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E se o Museu Nacional tivesse recebido concessão? As chamas da irresponsabilidade estatal

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Como graduado em História, sei que esse negócio de “e se” não é um objeto possível de ser estudado. No entanto, a partir dessa hipótese podemos trazer algumas coisas para nossa discussão. Por isso, a fim de fazermos um exercício de reflexão, perguntemos: e se o Museu Nacional, nitidamente destruído pelo descaso público, tivesse recebido uma concessão? Teria ele sido acometido pelas chamas da irresponsabilidade estatal? Duvido muito.

Outra coisa: o que estou propondo aqui é um debate. Portanto, quem discorda não precisa “surtar”. Pensar na concessão é apenas uma maneira de tentar preservar algo para o qual o Estado não dá a mínima atenção.

Ontem mesmo, no dia do incêndio, pensei nessa proposta. Hoje, por coincidência, vi o discurso do reitor da UFRJ propondo a mesma coisa. Disse ele, em fala que pode ser lida aqui: “Não adianta só chorar, temos que agir. E agir se dá em 4 linhas: primeiro, imediatamente a concessão desse terreno. Não estou mais pedindo, eu estou exigindo.”

É provável que os mais idealistas repliquem com um categórico “não!” Compreendo que o Museu Nacional é – ou era – um patrimônio histórico nacional, entretanto, vimos ontem – mais uma vez – no que redunda o descaso público.

O incêndio do Museu Nacional não é um acidente. Ele é uma consequência direta do desleixo estatal. Como não dá lucro e nosso Estado não passa de um obeso malandro cuja rotina é passar o dia comendo verba pública, grande parte do nosso patrimônio cultural virou cinzas. Este foi um episódio tão revoltante que mal dá vontade de discuti-lo.

Diante dos resultados desse caminho, não é delírio pensar que, se o Museu Nacional – bem como outros –, recebesse concessão, a empresa responsável pelo tempo de concessão estipulado no contrato estimularia eventos, organizaria diversas atividades a fim de ganhar com isso.

Mas há outro ponto. Conversando com um amigo economista, Paulo Victor Berri Wilhelm, este me disse o seguinte: “a concessão pode ser uma alternativa para fugir do caos da administração pública, porém, precisa ser lucrativo. E só será lucrativo se as pessoas valorizarem a cultura. E infelizmente não é o que acontece. O mercado não é solução infalível, o mercado entrega o que as pessoas estiverem dispostas a pagar.”

Diante dessa colocação, perguntemos: quais seriam então as alternativas para fazer com que a população se interessasse pela cultura? A princípio, não sei. Mas se o mercado não é a solução infalível, é certo que ele quase faz milagres – aqui repito: tal artigo não dá a solução, mas procura uma alternativa.

Para repetir o óbvio: o Museu Nacional foi só mais uma vítima da irresponsabilidade administrativa, da negligência governamental para com a cultura de um povo. E por causa desse fato lamentável podemos corrigir a frase “o que é público não é de ninguém” para dizer que “o que é público se tornou propriedade do fogo”.

Por fim, a pergunta da qual a História não é muito amiga: “E se o Museu Nacional tivesse recebido concessão?”

 

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Thiago Kistenmacher

Thiago Kistenmacher

Thiago Kistenmacher é estudante de História na Universidade Regional de Blumenau (FURB). Tem interesse por História das Ideias, Filosofia, Literatura e tradição dos livros clássicos.

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