Casa Branca estima ganho de $4 mil por família com corte de impostos “elitista”
O plano agressivo de Trump para cortar impostos foi recebido por quase toda a imprensa como uma medida “elitista”, que beneficiaria somente os mais ricos, ou ele mesmo, como chegaram a insinuar. Já comentei em vídeo o assunto, lembrando que corte de impostos é sempre bom, e que só uma mentalidade marxista, que trata economia como jogo de soma zero, pode achar que tirar dos ricos para dar aos pobres é algo moralmente correto e eficiente. Taxar os mais ricos é de certa forma prejudicar os mais pobres, algo que os socialistas preferem ignorar para alimentar sua inveja.
Pois bem: apesar da choradeira da mídia, a Casa Branca promete um resultado que seria surpreendente – e acredito que ignorado – pelos jornalistas. O governo Trump alega que a família americana receberá, na média, $4 mil por conta desses cortes de impostos. O “white paper” divulgado pelo Conselho de Consultores Econômicos de Trump argumenta que a redução de 35% para 20% iria produzir um ganho significativo na renda da classe média.
O relatório conclui:
Na análise anterior, apontamos uma série de estudos empíricos que demonstram que as reduções nas taxas de imposto corporativo têm efeitos substanciais sobre os salários. Ao induzir um maior investimento de capital, as reduções das taxas de imposto corporativo aumentam a demanda por trabalhadores e sua produtividade. Usando estimativas da literatura sobre impostos e salários, calculamos a mudança nos salários dos trabalhadores resultante das reduções das taxas corporativas adotadas no Unified Framework. As estimativas conservadoras da literatura implicam um aumento na média da renda familiar de US$ 4.000 e estimativas mais moderadas mostram aumentos de US$ 9.000. Colocado de forma simples, o aprofundamento de capital, que traz retornos adicionais aos proprietários de capital, traz retornos substanciais para os trabalhadores também.
“Eu esperaria ver um salto imediato no crescimento do salário”, disse Kevin Hassett, chefe do Conselho. A renda média familiar foi de $83 mil ano passado, logo, o aumento estimado seria de no mínimo 5%. Ainda há críticos desse tipo de plano, sem dúvida, e alguns economistas sérios que argumentam que não é automático o repasse de ganhos para os trabalhadores.
Ainda assim, é preciso destacar ao menos duas coisas: 1) apenas a premissa marxista justifica um foco tão obsessivo nas “desigualdades”, quando sabemos que capital e trabalho não vivem numa disputa eterna por um bolo fixo e dado, e sim são parceiros na criação de mais riqueza; 2) a acusação de que o corte de impostos corporativos é apenas para beneficiar os mais ricos ignora esse fato.
Roberto Campos tinha algumas coisas interessantes para dizer sobre isso: “Tributar pesadamente, tirando do mais capaz e do mais motivado para dar ao menos capaz ou menos disposto, em geral redunda em punir aqueles, sem corrigir estes”; “Segundo Marx, para acabar com os males do mundo, bastava distribuir; foi fatal; os socialistas nunca mais entenderam a escassez”; “Os socialistas, e em especial os marxistas, sempre pensaram que existia um estado natural de abundância. Nada mais simples, portanto, que a economia de Robin Hood: tirar dos ricos para dar aos pobres”.
Ludwig von Mises, o grande economista liberal austríaco, também resumiu bem a questão: “Ao taxar mais fortemente as rendas maiores que as rendas menores, está-se impedindo a formação de capital e eliminando a tendência, que prevalece numa sociedade em que a formação de capital seja crescente, de aumentar a produtividade marginal da mão-de-obra e, portanto, de aumentar os salários”.
Não é “elitismo” tentar melhorar o ambiente de negócios e, com isso, permitir aumento dos lucros e, por tabela, do acúmulo de capital. É isso, ao contrário, que permite mais investimentos produtivos que geram, por sua vez, aumento nos salários.