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Combate ao preconceito é preconceito. Ou: ainda a polêmica da Vogue

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Lembram-se da polêmica envolvendo a propaganda da Vogue na qual Cléo Pires e Paulo Vilhena interpretaram paratletas? Pois é, algumas pessoas acharam a iniciativa benéfica, outras acreditam ter sido indelicada. Mas a despeito de a propaganda buscar combater a discriminação contra deficientes, também existe o lado que pensa que a campanha é discriminatória. Ou seja, é o politicamente correto brigando consigo mesmo.

Rodrigo Constantino já escreveu aqui  sobre essa loucura de ver preconceito em tudo. Eu também escrevi um texto alertando sobre o perigo de você ser acusado de preconceituoso – ou “capacitista” – por ajudar um deficiente físico, leia aqui. Após essa polêmica as pessoas de bom coração devem se cuidar, pois auxiliar alguém pode fazer com que seja colado em você o rótulo de “capacitista”. É o “politicamente correto” prestando um desserviço aos deficientes.

E isso aconteceu de novo com relação à propaganda da Vogue. O intrigante é que uma campanha feita para lutar contra a discriminação é acusada de discriminatória. Agora o CONAR (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) irá julgar a campanha feita pela Vogue e, segundo a Folha, o órgão abriu o processo de avaliação após “queixas de pelo menos dez consumidores que acharam o anúncio ‘desrespeitoso’ e ‘discriminatório.’”

Diante da problemática acusação Cléo Pires respondeu que “preconceituosos são eles”. Ela, que aceitou fazer uma propaganda contra o preconceito, está sendo acusada de ter preconceito. Isso é mais uma prova da demência da “patrulha politicamente correta”, que não para de atirar acusações com sua metralhadora ideológica. É o guarda vigiando o guarda. Mas é assim com todo radicalismo. Comunistas matavam comunistas e jihadistas matam jihadistas. Nada de extraordinário.

Quando há omissão, é preconceito. Quando existe uma campanha que chama a atenção para a questão da deficiência, é preconceito. Loucura. Será que os atores serão acusados de “capacitistas” ou a partir deste caso será criado um novo gênero de fobia? Deem cinco minutos para a “galera do mundo melhor” que ela criará uma nova.

Se a campanha do CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro) é acusada de discriminatória mesmo sendo feita pelos atores que são embaixadores do movimento paraolímpico e que tenta chamar a “atenção para as pessoas com deficiência”, pois “ainda são, em grande maioria, invisíveis”, não há saída. O “politicamente correto” realmente chegou ao fim da linha.

Entendo que a campanha possa ser mal vista. Mas a demência é tamanha que mesmo quem combate o preconceito está sendo acusado de preconceituoso. Seria bom que os “politicamente corretos” começassem a vigiar o preconceito que existe neles próprios.

Por fim, duas perguntas: 1) de qual preconceito serão acusados os atores que combatem o preconceito contra deficientes físicos? 2) qual o nome do preconceito de quem tem preconceito de quem em tudo vê preconceito? – desse último eu sou vítima, confesso.

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Thiago Kistenmacher

Thiago Kistenmacher

Thiago Kistenmacher é estudante de História na Universidade Regional de Blumenau (FURB). Tem interesse por História das Ideias, Filosofia, Literatura e tradição dos livros clássicos.

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