Crescimento com conhecimento, aventura com retórica ativista
Acredito na razão, no conhecimento comprovado, na ciência e no humanismo racional. Como afirma Mises, o homem se distingue dos demais animais, pois ele pode controlar seus impulsos e desejos; “é um ser capaz de subjugar seus instintos, emoções e impulsos: que pode racionalizar seu comportamento”. Portanto, ele não é um fantoche de seus apetites.
Independentemente de nossas vontades e de nossos sonhos, existe um mundo real a ser enfrentado, distinto daquele que gostaríamos que ele fosse. Isso não significa que tenhamos que abandonar nossas convicções, no entanto, existem limitações e empecilhos presentes, além de que, claramente, o conhecimento verossímil não pode ser descartado.
Não resta dúvida de que o sistema capitalista, o shumpeteriano da destruição criativa, das ideias inovadoras, acompanhado dos princípios virtuosos da religião, da justiça e das liberdades, fez a civilização ocidental evoluir. O desenvolvimento se traduz por uma mudança espontânea e continuada. Compare, por exemplo, o padrão de vida mundial de 1900 com 2020.
Entretanto, como bem aponta Theodore Dalrymple, a “nossa cultura” se encontra agarrada a um fiapo, tendo em vista a degradação de valores consagrados e edificantes da cultura ocidental. Os valores virtuosos e o conhecimento têm sido, em parte, abandonados no mundo, em função de ideologias lérias, de interesses escusos, e da busca desenfreada pelo poder.
Narrativas e discursos falaciosos nunca estiveram tão em voga como agora, pregando o fim do “malvado” sistema capitalista. O capitalismo é o grande vilão das desigualdades sociais, de acordo com todos os especialistas que vestem vermelho.
O conhecimento comprovado atesta que não há outro sistema econômico capaz de estabelecer relacionamentos consentidos e colaborativos entre pessoas que criam riqueza e prosperidade. A desigualdade é um fator intrínseco ao ser humano, e é justamente por termos indivíduos talentosos, criativos e dispostos a correr riscos, que emergem empresas, produtos e serviços, ou seja, melhores soluções úteis e inovadoras para os problemas dos consumidores e da sociedade. Você com certeza já usou produtos e serviços de Steve Jobs e/ou Jeff Bezos.
Na medida em que os mercados são livres e há competição, empresários investem e inovam para serem diferentes e desiguais, buscando a melhor satisfação das necessidades e dos desejos dos consumidores. Portanto, são as ofertas desses empresários “desiguais” que incrementam o padrão de vida de todas as pessoas.
A desigualdade é nefasta no capitalismo quando o Estado interfere por meio de políticas corruptas e de concessão de privilégios a grupos de “empresários” mancomunados com agentes estatais, como ocorreu extraordinariamente nos governos petistas. O intervencionismo estatal, na grande maioria das vezes, é a grande peste.
O bom-mocismo desarrazoado, as retóricas “progressistas” que cooptaram questões sociais (não são monopólios da esquerda “progressista”), ideias marginais e a politização das mesmas, tiram o foco do conhecimento, do principal e da verdade.
Os incentivos parecem não importar, adotam-se leis risíveis para combater a violência, bandidos são vítimas da sociedade, o problema é a violência policial, desarme-se a polícia, encarceramento não funciona, não se invista em policiamento… Evidente que não! O aumento do crime é inaceitável, e é preciso aumentar o rigor da lei, a fim de conter a impunidade, além de aumentar e qualificar a força policial.
No ensino tupiniquim, já não bastasse o devastador método de Paulo Freire, em que o aluno “progride por si”, sendo as matérias de português, de matemática e de ciências acessórias, agora a “inovação salvadora” é impregnar o ativismo social na base.
O estudo da escravidão e do racismo é necessário, mas isso não pode ser contaminado pelas ideologias e interesses políticos. Todos sabem, por exemplo, a vinculação de Paulo Freire com o pensamento marxista e com críticas ao capitalismo. Com sinceridade, surpreende-me positivamente o número de amigos negros que conheço e que repudiam a notória politização da questão raça/cor.
Enfim, o que se sabe, de fato, é que o conhecimento e a ciência de verdade fizeram a civilização avançar, ao passo que a retórica ideológica, chamada de progressista, desencadeou falta de coesão social, e gerou mortes, fome, miséria e pobreza.
O crescimento econômico e social acontece com experiências embasadas no conhecimento comprovado e na manutenção de políticas verdadeiramente vencedoras; já o ativismo de movimentos sociais funciona maravilhosamente bem para políticos populistas e programas de notícias.
Quer a prova disso? Recente? Analise, com base nos fatos e nos dados, a situação do governo Alberto Fernandéz na Argentina, e o de Joe Biden nos Estados Unidos.