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Diga não à doutrinação ideológica

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doutrinacaosocialistaO socialismo é uma utopia muito interessante em termos teóricos, mas terrível na prática. Essa ideologia ceifou milhões de vidas em várias partes do mundo e somente foi capaz de produzir pobreza e opressão. Acho que não há nenhuma novidade nisso. O que realmente me impressiona é o fato de, apesar de tantos dados negativos, muitas pessoas ainda acreditarem que o socialismo possa, de alguma maneira, melhorar as condições de vida de uma nação.

Entre os que defendem o socialismo, há pelo menos três grandes grupos. Primeiramente, os oportunistas: pessoas que não se importam se uma economia estatizada é eficiente ou não. Os oportunistas não estão interessados nesse aspecto, para eles isso é irrelevante. O ideal socialista ainda é capaz de mover multidões, é um meio de se chegar ao poder e é isso que importa.

Um segundo grupo é o dos manipulados. São, de um modo geral, pessoas de pouca instrução e baixa capacidade cognitiva. Esse é provavelmente o grupo mais numeroso. São pessoas que não entendem nada de economia ou política, mas estão plenamente convencidas de que o capitalismo é opressivo e que o socialismo é a redenção.

O terceiro grupo é o que eu considero mais complexo e interessante. São pessoas inteligentes, bem informadas, algumas inclusive com alto grau de instrução, e que, mesmo assim, defendem os ideais socialistas. Como entender esse grupo? Essas pessoas são anticapitalistas. Isso, até certo ponto, é compreensível. O capitalismo não é necessariamente bom. Ele pode ser bom, mas isso depende de uma série de condicionantes. A economia brasileira sempre, desde o período colonial, teve alguns elementos capitalistas: comércio, propriedade privada, obtenção de lucro, acumulação de capital etc. Com o passar do tempo, o escravismo, o monopólio comercial e outros resquícios pré-capitalistas foram superados. Todavia, o Brasil sempre foi e continua sendo uma sociedade profundamente desigual e com imensos bolsões de pobreza. Por que o capitalismo no Brasil não foi capaz de gerar riqueza para todos? Essa é a grande questão.

O principal fator de mobilidade social e geração de riqueza em uma sociedade é a educação. Para que uma sociedade seja justa, o governo tem de assegurar que todas as crianças e adolescentes tenham acesso à educação básica de qualidade. Isso não significa que o governo deve necessariamente manter escolas públicas. As escolas podem ser privadas, mas, se os pais não tiverem recursos suficientes para pagar o estudo dos filhos, o governo deve prover esse benefício.

Em vez de escolas privadas e uma assistência apenas para as famílias muito pobres, o Brasil optou por uma solução muito mais onerosa: o ensino público e gratuito, ofertado a todos indistintamente. O grande problema é que esse ensino público e gratuito tem um baixíssimo nível de qualidade. Hoje, no Brasil, é comum um jovem terminar o ensino médio semialfabetizado, capaz de ler um texto, mas sem entender o que leu. Esse mesmo jovem, muitas vezes, é incapaz de realizar operações aritméticas básicas. Logicamente, uma pessoa com tal nível de formação não vai disputar os melhores empregos no mercado de trabalho. Esse jovem não será médico, engenheiro ou advogado. Para ele estão destinadas as funções de segunda ou terceira categoria. Em outras palavras, a educação no Brasil, em vez de funcionar como um fator de mobilidade social, funciona como um cimento que solidifica ainda mais o circulo vicioso da pobreza.

Esse modelo de educação disfuncional que vigora no Brasil é um terreno fértil para a difusão de ideias socialistas e marxistas. Quando os professores ensinam aos alunos que a sociedade está dividida em classes sociais, que existe uma classe dominante e uma classe dominada, os alunos tendem a aceitar essa ideia, porque ela parece condizente com a realidade em que eles estão inseridos. Um estudante pobre, que mora em uma região carente, filho de pais pouco escolarizados é uma presa fácil de ideias esquerdistas.

Além disso, alguns professores entendem que a decadência do ensino – escolas mal conservadas, falta de equipamentos, salários baixos, etc. – é um subproduto do capitalismo. Somente em uma economia socialista, estudantes pobres poderão ter acesso à educação de boa qualidade. Professores difundem esse pensamento em escolas públicas, que se transformam em verdadeiros centros de ódio ao capitalismo. Alguns desses jovens carentes chegam a universidade, onde, muitas vezes, a pregação ideológica e anticapitalista continua.

Como mudar tudo isso? Particularmente, acredito que esse quadro somente pode ser mudado a partir do momento que a educação passar a ser levada realmente a sério no Brasil. Façamos uma comparação. A Coreia do Sul, no começo da década de 1960, era um país paupérrimo, sem indústrias, sem riquezas naturais, com uma população iletrada e assolado por uma guerra sangrenta. Em aproximadamente 40 anos, esse país asiático deixou para trás um quadro de miséria e se transformou em uma nação desenvolvida. Como explicar tanto sucesso em tão pouco tempo? A Coreia fez há mais de 50 anos o que o Brasil não fez até hoje: levou a educação a sério. De acordo com o PISA (Programme for International Student Assessment ), a Coreia do Sul é um dos países mais bem ranqueados no mundo, em termos de educação básica.

Resumindo, educação é a alavanca da mobilidade social, ela pode reduzir desigualdade e pobreza. Ela é também um elemento fundamental no desenvolvimento econômico. Nenhum país do mundo se desenvolveu sem investir em capital humano. Por outro lado, escolas sucateadas, ensino de má qualidade e professores desvalorizados abrem espaço para a difusão de ideias socialistas. Já passou da hora do Brasil levar educação a sério.

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Ivan Dauchas

Ivan Dauchas

Ivan Dauchas é economista formado pela Universidade de São Paulo e professor de Economia Política e História Econômica.

Um comentário em “Diga não à doutrinação ideológica

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    07/07/2015 em 6:47 pm
    Permalink

    Sempre muito bons os artigos do Dauchas!
    Colocando minha opinião, -acho inadequado usar o termo “baixa capacidade cognitiva” para caracterizar um grupo. Até porque a mensuração da capacidade cognitiva pode ser responsabilidade de estudiosos de outras áreas que não a economia.
    Talvez fosse melhor evitar criar um grupo tão específico sob o risco de falar a mesma língua dos esquerdistas (e esse é um assunto dos economistas).
    Eu acho especialmente interessante citar a Coreia do Sul (assunto de economista). Mas a educação de lá é um grande exemplo de supressão de espontaneidade (assunto de psicólogos (aí eu posso tentar falar), e de economistas (aí eu posso estar enganado)), de modo que (creio) não se pode ter certeza de que o Brasil deveria imitar a Coreia.

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