentou retratos de países da América Latina tirados por diversos ângulos. É certo que outros autores, ou este autor em outros dias, poderiam ter colocado outros países e escolhido outras variáveis, mas creio que os retratos desse post dão uma ideia relevante de como estão alguns dos principais países da região. Apesar dos inevitáveis comentários no decorrer do texto, deixo para o leitor decidir quais países apresentam o melhor desempenho geral.

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Roberto Ellery

Roberto Ellery

Roberto Ellery, professor de Economia da Universidade de Brasília (UnB), participa de debate sobre as formas de alterar o atual quadro de baixa taxa de investimento agregado no país e os efeitos em longo prazo das políticas de investimento.

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