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As pessoas ricas são desonestas?

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Você acha que as pessoas ricas são honestas? Se você responder “não”, você está longe de estar sozinho. Eu contratei o renomado instituto Ipsos MORI para realizar uma pesquisa sobre a imagem de pessoas ricas em diferentes países. Uma das questões era quais traços de personalidade as pessoas atribuiriam aos ricos. Os entrevistados podiam escolher entre sete traços de personalidade positivos e sete negativos: inteligente, egocêntrico, trabalhador, ganancioso, honesto, materialista, arrogante, imaginativo, otimista, rude, superficial, ousado/atrevido, de coração frio e visionário/perspicaz.

Em todos os países pesquisados, a característica menos frequentemente associada a pessoas ricas foi “honesto”. A pesquisa incluiu outra pergunta na qual indagamos se os entrevistados conheciam pessoalmente um ou mais milionários. Os entrevistados que responderam afirmativamente receberam a mesma lista de traços de personalidade, perguntando-se o que atribuiriam ao milionário que eles mais conheciam. A discrepância foi clara em todos os países: na Alemanha, por exemplo, apenas três por cento dos entrevistados disseram que as pessoas ricas em geral eram “honestas”. Se você perguntar às pessoas que conhecem um ou mais milionários pessoalmente se o milionário que elas mais conhecem é honesto, o número sobe para 42%. Um padrão semelhante surgiu em outros países, como mostra este gráfico:

As pessoas ricas são honestas?

Fonte: Zitelmann, Allensbach Institute/Ipsos MORI

Por que tantas pessoas acreditam que as pessoas ricas são desonestas? É por causa de “crenças de soma zero”. Esta é a visão de que os ricos só são ricos porque tiraram algo dos pobres. Bertolt Brecht expressou concisamente essa atitude em seu poema de 1934 Alfabet, no qual dois homens – um rico, um pobre – se enfrentam:

“O pobre homem disse, pálido:

Se eu não fosse pobre, você não seria rico.”

Eu suspeito que a maioria dos presos são adeptos de crenças de soma zero. Eles acreditavam que só poderiam ficar ricos roubando um banco, invadindo a casa de alguém ou enganando alguém. Mas muitos intelectuais também imaginam a vida econômica como um jogo de soma zero. Consequentemente, os países ricos devem dar parte de sua riqueza aos países pobres, e as pessoas ricas devem ajudar os pobres. Deste ponto de vista, é só porque os ricos são tão egoístas e mesquinhos que tantas pessoas ainda são pobres.

De fato, em sociedades anteriores, a riqueza era frequentemente baseada em roubo e um pequeno número de pessoas se enriqueceu às custas de outras. O sistema de mercado, por outro lado, funciona de forma completamente diferente. Baseia-se em ficar rico satisfazendo às necessidades do maior número possível de consumidores. Essa é a lógica do mercado. O número de bilionários aumentou cerca de seis vezes nos últimos 25 anos, enquanto o número de pessoas pobres em todo o mundo diminuiu mais rapidamente do que nunca na história humana. A razão para ambos os desenvolvimentos é a mesma: a disseminação do capitalismo e o crescimento econômico que ele cria.

Se você der uma olhada na lista das pessoas mais ricas do mundo, verá que nenhuma delas se tornou rica tirando algo dos outros, mas porque, como empreendedores, eles fizeram uma contribuição enorme e benéfica para a sociedade como um todo.

Claro, a história teve sua parcela de ricos mentirosos e fraudadores. Bernhard “Bernie” Madoff conseguiu roubar mais de US$ 60 bilhões de investidores e foi condenado a 150 anos de prisão por seus crimes. A lista de pessoas que ficaram ricas trapaceando e se aproveitando dos outros é longa. Mas você realmente acredita que há mais criminosos em comunidades fechadas do que em centros de convívio? Pessoas honestas e desonestas existem em todas as classes sociais e grupos de renda.

A maioria das pessoas ricas se tornou rica como resultado de grandes ideias empreendedoras. A empresa WhatsApp foi fundada em 2009 em Santa Clara, Califórnia, por Jan Koum e Brian Acton. Os dois fundadores, que mais tarde venderam o WhatsApp para o Facebook, têm uma fortuna combinada de cerca de US$ 18 bilhões. Sua criação permite que dois bilhões de pessoas em todo o mundo não apenas escrevam mensagens de texto gratuitas, mas também façam chamadas telefônicas gratuitas. Jan Koum e Brian Acton não se tornaram ricos porque tiraram algo dos outros, mas porque deram algo às pessoas. O mesmo vale para empreendedores como Bill Gates (Microsoft), Larry Ellison (Oracle), Jeff Larry Page e Sergey Brin (Google) e centenas de milhares de outros empreendedores que se tornaram ricos através de boas ideias – e não através da desonestidade ou porque tiraram algo dos pobres.

Uma última coisa: qualquer um que se apega a crenças de soma zero, ou está convencido de que só pode se tornar rico mentindo e trapaceando, se tornará um criminoso (se for desonesto) ou bloqueará seu próprio sucesso financeiro (se for honesto).

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Rainer Zitelmann

Rainer Zitelmann

É doutor em História e Sociologia. Ele é autor de 26 livros, lecionou na Universidade Livre de Berlim e foi chefe de seção de um grande jornal da Alemanha. No Brasil, publicou, em parceria com o IL, O Capitalismo não é o problema, é a solução e Em defesa do capitalismo - Desmascarando mitos.

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