Ainda sobre o IPCA de 2016… um ano sem perseguições aos que contrariaram o governo
Nos últimos anos ficou comum ver certos jornalistas, políticos e membros da equipe econômica do governo de plantão atacando economistas que faziam previsões que desagradavam o governo, a pancada era ainda mais forte nos jornalistas que divulgavam tais previsões. Quem desafiava o ridículo otimismo do governo ganhava títulos como terrorista econômico, inimigo dos pobres, inimigo do estado, serviçal da banca ou piadista. Em um dos pontos mais absurdos da perseguição chegaram a ensaiar a tese estapafúrdia que economistas forçavam a expectativa de inflação para cima como forma de forçar o aumento dos juros, em um dos pontos mais patéticos criaram a figura do pessimildo.
O curioso é que no governo Dilma, auge da perseguição a quem contrariava o governo, o mercado via de regra era otimista com a inflação, no sentido que a regra era o mercado prever uma inflação menor que a inflação que acontecia. Para ilustrar esse fato a figura abaixo mostra a expectativa de inflação mês a mês conforme o último relatório de cada mês e a inflação que de fato aconteceu no ano (reta verde).
Repare que durante praticamente todo o ano de 2011, todo o ano de 2012, todo o ano de 2013, a maior parte do ano de 2014 e praticamente todo o ano de 2015 a previsão de inflação do mercado estava abaixo da inflação que realmente ocorreu, ou seja, o mercado foi otimista. O único ano em que o mercado errou para cima durante todo o ano foi em 2016.
Não acuso o mercado, longe disso, afinal eu também estou entre os que acreditavam que a inflação seria maior do que a que ocorreu de fato. É fácil de entender que dada a mudança de política os modelos tenham errado para mais, o que significa que a dificilmente a inflação abaixo da esperada pode ser explicada apenas pela recessão ou pelo câmbio, variáveis que devem estar nos modelos de previsão da turma do mercado.