É possível ser contra o casamento gay e a favor do direito dos gays constituírem família legalmente?
Há duas semanas atrás encontrei um grande amigo que não via há muitos anos. Papo vai, papo vem, naquela típica atualização das novidades familiares e profissionais, ele me confidencia estar muito preocupado com uma suposta “guinada conservadora” de minha parte, em virtude da amizade pessoal que passei a ter com figuras importantes do movimento evangélico brasileiro.
Cumpre destacar, ele sempre soube que eu era protestante, e sendo ele homossexual, isso nunca nos impediu de sermos amigos.
Eu disse que minhas posições políticas independem de minhas amizades e que eu sou quem eu sou. Nisso ele me faz uma pergunta direta:
– “Você é a favor do casamento gay?”
A minha resposta foi:
– “Sou 100% contra o casamento gay, e 100% a favor do direito dos gays constituírem família, em regime de igualdade jurídica com casais heterossexuais”.
Essa resposta claramente deixou meu amigo confuso e sem saber o que dizer. Então eu passei a explicar melhor.
De um ponto de vista pessoal, de fato eu sou culturalmente conservador. Entendo que uma verdadeira união familiar decorre da combinação entre um homem e uma mulher, em regime de fidelidade, para criação de filhos e bem-estar comum, em suma, o modelo tradicional cristão.
Entendo, pessoalmente, que a atividade homossexual é altamente prejudicial àqueles que praticam tais atos, tanto em uma perspectiva biológica/médica quanto psicológica, e que aqueles que quiserem buscar mudar de comportamento devem ter acesso a ajuda psicológica e religiosa para esse fim.
Isto posto, a pergunta que cabe é: minhas vontades e desígnios devem pautar políticas públicas e restrição de direitos civis e individuais de outras pessoas?
Minha resposta, nesse caso, é um sonoro não.
Embora eu seja contra o casamento gay, isso não pode ser motivo para que eu seja contra o direito civil que um par homossexual tem de compartilhar patrimônio, constituir família e criar filhos, tais como casais heterossexuais fazem.
Essa confusão se dá exatamente por causa do termo “casamento”, como já escrevi nesse espaço em outra oportunidade, e repiso agora:
“Nessa guerra entre homossexuais e religiosos, a sociedade como um todo sai perdendo.
A melhor solução liberal para esse imbróglio é a desestatização do casamento. Como funcionaria:
O casamento, com esse nome, seria um sacramento a ser realizado por instituições religiosas e sem nenhum efeito civil.
O que hoje se chama casamento passaria a ser um contrato e ter outro nome, por exemplo, Contrato de União Familiar, onde as partes livremente estipulariam direitos, obrigações e efeitos patrimoniais, e como qualquer contrato, poderiam se desfazer dele de maneira simples e não-burocrática, sem a necessidade de supervisão do MP ou burocracia cartorial e jurídica.
Como é um contrato, pode ser firmado por pessoas de diferentes orientações sexuais sem nenhum problema, respeitado o limite da capacidade civil de 18 anos (16 com supervisão dos responsáveis), e uma mesma pessoa poderia até mesmo assinar mais de um contrato ao mesmo tempo, se os contratos não forem de exclusividade.
Com isso, religiosos manteriam a sacralidade de seu rito, sem efeito civil e com suas próprias regras. Por outro lado, homossexuais e polígamos teriam exatamente os mesmos direitos civis dos heterossexuais, garantindo-se a laicidade e a isonomia do estado perante os cidadãos, tudo isso sem a atual burocracia e sem confusão com o rito sacro religioso.
Destaco, para terminar, que eu, particularmente, sempre serei um defensor da família tradicional, que é cultural e moralmente o modelo mais correto para o ser humano, e não recomendo outras formas de relacionamento humano para ninguém, mas meu posicionamento particular sobre o tema não pode contaminar o direito civil de pessoas que pensam diferentemente de mim”
Por tudo isso, embora eu seja culturalmente conservador, eu me considero politicamente liberal. E acredito que essa é exatamente a melhor definição do que seja o “liberal-conservadorismo”, a ideia de que a visão conservadora é o melhor caminho para a sociedade, mas ela não pode ser imposta unilateralmente para aqueles que não compartilham da minha visão, e uma sociedade aberta deve estar pronta para receber e gerar diferentes tipos de projetos de vida.
Se, conforme frase atribuída a Kant, “ninguém há de me obrigar a ser feliz à sua maneira”, certamente não posso fazer a mesma coisa com os outros, embora eu ainda recomende fortemente a minha maneira.
Revista Veja, essa “porcaria esquerdopata”: http://super.abril.com.br/ciencia/encontrada-a-marca-genetica-da-homossexualidade
É positivo que o autor da coluna esteja disposto a não encher o saco dos gays de forma ativa, mas eu enxergo no texto acima uma contradição que eu só explico devido à doutrinação religiosa. “Olha, vou respeitar, mas pra mim a homossexualidade é suja.” Não importa que novidade científica surja na Biologia ou Psicologia, o autor não vai mudar de opinião nunca, porque essa ligação emocional com um suposto ser celestial implantada na infância não deixa. Religião não combina com livre-pensamento, religião combina com obediência. Essa parte da mente do autor está trancada para sempre. Viva a lavagem cerebral praticada pelas religião a todas as crianças do mundo, todos os dias.
A homossexualidade é natural, é resultado de processos epigenéticos. Faz parte da loteria genética à qual todos estamos sujeitos. É uma tragédia para uma pessoa nascer com a psique de um sexo e o corpo de outro, mas do ponto de vista moral não há nada que justifique uma intervenção. Não existe nenhum dano médico da prática homossexual: sexo anal não faz mal, beijo não faz mal. O que é perigoso é a promiscuidade, mas isso não é patrimônio dos homossexuais. Quanto aos danos psicológicos, presumo que o autor se refere à encheção de saco que os homossexuais sofrem por parte do resto das pessoas que não têm coisa melhor pra fazer. Se for isso, estou totalmente de acordo: são danos graves, que levam até ao suicídio, ou ao homicídio.
Ótimo texto! Mas diga, o mesmo raciocínio (eu não concordo, mas você tem a liberdade) se aplica ao consumo de drogas recreativas? Se não, por quê?
‘Entendo, pessoalmente, que a atividade homossexual é altamente prejudicial àqueles que praticam tais atos, tanto em uma perspectiva biológica/médica quanto psicológica, e que aqueles que quiserem buscar mudar de comportamento devem ter acesso a ajuda psicológica e religiosa para esse fim.” >>>>>>Isso não tem embasamento nenhum, só de pessoas ligadas ao meio gospel, mas tudo bem é uma opinião, pesquise mais , pesquise também sobre o exodus dos estados unidos, os verdadeiros problemas psicológicos vem com a não aceitação se si mesmo e não com o fato de ser homo em si! Vamos ver o que Freud (que Malafaia adora citar mas nunca leu) , você deveria largar suas crenças adquiridas no meio evangelico e pesquisar mais fora!
“O número de êxitos conseguidos pelo tratamento psicanalítico das diversas formas de
homossexualismo, que, por casualidade, são múltiplas, na verdade não é muito notável. Via de
regra, o homossexual não é capaz de abandonar o objeto que o abastece de prazer e não se pode
convencê-lo de que, se fizesse a mudança, descobriria em outro objeto o prazer a que renunciou.
Se chega a ser tratado, isso se dá principalmente pela pressão de motivos externos, tais como as
desvantagens sociais e os perigos ligados à sua escolha de objetos; e esses componentes do
instinto de autoconservação mostram-se fracos demais na luta contra os impulsos sexuais. ”
fonte:
http://centropsicanalise.com.br/wp-content/uploads/2012/07/Aula-05-06-e-07-FREUD-S.-A-Psicog%C3%AAnese-de-um-caso-de-homossexualismo-numa-mulher.pdf
Se funciona ou não, isso simplesmente não importa.
O indivíduo que não está feliz com a sua condição de homossexual deve ser livre para buscar ajuda psicológica ou religiosa para deixar essa condição em que não se encontra satisfeito. O mesmo para um indivíduo heterossexual.
http://ohomossexualismo.blogspot.com.br/2014/07/gemeos.html
Um dos problemas é que ativistas do movimento gay querem que os homossexuais em união estável tenham os mesmos direitos positivos [aqueles que impõem obrigações a terceiros] que o Estado oferece aos heterossexuais, quando na realidade muitos desses direitos não deveriam existir para ninguém.
“Direitos”, no linguajar esquerdista, nada mais são do que deveres impingidos aos pagadores de impostos.
Texto muito bom. Alguns liberais se confundem sobre isso.
Bernardo, Ótimo texto, eu tinha a mesma dúvida
por ser protestante, é bom separar as coisas
abraços!